Quando
eu era criança em fins dos anos 1980 e início dos anos 1990 a era da
informação já estava consolidada a televisão era meio de entretenimento de
várias crianças, apesar de ser mais afeta aos livros, ver esses filmes era o
que mais fazia com o meu irmão. Acredito ser daí o embrião da minha paixão pelo
cinema, alimentada pelo nível de informações do século XXI, que para Morin é o
século da imagem. Acho que o cinema na minha infância contribuiu de
sobremaneira para a formação do meu saber e da minha formação de caráter
informacional e visual, além de despertar o aprofundamento para a arte em si.
Todos
esses filmes foram revistos inúmeras vezes e lembro que como toda criança decorava
falas, cenas e as repetia com meu irmão ou para as pessoas de casa, fui muito
feliz nessas tardes, e hoje quando entro no cinema, essa felicidade é
reacendida, assim como o aprofundamento dos meus estudos da arte
cinematográfica.
1-
Os Fantasmas se Divertem (1988)- esse filme decorei quase todas as falas, músicas e Besouro
Suco exercia um fascínio mais que especial, pela irreverencia, cores e
astúcias. Hoje vejo que foi que Tom Burton foi extremamente criativo com os
cenários loucos, o uso de cores, e a sua marca registrada que são os planos
metafísicos. A história é simples, um casal morre e continua na mesma casa, a
filha dos novos moradores consegue vê-los e os ajuda a melhorar. A história é
simples, aparentemente bobinha, mas, tão gostosa e descompromissada com
personagens que ofuscam quaisquer problemas. A caracterização dos personagens é
fantástica, principalmente de Besouro Suco e o que não falta são homens de cara
verde, cabeças gigantes e outras minúsculas. Enfim, o que não falta são as
geniais bizarrices do Tom Burton.
2-
Independência ou Morte (1972)-
lembro que esse filme passava especialmente no dia 7 de setembro, eu adorava
esse dia, primeiro porque via o desfile, e depois o filme, que retratava um
importante episódio da história do país. Acho que gostava tanto porque história
era minha disciplina predileta na escola. Hoje sei que o filme foi feito em
tempos de Regime Militar, e reconheço as limitações técnicas da película, mas o
mais importante é buscar aquilo que o filme se propõem como discurso histórico.
Independência ou morte nos mostra um país nascido naturalmente, a partir da
vontade de um único homem, sem qualquer cisão interna, salvo, as maledicências
em torno do Imperador e do seu romance com a Marquesa de Santos.
3-
Elvira a rainha das trevas (1988)- é outro filme bizarro e a cara da Sessão da Tarde, uma
comédia que tinha um mulher diferente, como diva e protagonista, na época
lembro que eu já entendia que o bem e o mal dependem do lugar que você está. É
daqueles filmes que você assiste inúmeras vezes e ainda assim, é divertido. O
interessante é que o filme critica bem o preconceito daquilo que é diferente.
Elvira é sexy sem ser vulgar e faz isso com graça e beleza, provando ser ela, a
mais pura dentre os hipócritas que a condenam.
4-
Indiana Jones e a Última Cruzada (1989)- tudo nesse filme era interessante, da aventura
que me tornava atenta, ao descobrimento de outras culturas, pela história
do Santo Graal que possibilitaria a imortalidade, e a libertação do pai de
Indiana, meu primeiro contato com Sean Connery. Hoje considero ser esse o
melhor filme da série, e entendo também que a magia da película se deve a
riqueza da mitologia em torno do graal, as cruzadas e os cavaleiros templários.
Além da luta contra os nazistas. Revisto hoje, o filme ainda continua charmoso
como na época do seu lançamento, provando que aventuras bem escritas não
envelhecem.
5-
Conan o Bárbaro (1982)-
esse filme era tão maravilhoso para minha vida de criança que as imagens
passavam dias em minha cabeça cada vez que o via. Schwarznegger está
brilhante no filme em que considero como sendo o seu melhor. Conan é uma força
da natureza, o anti herói sem surpresas, é exatamente como se apresenta um
bárbaro guiado por um senso de honra, sem jeito para as coisas do mundo
civilizado, ligado a mulheres e comida. Grande filme subestimado pela crítica.
6-
Os Saltimbancos Trapalhões (1981)- esse filme é de uma graça ímpar seja
pela atuação do quarteto de humor ingênuo formado por Didi, Dede, Muçum e Zacarias,
seja pela trilha sonora que realmente é o que gosto no filme, decorei todas as
músicas e Lucinha Lins interpretando uma gata é a minha primeira lembrança de
um musical. Acho que esse é o melhor filme dos Trapalhões e uma das melhores
comédias feitas no país, aqui tudo é uma graça só. Com ele me encantei, ri e me
emocionei. Hoje depois de adulta esse filme ainda me emociona, pela bela
singela e a magistral trilha sonora de Chico Buarque.
7-
Esqueceram de mim (1990)-
lembro que nesse filme eu que sou de cidade pequena, ficava impressionada com a
grandiosidade da Cidade de Nova York. A mensagem central é a de um menino
aprendendo uma lição sobre a importância da família, que ele antes queria
desaparecesse. Mas, dando muita diversão para o expectador. É o melhor filme do
tipo, outros que tentaram imitá-lo não ficaram tão bons. Era roteiro certo no
Natal, boa pedida para as crianças de hoje.
8-
A família Adams (1991)-
além do tema macabro que eu gostava quando criança, amava esse filme pela
Mortícia Adams, interpretado magistralmente por Anjelica Houston. Na verdade a
família toda é uma graça como não gostar de Gomes um homem incapaz de negar
algo a esposa, como não se divertir com as brincadeiras sádicas de Vandinha com
o irmão Feioso. A parte mais interessante, na minha opinião, era ver que os
personagens eram taxados de bizarros e de má companhia simplesmente por serem
diferentes, sendo que a todo momento haviam evidências apontando o contrário
disso. Eles eram pessoas legais, hospitaleiras e que se preocupavam com o
bem-estar da família e dos outros.