domingo, 29 de setembro de 2013

A SIMPLICIDADE É POSSÍVEL?




           
Vivemos em um momento histórico específico em que o supérfluo e o exagero fazem parte do cotidiano da vida das pessoas, e não falo aqui somente dos altos padrões de consumo, mas de atos da vida diária como um todo, o que pode ser atestado pelo número de publicação de eventos banais postados em redes sociais, na internet que vão desde o prato que comem, passando pelo que vestem ou de onde estão, o que importa ao que parece é a exposição barroca e gratuita.



           Diante disso me questiono sobre uma pergunta simples: O que é a simplicidade? Me reporto aqui a uma simplicidade vista enquanto virtude, quiçá a maior de todas as virtudes, aquela que simplifica a vida como o oposto do falso, presente no exagero. Não considero aquela simplicidade dos modismos que surgem de tempos em tempos, como o minimalismo na decoração, na moda, ou na alimentação, para mim são sinais de modernidade, mas não de simplicidade, pois esta está na base das maiores qualidades humanas. A simplicidade para ser autêntica não precisa impressionar.


            Essa virtude a que me reporto vai além do moralismo estéril, da mera aderência a convenções de determinadas épocas. Quem segue de forma irrefletida princípios dogmáticos de certo e errado não irá se tornar virtuoso. Virtudes são ideias de busca inerentes a capacidade de sermos humanos, ninguém pode se arvorar de ser dono nem dos moralismos nem das virtudes, são caminhos a serem percorridos pela grande jornada que é a vida.


            Fico pensando na difícil arte de busca pelo simples, em meio ao emaranhado convívio humano, os sábios a fazem a muito tempo, antes de Jesus Cristo os orientais já se empenhavam nessa busca pelo ascetismo. Tenho como paradigma de simplicidade, Diógenes, filósofo grego que viveu no século  4 a.C, para quem a sociedade humana tinha criado complicações desnecessárias que afastavam o homem da sabedoria. Para ele ser simples era colocar a razão e a natureza acima das convenções sociais.



            Acredito que a simplicidade é um antídoto que a nossa época precisa urgentemente. E penso nos textos acadêmicos, pelo menos os da área das Ciências Sociais que possuem 10% do seu conteúdo totalmente incompreensíveis, porque caso contrário, pode causar a impressão de pouca profundidade do pensador. Mas o culto do obscuro, não é somente uma prática da modernidade, é inerente a própria conduta humana e é o oposto da simplicidade não precisa saber mais do que realmente sabe, é persistente não desiste de si mesma ao se deparar com as dificuldades da vida e do universo.
            

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

APARÊNCIA CORPORAL: UMA NECESSIDADE DA CONTEMPORANEIDADE





Vivemos em um momento histórico em que a valorização da aparência e do corpo se apresenta em seu período mais crucial, onde o investimento na imagem baseada na aparência é tema central de debate. A precariedade da carne com o envelhecimento progressivo e o descarte de produtos que alimentam a cadeia da aparência, permeiam o imaginário social relativo ao descrédito com o corpo real e com uma aparência menos elaborada.


            A busca na atualidade é por um corpo perfeito onde a aparência trabalhada na aquisição do consumo, é o local de expressão da felicidade e da representação da identidade social, caminhando tudo para a lógica da mercadoria do sistema capitalista. Vivemos em uma época em que o corpo além de ser cultuado é coisificado, a TV, o cinema, a medicina, a publicidade, a moda, os esportes asseguram seu sucesso, sua valorização, e colocam a aparência corporal como núcleo do glamour, da prosperidade, da saúde e da felicidade humana.


            Esse entendimento é contraditório com a realidade cotidiana que se apresenta de forma instável, caótica e incerta. A contemporaneidade apresenta um cenário de desemprego, violência, miséria, doenças, crises econômicas e ecológicas. A realidade do mundo da fama e o espetáculo das imagens contribuem para que o próprio corpo seja considerado a única coisa que resta ao ser.


