Jung
o mais famosos discípulo de Freud determinou que os símbolos coletivos emergem
na medida em que as situações vividas por um só individuo nunca são
completamente únicas. Mandela, que em vida foi considerado terrorista e subversivo
por nações como os Estados Unidos e Inglaterra, emerge com sua morte como o
arquétipo universal da pessoa injustamente condenada que teve a grandeza de
sentimento de não guardar magoas ou rancores.
Depois
de passar 27 anos na prisão e ser eleito presidente da África do Sul em 1994,
lembro do acontecimento nas páginas da revista Manchete que vinha semanalmente para minha casa e de um primo
falando que o seu grande desafio era transformar uma sociedade estruturada na
suprema injustiça do Apartheid, perguntei o que era, e daí esse acontecimento
nunca mais saiu do meu inconsciente particular, imaginava como um povo poderia
desumanizar uma maioria negra condenando-os a ser não pessoas. Coube a Mandela
o desafio de recriar uma nação democrática e livre.
Ao
escolher perdoar, ele foi na contramão da nossa cultura individualista e marcou
a condenação moral de uma sociedade exclusivista. Esse perdão cala fundo no nosso
imaginário coletivo, o que geralmente não fazemos ele foi capaz de fazer. A
imprensa mundial e os futuros manuais escolares o elegerão como o arquétipo da
paz e isso chega a ser consolador e renova os nosso votos de um futuro melhor,
porque temos chegado a um núcleo central de uma conjunção de crises que pode
minar o nosso futuro como espécie humana.
São
tempos de desespero, barbárie e desesperança, as questões ambientais, só para
ficar com um exemplo, atingiram níveis insustentáveis biólogos nos advertem que
se as coisas continuarem como estão em 2030 viveremos um processo devastador. O
crescimento econômico não está aliado ao desenvolvimento cultural, social e
espiritual. Acreditar no contrário é uma ilusão.
Mandela
com sua figura em defesa da democracia e dos direitos humanos, alimenta a nossa
esperança de que o ser humano possa se reconciliar consigo mesmo, e que possa
conviver conjuntamente de forma harmônica na mesma casa que é o nosso planeta. Para
mim seu maior legado é o de esperança, que possamos viver numa realidade sem
discriminações, e com a minimizações das injustiças sociais.