Estava vendo uma edição antiga de
uma revista de arte e encontrei uma matéria sobre o Sebastião Salgado fotógrafo
documentarista mineiro de notável
reconhecimento internacional, e pensei como a sua arte em preto e branco
retrata os sofrimentos do mundo. A produção da imagem fotográfica sempre
implica que o ato fotografado constitui um julgamento da realidade apresentada.
Sendo assim a produção de Sebastião Salgado certamente tem uma conotação
política.
Suas imagens produzem efeitos
sociais e a questão do sentir como um dos efeitos produzidos pela fotografia,
torna-se grande, porque não é o sentir individual, mas coletivo, e o visual
que nos afeta está relacionado ao fato de que o mundo social é a representação
que os grupos fazem deles mesmos.
Podemos notar em sua obra
fotográfica a presença de marcas visuais fortes e insistentes. Acredito que ele
escolheu com seu trabalho, perguntas difíceis de serem respondidas. Embora se
proponha desvendar os danos causados pela miséria do mundo, sua visão é ampla e
está longe de ser redutora, quando mostra de forma extraordinária pessoas que
lutam para manter suas vidas.
Suas fotos dão nobreza e respeito a
quem está sendo fotografado, e obedecem uma série de técnicas fotográficas
como: focalização em contraluz, contraste claro e escuro, profundidade de
campo, a granulação a variação de texturas contribuem para dá a aparência
estético-artística ao seu trabalho. Isso engrandece e volta o olhar para as
problemáticas políticas que se encontram as pessoas fotografadas.
Seu gênero é o de fotografia
documental, o que nos remete de imediato a finalidade de denúncia social, mas
alguns gestos, olhares e poses dos fotografados têm um que de estereotipados,
a apresentação de elementos simbólicos que caracterizem etnia, profissão e
condição social atestam isso.
Mas sua obra é muito grande, e seria
simplista reduzi-la a qualquer pequeno elemento, o que ele busca é mistura de
justiça social, sensibilização, solidariedade, reconhecimento social entre
outros elementos. Sua política passa pela compaixão, mas não para aí, ele vai em direção do reconhecimento social, reconhece, às pessoas representadas
e à sua dignidade, o direito ao respeito.
E esse reconhecimento não é somente
possível, mas, em certo sentido, torna-se obrigatório, pois Salgado não retrata
a condição de pobreza de maneira humilhante. Não humilhar as pessoas é, a
primeira condição para a edificação de uma sociedade decente, e somente uma sociedade decente em espírito pode constituir uma sociedade igualitária no verdadeiro sentido
político do termo.