terça-feira, 16 de outubro de 2012

CASAMENTO: UM CONTRATO SOCIAL



O homem para viver em sociedade necessita, seguir um código de conduta pré estabelecido pela coletividade que determina o seu comportamento perante si e perante os outros. Contudo, esse código não é fixo, ele é mutável e obedece períodos históricos, classes sociais, interesses das mais diversas naturezas.


            Pensando nesse panorama sociocultural, fico indagando sobre o casamento. Nas sociedades primitivas, como por exemplo, entre os nativos brasileiros de algumas tribos, o amor não é o elemento central na escolha do marido, as mulheres preferem um grande caçador, um guerreiro e até um curandeiro. O afeto não é demonstrado por mãos dadas ou beijos. A mulher pinta o corpo do marido de urucum e carvão, conversam e fazem tarefas juntos.


            Na sociedade que vivemos, antes de representar afeto o casamento sempre foi um contrato de interesses, sejam eles, familiares ou de casta, políticos, econômicos ou culturais. Acredito que essa obrigação de uma paixão avassaladora é antes de qualquer coisa, uma construção social resultado da modernidade, com claras influências do movimento Romântico, do cinema e das telenovelas.


            Uma coisa não pode ser prescindida no relacionamento conjugal é o respeito, o cuidado, o afeto e muitas vezes até o amor, mas um amor maduro daqueles sem grandes afetações, onde o cuidado com o outro seja o objetivo central do relacionamento. Mas faço aqui uma ressalva, um abraço de vez em quando é algo imprescindível, para uma longa vida juntos. 

domingo, 14 de outubro de 2012

ESTUDANDO FOTOGRAFIA





            Fico imaginando como gosto de várias coisas, e o tanto de tempo que necessitária para fazer tudo, mas, mesmo gostando dessa multiplicidade de coisas que compõe à vida vou fazendo o que posso de acordo com as oportunidades. Esses dias resolvi estudar fotografia, gosto de cinema e sempre quis entender mais das técnicas fotográficas que ampliassem o meu olhar de espectadora, de pessoa curiosa.


            Vejo a fotografia como, um momento único entre o fotógrafo e a cena que ele encontra a frente, e trata-se de pura arte, mesmo em tempos de fotografia digital em que as pessoas vivem com máquinas fotográficas portáteis e com um simples clique registram o que veem, o que desejam. Mas é uma arte mais meticulosa do que o meu entendimento poderia conceber. Registrar uma cena exige um processo de produção raciocínio e montagem. Exigindo técnica e controle do resultado final de uma única imagem. É preciso entender ou saber do que se trata de coisas como: abertura focal, diafragma, profundidade de campo e sobretudo de luz, que é a matéria prima da fotografia.


            A fotografia só é arte porque tem a cultura abstrata como alicerce, acho que é também artesanato, porque o cotidiano suplica, por novas ideias, visuais fieis da dinâmica do mundo em que vivemos. O caminho que separa a massa clicadora da fotografia pensada é raciocínio da cena e entendimento das técnicas, o que dará um resultado que vai além do clique sem pensar. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

SOBRE FAZER CIÊNCIA





            Quando eu estava cursando o mestrado o que mais me fascinava era a construção do meu objeto de investigação às ferramentas que me levavam aos caminhos de se fazer ciência. Na graduação tive um professor de filosofia que me desencorajava, ele dizia com veemência que o que eu fazia não era ciência, mas senso comum, ao invés de me amofinar, resolvi entender o que seria ciência e começar a construir meus próprios caminhos.


            Sendo das ciências sociais, padeço de uma problemática, como irei objetivizar, quantificar, mensurar o mundo social, sendo este, complexo, dinâmico, dialético tão grande que é impossível de ser sintetizado em dados estatísticos. Além do que o social não pode ser testado com a mesma visibilidade material de um experimento das ciências naturais, como à farmacologia, só por exemplo.


            Entendi que compreender a sociedade é caminhar para o universo dos significados, atitudes, costumes e comportamentos. Sempre dei um enfoque chamado de sistêmico, já que este revela que nada numa sociedade acontece por acaso, já que ela é um sistema coerente de relações sociais.


