sexta-feira, 6 de junho de 2014

BERNARD SHAW UM FEMINISTA CÍNICO


            Conheci a obra de Georg Bernard Shaw (1856-1950) através do filme My Fair Lady estrelado por Audrey Hepburn. Shaw dramaturgo irlandês, enfureceu milhares de mulheres em várias gerações. Em definições como: cabe a mulher casar cada vez mais cedo possível e ao homem ficar solteiro o maior tempo que puder. Frases como essas levaram muitos a classifica-lo como machista e misógino. O que não sabiam é que, ao contrário, Shaw era um defensor dos direitos das mulheres, e que suas declarações não passavam de ironia com o acomodamento feminino em relação aos homens.


            Escrita em 1913 Pigmaleão, obra em que se baseia My Fair Lady, enfureceu milhares de várias gerações. Ainda assim a história da jovem florista Eliza Doolittle, humilhada e submetida a todo tipo de tormento pelo grosseiro e intolerante Henry Higgins, é um dos maiores sucessos de Shaw. A peça foi encenada diversas vezes, com a versão cinematográfica estrelado por Hepburn ganhou nada menos oito Oscars.


            Bernard Shaw conhecia muito bem o mundo de Eliza, já que ele vinha de uma família humilde de Dublin, na Irlanda. Com 20 anos, mudou-se para Londres onde deu início a uma carreira brilhante como crítico cultural. Sua marca principal era a polêmica. Sempre com argumentação segura seus ensaios iam de críticas a Shakespeare até defesas ferozes do vegetarianismo. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1925, mas recusou o dinheiro.

terça-feira, 3 de junho de 2014

METRÓPOLIS O MELHOR DO CINEMA MUDO


Metrópolis (1927) está na lista dos filmes imperdíveis para o mundo do cinema. O filme do alemão Fritz Lang nos envolve num sinistro feitiço do início ao fim, tem um enredo que desafia o senso comum, e a descontinuidade é uma das suas premissas. Considerado como o grande o primeiro grande filme de ficção científica, fixou para o resto do século a imagem da cidade futurística, com o inferno do progresso da ciência e da falta de esperanças para a humanidade.



O laboratório de seu gênio, o diabólico Rotwang, criou o visual de enlouquecidos cientistas para as décadas que se seguiram. E a invenção da falsa Maria, o robô que lembra os seres humanos inspirou uma outra sequência de filmes. A mensagem oculta mostrada no filme é poderosa: ciência e indústria serão as armas dos demagogos. O filme de Lang é o ponto culminante do expressionismo alemão, a combinação de estilizados cenários, dramáticos ângulos de câmeras, sombras audaciosas e performances propositadamente teatrais.



A história, é sobre uma enorme cidade, cujas duas metades- os badalados cidadãos da superfície e os escravos de suas profundezas- não se conhecem mutuamente. A cidade é administrada por Jonh Frederson, um despótico homem de negócio. Seu filho Fred está em um jardim dos prazeres quando Maria, uma mulher do mundo subterrâneo, traz para a superfície um grupo de filhos de operários. Fred, atraído pela beleza de Maria e atônito com a situação dos operários vai para a superfície conhecer os segredos do mundo inferior.



Lang apresenta sua história com cenas de assombrosa originalidade. Considerando a primeira visão da fábrica subterrânea, com os operários se esforçando para movimentar pesados objetos manuais, mostrando-os controlados como os ponteiros de um relógio. Para apreciar o filme o espectador não pode pensar em simplesmente assistir, mesmo quando o roteiro parece a deriva, em nenhum momento o filme perde sua autoconfiança.




O resultado para a época é assombroso. Sem qualquer dos truques digitais de hoje em dia, Metrópolis enche a nossa imaginação. O filme é tão importante para a nossa construção visual que cria um tempo, um lugar e personagens que se tornam parte do nosso arsenal de imagens para imaginar o mundo. As ideias de Metrópolis foram absorvidas por tantas vezes em nossa cultura popular, que as suas horríveis cidades futurísticas são quase um fato consumado. Filme seminal para a nossa cultura e a história do cinema.

domingo, 1 de junho de 2014

AS PINTURAS DE RENOIR


Pierre August Renoir (1841-1919), nasceu na cidade francesa de Limoges. Foi um dos poucos mestres reconhecidos ainda em vida pela crítica e pelo público. Mesmo considerado um dos representantes do impressionismo, Renoir não pertenceu apenas a esse movimento. Seu trabalho mostra um forma própria de ver e traduzir nas telas a vida européia que fervia ao seu redor. Entendia que a função do artista era reproduzir na tela momentos de fugaz beleza da vida.


