Nunca fui muito adepta a listas, primeiro
porque não as considero fechadas, nem como realmente sendo as melhores, depois
porque sempre considerei, que o que a lista trazia era apenas a opinião pessoal de quem escreve. Sou daquelas que dá
tudo por um filme antigo, para mim filme antigo, mas do que recriar um momento
histórico é uma viagem ao passado onde me conecto com a época, seus hábitos e
costumes, os filmes que eu apresento aqui não tem menos de quarenta anos, e muito já foi dito sobre eles. A
ordem que construo nesse post é do impacto que esses filmes provocaram em
minhas observações visuais e estilísticas. Reitero que essa lista não está fechada nem tem a
pretensão de ser a expressão da verdade, é somente minhas impressões pessoais.
1-Breakfast and Tiffany (1961)- a cena que considero memorável é a de entrada quando Audrey
Hepburn desce do taxi numa Nova York que ainda acorda, ao som da memorável moon river. Audrey (Holly) apresenta uma
composição entre inocência e futilidade, quando toma seus cafés da manhã em
frente à joalheria Tiffany para
esquecer dos problemas e de buscar um mundo que não é seu mas que gostaria que
fosse.
2- Cinderela em Paris (1957)-
esse filme tem uma aura tão mágica que passei dias com as cenas na
cabeça, Paris, a Cidade luz, brilha ainda mais nesse show, protagonizado por Audrey Hepburn e
Fred Astaire, eles brilham e encantam, cantando e dançando em locações externas em
plena Paris. Trata da transformação da personagem de Hepburn de uma balconista de
loja em uma top model, fotografada e
apaixonada por Astaire, que aceita o trabalho pelo prazer de conhecer Paris. Fanny face, é daqueles filmes que o tempo passa, mas o
encanto permanece.
3- Dow
Argentine Way (1940)- primeiro o que me seduziu no filme foi a película
em Tecnicolor, e o clima da política de “boa vizinhança, dos americanos com a
América do Sul em plena Segunda Guerra Mundial, o roteiro é bem típico da
época, uma americana que passa férias na Argentina e se apaixona por um rico
proprietário de cavalos de corridas. Mas quem realmente rouba a cena é a Carmen
Miranda, que sem falas nem maiores atuações, deixa a Fox impressionada com sua
nova aquisição, sua estreia no cinema americano, não poderia ser mais
autentica, quando se apresenta no Clube Noturno como ela mesma, cantando e
dançando a memorável canção Mamãe eu
quero de Jararaca.
4- Casa
Blanca (1942)- os americanos conheciam muito pouco o Marrocos, quando filmaram
Casa Blanca, o que marca é o clima de Guerra que o mundo vivia, e fora o
triângulo amoroso, a cena mais memorável que considero é a Marselha, cantada no clube noturno, como
símbolo da resistência a invasão alemã. Merece destaque a performance
carismática de Bogart e Bergman, o dilema de Bogart é ficar entre o amor e
fazer a coisa certa, deixar Ilsa escapar com o marido. O filme retrata como
ninguém, o clima de medo, suspensão de direitos e insegurança que se vivia durante
a Segunda Guerra Mundial.
5-
Crepúsculo dos Deuses (1950)- o filme já começa incomum, com um escritor
narrando os acontecimentos que o levaram a morte. Fugindo de cobradores Joe se vê em uma antiga
mansão de Hollywood, onde ele começa uma relação com a sua proprietária a
antiga atriz de cinema mudo Norma Desmond (Glória Swanson). O interessante é
como Hollywood se debruça sobre si própria, avaliando seus próprios fantasmas. Norma rouba a cena o filme inteiro
com sua grandeza de atuação e expressões faciais típicas do Cinema Mudo. A atriz esquecida,
pelo cinema com som se torna imortal na cena em que diz a icônica frase: eu sou grande, os filmes é que ficaram pequenos.
6- Luzes da
Cidade (1931)- a beleza desse filme é tão grande que é quase impossível
vê-lo e não se deixar encantar, pela maestria de Chaplin, a mensagem do filme e
a época em que ele se passa. O filme mostra que se vê mais com o coração do que
com os olhos. A florista cega, ajudada pelo vagabundo, ao reconquistar a visão
consegue reconhece-lo pelo toque da mão. A mensagem que se passa é que o amor
começa na essência, indo além da aparência.
7- La dolce
Vita (1960)- o que dizer de Felini, com a memorável cena de Anita Ekberg
tomando banho na Fonte de Trevi em plena Roma e Marcelo Mastroianni, tentando achar
leite para um gatinho que ele tinha encontrado na rua. A cena mais interessante
é o fascínio de Mastroianni diante do banho de Ekberg. No desenrolar do filme
percebe-se claramente a representação da decadência moral, a falsa moral e a
preocupação com o rumo que a sociedade irá tomar dentro de um vazio
existencial, político e ideológico que chega aos dias de hoje.
8- Cantando
na Chuva (1952)- É daqueles filmes tão agradáveis que basta vê-lo para
se esquecer os problemas e imaginar a vida colorida e musical. Gene Kelly
cantando e dançando na chuva é a cena clássica e por excelência tem a cara do
filme. Trata-se de uma sátira ao período de transição entre o cinema mudo e o
falado, o que me fascina é uma alegria, infantil e até mesmo boba, mas deveras
autêntica. E a famosa cena de Kelly, dançando e cantando na chuva ficará para
sempre na cabeça de qualquer cinéfilo faça sol ou chuva.
9- Laranja
Mecânica (1971)- trata-se daqueles filmes que provocam profundas
reflexões. Numa Londres do futuro, jovens violentos matam, estupram e
roubam. Alex, o protagonista, vira cobaia de experimentos capazes de frear os
impulsos violentos do ser humano, na volta do tratamento este não consegue
conviver com a violência nem para se defender. A cena emblemática é a da
manipulação do globo ocular no tratamento de Alex. Kubrick desnuda as falidas
instituições da família, da política, da ciência, e do próprio homem, mostrando
prazeres passageiros que levam a desconstrução do próprio eu.
10- E o Vento Levou (1939)-
lembro que quando vi o filme pela primeira vez era criança e fiquei cansada,
mas impressionada pela magistral reconstrução de uma época. Vivien
Leigh e Clark Gable protagonizam uma grande história de amor e luta. Leight é o
que o filme tem de melhor com sua atuação que se mantém atual e apaixonante, considero que o filme foi ousado para época em apostar numa mocinha corajosa e
obstinada. Vejo o filme muito mais que um épico, mas um filme sobre
determinação e sobrevivência, encarnado na figura da terra. A minha cena memorável é a de Scarlet sendo cuidada pela escrava. Trata-se de um
filme suntuoso, fascinante, inesquecível.