            A reflexão em torno da temática da aparência se mostra mais relevante se for levado em consideração os indícios que a sociedade contemporânea capitalista apresenta em toda parte, com a crescente obsessão pelo corpo, a aparência e a imagem que será projetada a partir disso. Não se trata de qualquer corpo, mas de um fabricado, construído, que apresente uma saúde perfeita. A aparência tem que ser fundamentada além do básico e o que passa a valer é a uniformização de produtos que representem luxo e glamour. A moda é a padronização dos usos desses produtos que constroem a aparência calçada na cultura do consumo.


            Nesse sentido, a cultura da aparência ganha espaços significativos na contemporaneidade, através dos meios de comunicação. O assunto circula na pauta de jornais e revistas, encartes de cultura e programas publicitários. Além disso, a obsessão atual pela construção da aparência como resposta a instabilidade, fragmentação e efemeridade marcam a vida social, ajudando no entendimento da centralidade assumida pela cultura da aparência na sociedade contemporânea. Neste sentido, a mídia é um elemento influenciador, pois apresenta um desejo de modelo corporal dito ideal. A preocupação com a aparência atinge traços de obsessão e está cada vez mais enraizada em todas as profissões e idades.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

AMOR E CÂNCER





            O câncer virou uma dor tão presente que chego a pensar que se trata de uma epidemia. É muita gente sofrendo as impiedades do corpo, padecendo de uma doença capaz de enfraquecer a matéria e a alma. Quando vou a oncologia dá prosseguimento ao meu tratamento, meus olhos vão de encontro a outros olhos languidos, olhos de fim, olhos de tormenta e desespero. 


            Mas uma coisa que percebo é que a vida precisa de esperança, mesmo que esta caminhe em passos lentos sobre o coração dolorido. Sem esperança é impossível caminhar e levar a vida adiante, esse sentimento pode ser alimentado pela fé, imprescindível para se seguir a caminhada.


            Para mim em particular, não lembro de um dia sequer que eu não tenha recorrido aos céus para enfrentar a vida e especial as dificuldades que essa doença impõem, mas quando estou na oncologia sinto uma dor na alma tão grande e vejo notadamente o quanto a vida precisa de amor, é esse sentimento aliado a fé que faz a vida seguir em frente.


            Uma coisa tenho por certo, quem tem câncer tem que ter esperança para saber que não se está no fim, a fé e força da alma são capazes de curar, a minha força está na minha alma. Na oncologia estamos todos juntos na mesma luta pela vida, e o que nos ajudam além de tudo isso são as pessoas que cruzam o nosso caminho, anjos que nos abraçam. Fé, esperança, oração e caridade são sim, capazes de curar.



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

DISCUTINDO A FÉ




            Esses dias li uma matéria jornalística sobre pacientes com câncer, em que uma pesquisadora com conhecimentos científicos dividiu um grupo em dois, aqueles pacientes que tinham um tipo de fé daqueles que não possuíam fé alguma. Os pacientes que tinham fé, apresentavam uma recuperação mais rápida do que aqueles que alegavam não possuir qualquer tipo de crença em elementos do plano metafísico. Pensando nisso me questionei o que é a fé?


            Na etimologia da palavra, fé significa confiança, crença e credibilidade em algo ou alguém, mesmo que não possua materialidade ou evidencia de sua existência. A experiência de cada um é intrasferível e totalmente pessoal dando origem a essa energia ou sentimento, ou como queira-se definir a fé. Segundo pesquisadores todos nós temos em nosso íntimo em estado latente o poder da fé.


            É essa energia que movimenta todos os tipos de crenças e todas as religiões do planeta, desde as eras mais remotas da humanidade. O que mantém a vivacidade dessa prática, é que muitas vezes nessa jornada, a humanidade encontra o que busca, testemunhando assim, o poder da fé. O curioso é que mesmo o ateu quando influenciado pela crença em determinada ideologia, encontra os mesmos efeitos.



            Uma das formas de fé, é a religiosa, e na nossa cultura o mais comum é a fé cristã, que aceita valores como solidariedade, fraternidade, altruísmo para se alcançar a promessa de sucesso em vários campos da vida. Entendo que Jesus através de seus ensinamentos teóricos e práticos, demonstrou integralmente a importância da fé, e o seu potencial inquestionável, sendo sustentáculo essencial ao ser humano para enfrentar, com alguma garantia de sucesso, as grandes dificuldades da vida