A luz solar sempre apareceu como um elemento determinante. Diferente dos impressionistas tradicionais foi incorporando outros temas além da paisagem como nus artísticos, momentos do cotidiano e retratos. Isso o diferenciava de outros impressionistas que praticamente ignoravam a figura humana. Observar por alguns instantes um quadro de Renoir é o suficiente para inundar-se da forma graciosa, leve e descontraída com que ele pintava a vida.


As mulheres eram para ele fonte de inspiração, copiar o corpo e a feição não lhe bastava. O que lhe interessava era como a luz refletia nos corpos femininos. O principal objetivo de sua pintura era retratar suas impressões sobre o mundo, principalmente o universo feminino. O que mais gosto em seu trabalho é o cuidado que sempre teve na observação da realidade renegando as poses estudadas. Essa busca pela naturalidade é detectada em obras que mostram alguns dos momentos femininos mais particulares, como o banho.



Apesar das figuras femininas estar presente em todas as fases profissionais de Renoir, o enaltecimento aos atrativos físicos constituiu o principal objeto de sua produção artística. Pode-se dizer que suas obras tem a primeira vista, um certo ar descompromissado, mas Renoir mantinha a preocupação com o traço completo em relação a forma feminina.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

CÂMARA CASCUDO INTÉRPRETE DO BRASIL


O potiguar Luís da Câmara cascudo (1898-1986), foi um intelectual na acepção mais profunda do que a palavra possa significar. Sua produção se deu em múltiplos gêneros da escrita (crônica, ensaio, monografia e livros de viagem) e em diferentes campos do conhecimento (história, estudos literários e etnografia, para ficar restrito aos mais marcantes). Seus estudos operam permanentemente uma mistura de conquistas que são o melhor de sua produção.


Cascudo publicou seu primeiro livro aos 23 anos, mas já escrevia em jornais desde os 16 anos. Seu trabalho de etnógrafo se misturava com o de memorialista (escritor) e com a tarefa de crítico literário. Para ele sem memória não há saber nem racional nem sensível. O estudioso da sociedade é escritor e memorialista. Considerava a poesia com rima e ritmos importantes porque ajuda na preservação da memória, apoiada na transmissão oral. Escrever sobre poesia e cultura popular tema recorrente em sua obra, é valorizar arquivos desse mundo.


O melhor de seu trabalho é que ele rouba de si por meio de literatura que ele mesmo produz esboços de memória metamorfoseadas em fragmentos de interpretações, com compreensões da história voltadas para o cotidiano numa época que não era usuais esse tipo de análise. Ele foi um pioneiro brasileiro na valorização da literatura oral e da cultura popular. Professor da UFRN, foi responsável por diferentes frentes culturais no Rio Grande do Norte (docência no Atheneu, publicações de incentivo a produção literária e musical).



Câmara Cascudo se definiu como incurável provinciano. Até era. Mais sua vida e sua obra demonstram que província e mundo não se constituem em instâncias isoladas. Ele conseguiu dialogar com os poetas orais nordestinos, mas também se manifestou na fina análise em diálogos com Dante, Cervantes, Descartes, Montaigne e tantos mais.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

RELIGIÃO E CIÊNCIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

            O século XIX acreditou em filósofos e psicanalistas e o século XX que era possível instituir o paraíso terreal o que Freud e Marx tentam em vários planos é dá maioridade para os seres humanos e um paraíso.  A crença que a ciência vai resolver os nossos problemas é do século XIX. O século XX experimentou Auschwitiz, Hiroshima, Nagasaki e experimenta agora o aquecimento global. Ou seja, o século XX desacreditou da ciência e passou a supor que pela primeira vez na história que estamos como humanidade, como disse Paul Valery ao final da Primeira Guerra Mundial, agora sabemos que somos mortais.