            O interessante é que aprendi que a construção de um objeto científico é antes de qualquer coisa a tentativa de rompimento com o senso comum, procurando instaurar a conversão do pensamento, à revolução do olhar e a ruptura com o pré-construído. Desse modo, seguimos na tentativa de objetivação do mundo social, considerando porém que em qualquer ação está intrínseca a nossa subjetividade.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

CHICO BUARQUE E SEU NOVO DISCO.





            Me considero limitada em relação à música, gosto de alguns cantores e estilos e a eles sou fiel. Dentre todos tenho especial predileção pelo Chico Buarque, trata-se de uma relação de muitos anos, lembro que estava em plena adolescência e suas músicas eram um mundo fascinante à ser descoberto. Sentia uma felicidade e bem está ao ouvir A Banda e tentava entender com atenção o sentido de Geni e o Zepelin, que só vim compreender realmente alguns anos depois.


            Tenho quase todos os seus discos conheço quase todas as músicas e com o tempo a predileção se aprimorou, o meu sentimento sobre as suas músicas passou a ficar mais apurado e seus discos mais refinados com a gravadora Biscoito Fino. Entendo, ou imagino entender, o que ele diz e não necessito de grandes manifestações, gostar dele em silêncio, fazer com que ele preencha o meu mundo com suas crônicas e poesias, já me basta. 

            Seu novo disco Na Carreira é ao vivo e segue uma linhagem sóbria, antes de ouvir já tinha certeza que seria uma boa compra. O disco é uma reprodução da turnê que o artista fez em fins de 2011 e início de 2012 para promover o disco Chico. Trata-se de uma obra com arquitetura sofisticada, onde ele mixa músicas desse último disco com outras que fazem parte de sua produção de mais de quarenta anos.


            Voz e instrumentos estão em perfeita harmonia, o que valoriza a audição do disco. O disco abre com O Velho Francisco (1987) e fecha com Na Carreira (1982). O bom é que esse disco é o sexto ao vivo na carreira do cantor e marca o seu momento mais maduro e sereno em palco. Para mim o bom de tudo isso é que comprei um disco que não vou deixar de ouvir e que sempre vai me remeter ao melhor das músicas de minha vida. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

SOBRE POLÍTICA, CARNAVAL E DEMOCRACIA.




Dizem que o homem é um animal político por excelência, na escala evolutiva da história foi preciso que ele se agrupasse com outros de sua espécie para que pudesse ser mais forte, já que era o mais fraco em constituição física dentre os animais da natureza. Esse sentimento de agrupamento é responsável por criar os grupos sociais e com eles a sociedade como um todo.


Como o homem não é autárquico necessita de uma garantia exterior a ele enquanto individuo é aí que entra a política, como instrumento capaz de normatizar a vida em sociedade, e que busca como fim último a felicidade comum. Acredito que esse conceito na prática é imensamente deturpado, entendemos contemporaneamente política somente na dimensão da administração pública executada por gestores a quem damos titularidade para administrar os interesses da coletividade.


Democracia seria esse regime de governo em que as pessoas, o povo, é o responsável por tomar decisões relacionada aos interesses de todos. No caso do Brasil, vivemos numa democracia indireta na qual os representantes são eleitos pelo povo, como tido para atender os interesses da coletividade.


Ontem fui ver uma manifestação de candidatos a eleição municipal da chapa governista. E fiquei indagando sobre esses conceitos. Me vi na Roma Antiga em que os interesses de uma casta privilegiada daqueles que são amigos do poder sempre prevalecem em detrimento dos interesses do povo. Vi várias pessoas com interesses claramente pessoais e cada um defendendo o seu terreno, a bandeira coletiva que se torna individual. O curioso é como o povo, a maior parcela dos participantes, entram como autômatos nessa marcha, dançam, cantam se entusiasmam e imaginam que a vida pode melhorar, mas o triste é que a vida melhora sim, mas para os amigos do poder.


Uma coisa bem particular do Brasil é a forma de manifestação pública, afora qualquer conceito sociológico, o povo se entorpece de álcool e entusiasmo carnavalesco, cada um com sua fantasia, seu bloco, seu cordão, seu abre alas. No fim tudo vira um grande carnaval, os candidatos e políticos de maior renome, são os artistas, da festa, o povo a grande massa necessária para o acontecimento e a pequena parcela privilegiada, os verdadeiros donos do poder.