O cinema foi um dos principais meios influenciadores da
estética na modernidade. O olhar, a percepção e a recepção do homem moderno
sofreram modificações. A importância do cinema é tão grande que mudou as
experiências estéticas e a percepção sensorial das coletividades humanas nos
grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro no Brasil. A partir dos anos 1930 Hollywood nos Estados
Unidos da América, passou a ser líder do setor e influenciar hábitos e costumes
dos públicos de seus filmes.
O mercado de distribuição cresceu rapidamente e as salas
de cinema se multiplicaram por toda parte se tornando suntuosas, edificadas
segundo o código modernista e ousado do Art
decó. Ir ao cinema pelo menos uma vez por semana, vestido com a melhor
roupa, tornou-se uma obrigação para manter a condição de moderno e ter
reconhecimento social. Se o cinema era Hollywood, Hollywood era os seus astros
e estrelas, que passaram a ter a vida esmiunçada e a filmografia divulgada por
revistas especializadas. Ama-los era inevitável.
Hollywood passou a criar clichês como o jeito de sentar,
de dirigir o carro, de acender o cigarro, de olhar a moça do lado, de namorar, de
tratar o garçom, de comer comida fast
food, as roupas que veste, tudo passou a vim da tela. Após a exibição do
filme Platinum blond, nos anos 1930,
as mulheres do Rio de Janeiro, passaram a pintar o cabelo e a se tornar loiras.
Nunca um sistema cultural teve tanto impacto e exerceu efeito tão profundo na
mudança de comportamento do que Hollywood no seu apogeu.
O cinema se tornou a vitrine por excelência da
glamourização dos novos materiais e objetos utilitários, é a forma que se
traduz pela ampla demanda atendida pela invasão crescente de plásticos, blue
jeans, acrílicos, napas, entre outros. Materiais todos esses que tinham a
imensa vantagem de ser produzidos em massa, ser baratos, resistentes,
multicoloridos, e democratizar o acesso a um acervo de bens multiutilitários. As
casas passaram a ser iguais e a decoração seguia o script determinado pelo
cinema, com a convenção de duas poltronas, o sofá, a TV e o abajur ao lado com
o vaso de antúrios para todas as salas, assim como a garagem e o quarto das
crianças.
Acredito
que quando as pessoas dizem que amam o cinema, há vários sentidos na frase, pois
ele é afinal de contas uma máquina de simbolização e difusão do amor, à sua
maneira. Essa forma simbólica transborda para a publicidade, as historias em
quadrinhos, os livros de bolso, as canções populares, as fofocas, as fórmulas
pelas quais a imprensa modela as informações sobre as pessoas e sobre as suas
vidas, chegando aos olhos, ouvidos, mentes e corações de todos por toda parte.