Vi em um canal da TV Francesa que
estaria acontecendo uma exposição no Grand
Palais em Paris com as joias consideradas clássicas da Casa Cartier, daí
olhando fotos da exposição pensei o que é apresentado pode ser considerado
arte? Já que a maioria de suas joias foram produzidas sob encomendas para as
pessoas mais ricas e influentes do planeta. Pois é, já adianto que sim, as
considero como art já que a mais de 7 mil anos a joalheria acompanha o
progresso e as transformações culturais e religiosas da história do homem, que
sempre buscou produzir objetos para se enfeitar e seduzir, satisfazer desejos,
construir uma arte e significados dentro do seu tempo.
As peças da Casa Cartier foram
criadas com a função de ornar e satisfazer a vaidade. Assim como a arte, a joia
está sujeita a releitura, criação e interpretação, pois possui, elementos visuais
como forma, linha, cor e volume. Cartier se encontra no mercado a mais de 170
anos, e está relacionada ao luxo, que pode ser entendido como um elemento raro,
precioso, desejável e na maioria das vezes caro e supérfluo, tem uma dimensão
muito maior do que dinheiro, pois é anterior a existência a esse meio de troca.
Saciar-se em banquetes abundantes de carnes e cobrir-se com a pele do animal
mais selvagem, poderia ser considerado luxo em tempos primitivos.
No consumo de luxo estão
relacionados elementos como capital cultural, e capital simbólico, quem não tem
nenhuma noção em relação a arte, por exemplo, não sabe apreciar nem compreender
o valor de uma obra de arte comprada com um enorme capital econômico e
ostentada em casa para demonstrar a detenção de um prestigiado capital
simbólico. É como se o capital simbólico fosse composto de capital cultural e
econômico ao mesmo tempo.
A marca francesa Cartier é a mais
antiga joalheria em atividade no mundo fundada por Louis François Cartier
estabeleceu seu modesto negócio de joias em Paris em 1847. Com uma produção de
joias elaboradas e extremamente caras, a marca começou a chamar atenção de
membros das cortes reais. Em fins do século XIX a marca se rende a burguesia,
como pessoas da família Rothschild (banqueiros que aconselhavam reis e
governantes). Em 1902, com a coroação do Rei da Inglaterra Eduardo VII diversas
famílias encomendaram seus diademas a Cartier e o próprio disse: Cartier: Joalheiro dos reis, rei dos joalheiros.
No
período das Guerras Mundiais a marca sobreviveu a custas da loja americana,
conseguindo manter sua aura de distinção. Embora se aproximando mais de um
caráter industrial e produzindo peças mais baratas como relogios de pulso. Nos
anos 1960 a marca se associa a moda e cria produtos considerados mais úteis
como isqueiros e cintos. Os clientes na modernidade mudaram de aristocracia,
para quem brilha no cinema, e passa a ter a cara de Grace Kelly que usou um
colar da marca em seu casamento com o principe de Mônaco. A marca desde então não saiu da mídia e da
massificação como o diamante da atriz Liz Taylor. E hoje as celebridades do
cinema e da música.
Ao
contar pelo número de informações dadas ao luxo na mídia de modo geral, é uma
válvula de escape tão indispensável à atividade humana quanto o repouso, a
atividade esportiva, o amor e a oração. Quem não pode tê-lo, continua a
ambicioná-lo e encontra alternativas para satisfazer esse desejo: seja através
do mercado paralelo da falsificação, seja alugando por um dia jóias, vestidos e
bolsas de marcas conhecidas em sites especializados.
A grife Cartier, em sua trajetória sempre compreendeu os anseios sociais (ou habitus, se preferirmos) com relação ao luxo e age em duas vertentes, dando conta de suas principais manifestações (expressão de riqueza e satisfação de desejos). Na sociedade contemporânea, onde "parecer" é quase sinônimo de "ser", deve ser por isso o alto índice de público na exposição sobre a marca que chega também ao Brasil e de imitações de sua produção. As jóias são íconicas, mas o que se produz hoje apresenta sobretudo um caráter industrial e comercial, muito diferente das peças artesanais e artísticas elaboradas lá no século XIX.
A grife Cartier, em sua trajetória sempre compreendeu os anseios sociais (ou habitus, se preferirmos) com relação ao luxo e age em duas vertentes, dando conta de suas principais manifestações (expressão de riqueza e satisfação de desejos). Na sociedade contemporânea, onde "parecer" é quase sinônimo de "ser", deve ser por isso o alto índice de público na exposição sobre a marca que chega também ao Brasil e de imitações de sua produção. As jóias são íconicas, mas o que se produz hoje apresenta sobretudo um caráter industrial e comercial, muito diferente das peças artesanais e artísticas elaboradas lá no século XIX.