O Nome da Rosa de Umberto Eco foi o
romance em que ele ficou conhecido do grande público, é uma obra de grandes
dimensões com a pluralização de discursos das áreas de história, sociologia,
teologia, ciência política, filosofia, semiótica e crítica literária. É um
livro longo com mais de 600 páginas e tem um caráter meio detetivesco,
contextualizado em um mosteiro beneditino da Itália, em 1327, durante a leitura
fiz um mergulho temporal entre os anos 1316 a 1327, quando o Papa era João
XXII.
A história é montada de forma
magistral, sete mortes misteriosas ocorrem ocorrerem e todas elas ligadas a
existência ou não de um livro de Aristóteles sobre a Comédia. Eco critica
impiedosamente questões que os teólogos medievais trocavam entre si, se Jesus
Cristo sorriu em alguma vez da sua vida. Para os teólogos tal comportamento era
inconcebível com a gravidade da missão do filho de Deus. Para investigar as
mortes um investigador religioso com grande poder de indução é chamado Frei
Guilherme que relaciona as mortes ao dito livro que estaria oculto em uma das
partes de uma complexa biblioteca.
A obra suscita uma reflexão já
proposta pela Idade Média, sobre a consciência semiótica de que todos os signos
mudam ao longo do tempo. Assim, a codificação e a decodificação dos signos
aparecem por meio de debates entre os personagens. E nos permite refletir sobre
o conceito de língua enquanto contrato social, além de permitir longas
digressões com as ampliações dos conceitos de imaginário e fantástico de
realismo e história.
Há obra explora arquétipos que
subvertem nossos aspectos habituais como: a biblioteca como labirinto que
encaminha o homem para dentro de si mesmo, para o seu inconsciente. Outro
arquétipo explorado na obra é o da rosa, que na iconografia cristã representa a
taça a qual recolhe o sangue de Cristo. A obra é atraente não só pelos
arquétipos, mas pela aventura detetivesca como a morte, o risco e elementos do
bestiário medieval.
É uma obra densa, porém imensamente
agradável, capaz de suscitar discussões consistentes pela mistura
auto-reflexiva e ideológica, permitindo justamente aquilo que costumamos
separar no pensamento humanista. Ao ler O
Nome da Rosa, aprendi que a linguagem pode ter muitos usos e abusos. As
coisas importantes estão além da palavra, mais ainda são intensamente reais, e
até mais reais por não serem articuladas e nomeadas. O mais significativo para
mim que sou fascinada por história, é que o historiador pode escrever em conjunto
com outro e entre si.
O romance me permitiu rever meus
conceitos prévios e por consequência ampliar minha visão de mundo. Leitura que
além de entreter enriqueceu as bases da formação dos meus conceitos de mundo.
Livro essencial em minha estante e em minha vida.
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