Esses
dias tenho visto vídeos da cantora Roberta Sá em especial sambas da década de
1940 gravados por ela num disco de 2004 chamado Sambas e Bossa gosto notadamente da música Falsa
Baiana de Ciro Monteiro. Sua interpretação é primorosa porque evidencia um ressurgimento
do samba entre os jovens. Sua sensibilidade Pop que é difícil de definir mas se
faz sentir em todos da sua geração chegam ao samba pela via da MPB e da Bossa
Nova refletindo no momento atual do samba.
O
que se percebe na gravação de Roberta Sá é que sua Falsa Baiana é atravessada
principalmente por elementos de três tradições: o samba, a MPB/Bossa Nova e,
não sei bem em que medida consciente ou inconscientemente, a Música Pop foi introduzida, mas isso
fica claro pela maneira com que ela arredonda os saltos da melodia, mudando a
entonação, e como ressalta os fins da frase colocando um vibrato leve, usando esse recurso, de uma forma totalmente
diferente dos cantores de samba tradicionais.
O
que mais gosto de suas apresentações é a tentativa de cantar como os cantores
da velha guarda variando a divisão
melódica e tentando sugerir leveza, despojamento e até uma certa irreverência.
Sua maneira de cantar usando a voz limpa, aproveitando o ar sem forçar demais e
no entanto, mantendo homogeneidade e regularidade na intensidade das notas em
cada frase, revela com relativa clareza que estão em jogo ali referenciais do
que é cantar de forma afastada dos intérpretes tradicionais como: Zeca
Pagodinho, Clara Nunes ou Beth Carvalho.
Tenho especial predileção pela
interpretação da Falsa Baiana de
Roberta Sá, pelo frescor e novidade que trouxe para a velha composição dos anos
1940. Com ela a composição se mostrou um samba mais corporificado, por outras
tradições além de trazer o lastro histórico que dá uma carga simbólica
específica a cada uma delas, entrando portanto na própria constituição da
canção. Música das boas para ser ouvida sem moderação.
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