            Agora sabemos que podemos nos suicidar como civilização e a pior dor para nós é imaginar quem sentiria a nossa falta, quem lamentaria a morte da humanidade a não ser a própria humanidade seduzida por suas obras primas. Essa crença que o século XIX colocou na ciência não compartilhamos mais. Os filósofos da morte da religião, da ciência absolutamente ateia que une Marx a Freud estão hoje abaladas com o retorno do sagrado.



            O retorno do sagrado é um movimento pendular constante, nós tivemos reavivamentos constantes na história das religiões. A religião apresenta múltiplos efeitos terapêuticos, porque a ciência não é mais uma sedução absoluta, a ciência não oferece mais respostas para tudo. A ciência não resolveu os problemas que se propôs a resolver e ainda criou uma outra fantasia que é possível um mundo natural, onde não existe mais possibilidade para isso em planeta com 7 bilhões de pessoas.



            Esse movimento pendular vai ao encontro das religiões, de tudo que seja religioso. A religião continua com o forte apelo de dá sentido a tudo. Ao se estar doente, de uma doença difícil como câncer, é preciso crer que foi determinação divina porque é a única maneira de enfrentar a dor mais absurda que a humanidade nos propõem que é a finitude da vida. A religião dá essa resposta, a ciência oferece prozac.



            Existe um momento que a razão não alcança quando se está doente de uma doença grave, procuramos a resposta na religião. Então eu diria que para o mundo contemporâneo a religião oferece mais respostas do que a ciência, mais unidade e mais consolo. É sempre muito bom acreditar que tudo tem um sentido nesse mundo. A ideia de que existe o inferno encontra mais eco nas pessoas do que o aquecimento global. Vivemos mais do que nunca o fortalecimento do sagrado. 

domingo, 18 de maio de 2014

REMBRANDT O ARTISTA DAS LUZES


            Rembrandt foi um pintor holandês nascido em 1606. Com o uso de técnica em gravuras apresentou uma notável maestria e magistral capacidade expressiva. Se dedicou a representação de histórias, aos autorretratos e outros retratos de gênero. Sua obra se concentrava em pinturas históricas tomando como ponto de partida modelos reais vestidos com trajes exóticos. Esses modelos são caracterizados por uma acentuada expressividade fisionômica.


            Seus quadros reverberam uma luminosidade transparente e sobrenatural, que atesta as indagações empíricas que Rembrandt fazia sobre a luz. Após trabalhar com gravuras e figuras históricas, realiza em Amsterdam por volta de 1630 as primeiras encomendas como o retrato de Amalia Von Solmes e a Lição de Anatomia do Doutor Nicolaes Tulp. Esse tipo de encomenda se tornou comum, ele eliminava os excessos e se concentrava na essência da cena. Foram numerosos retratos dessa época, mostrando ricos burgueses, religiosos e funcionários públicos municipais. Esses retratos transmitiam sempre a impressão de uma presença viva e comunicativa.


            Seu trabalho chega a romper com cânones tradicionais quando ele busca dissolver as fronteiras entre a gravura e a pintura. Na história da gravura pouquíssimas imagens de paisagens são comparáveis, em beleza, à grande impressão conhecida como Três Árvores, em que a gradação de distância entre a cidade e o campo alcançam notável refinamento. Na gravura 100 florins a luz preserva o forte poder simbólico de seus quadros bíblicos.


            O que mais gosto em seu trabalho é que a realidade se impõem sobre a beleza ideal, os defeitos e as imperfeições dos corpos aparecem. Seu trabalho fascina pela forma como o objeto é representado, especialmente num ambiente fechado, ele se exercita com prazer em todas as manifestações possíveis de luz natural e artificial, além de seus reflexos.


            O tema de sua arte é tudo aquilo que é propriedade do indivíduo, da família, da comunidade, da nação. Mais também o próprio indivíduo. Sua obra deporta o melhor do olhar contemplativo, ele retratava seja nos retratos encomendados ou nos autorretratos o que sentia o que pode explicar o aspecto hipnotizante de sua obra.