terça-feira, 8 de janeiro de 2013

RECOMEÇAR





            Uma vez recebi um cartão de fim de ano do Conselho de Classe da minha profissão que trazia um poema do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade falando sobre  que o ser humano que decidiu recortar o tempo em anos era genial já que ao início de um novo ano é possível a sensação de que tudo pode ser diferente.



            Acredito que esse recomeço é preciso sempre não somente agora quando se inicia um novo ano, mas em qualquer momento não importando de onde se parou. Recomeçar é dá uma nova chance a si mesmo, é a possibilidade de se perdoar e a partir dai acreditar novamente em si. As vezes é preciso recomeçar novamente até num mesmo dia.


            Entendo que o dia de recomeçar pode ser agora, o melhor dia para enfrentar os desafios da vida é o hoje. Existe uma corrente de pensamento que acredita que quando queremos o melhor, temos a possibilidade de atrair esse melhor. E assim é a vida esse campo de desafios e constantes recomeços, e esses recomeços dependem de nós e pode ser com gestos simples como um sorriso, um abraço, uma roupa nova ou um novo corte de cabelo.


            O sucesso nessa caminhada depende exclusivamente de nós e é por isso que para mim é um imenso prazer está recomeçando a escrever nesse espaço que gosto tanto. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

SOBRE LITERATURA E IMAGINAÇÃO



            O que seria da literatura sem a imaginação, um nada apenas. A imaginação evoca e atribui sentido ao real, reproduzindo-o e representando-o. Mas uma coisa é certa se a literatura estivesse  apenas ligada ao mundo real ela seria um mero documento histórico, se fosse apenas um produto da imaginação do autor seria inteligível para as demais pessoas.


            A imaginação é uma propriedade humana de representação de imagens, é capaz de trazer objetos que já foram percebidos ou não, de criar novas concepções e ligações imagéticas. A imaginação segue uma via dupla, que considero como o grande fascínio da literatura, que é a recriação proposta pelo autor de acordo com a imagem do leitor, é a relação entre a obra e o público.


            A literatura é capaz de levar o leitor a viver experiências e pode provocar: diversão, tristeza, repúdio, entre outras sensações, mas pode também evocar imagens mentais proporcionando novos arranjos e recriações internas, daí vem o grande fascínio que a literatura exerce sobre a humanidade, pelas combinações possíveis na linguagem, e também pelos silêncios entremeados entre palavras.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A ARTE DOS PADRÕES SIMÉTRICOS E ASSIMÉTRICOS




            Naturalmente temos uma tendência para a simetria, consideramos que tudo deve está ordenado, harmônico, alinhado. Nas artes essa tendência foi por muito tempo majoritária e acredito que ainda o é entre a média das pessoas. Na Grécia Antiga, o artista se preocupava com a reprodução da realidade voltada para a perfeição das formas.



            Nas obras de arte daquele período não há corpo humano que seja tão simétrico. A cópia meticulosa da aparência passava por um processo de embelezamento e era comum se omitir qualquer imperfeição. Essa simetria influenciou os conceitos de beleza da sociedade ocidental que associa o belo as noções de gosto, equilíbrio, harmonia e perfeição.


            No século XX essa noção de simetria foi contestada por muitos artistas e o assim assimétrico se destacou, a própria noção do que seja arte foi contestada e foram incluídos materiais e técnicas antes jamais pensadas. Marcel Duchamp (1887-1968), artista francês criou o termo ready made para classificar a utilização de um ou mais artigos de uso cotidiano, selecionados sem ritérios estéticos e expostos como arte em lugares especializados como museus e galerias.


            Outro exemplo de rompimento foi a pop art surgido na Inglaterra nos anos 1950 e muito usando nos Estados Unidos na década de 1960 também usava objetos comuns como garrafas e tampinhas e tinha o objetivo de criticar o consumismo, Andy Warhol (EUA 1928-1987), apresentava personalidades públicas e produtos relacionados ao consumismo do povo norte americano como refrigerantes e latas de sopa.


            A arte simétrica passa a conviver com o assimétrico. Para mim, arte é a transformação simbólica do mundo  que nasce da cabeça do artista, onde é influenciado pela sua cultura que transforma sua visão de mundo, daí a modernidade foi capaz de criar beleza para o assimétrico. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A VOLTA DO NONSENSE





            Essa semana após ler a declaração do Ministro da Justiça, dizendo preferir a morte a passar uma temporada nas cadeias brasileiras, lembrei-me do nonsense (absurdo) que é uma expressão inglesa para mostrar aquilo que é desbaratado, sem nexo, sem lógica, temos como exemplo na literatura o conhecido livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll. É a negação, o oposto daquilo que alguém vê como sendo a verdade. A cultura em épocas massificadas e principalmente mundializadas ressalta atos, falas e ações com caráter muitas vezes bizarro, que no Brasil é tão ao gosto dos nossos homens públicos. 


            Na segunda metade do século XX, o nonsense ganhou as artes, com o teatro do Absurdo que levava aos palcos a discussão sobre a crise social e moral que passava a sociedade naquele período, através de dramas insólitos, tentando desnudar a burguesia. Hoje percebo que esse teatro está mais presente do que nunca, a solidão do homem e sua insignificância permeia a nossa sociedade.


            Os tempos são outros, mas o burlesco, o absurdo e o insólito não precisa mais de autores nem de atores, são as pessoas do mundo real que protagonizam as cenas. Essa produção é feita com abundância em jornais, tevês, revistas e redes sociais. O homem mais do que nunca vive sozinho, convivendo com seu supremo egocentrismo iluminista.


            Só para se ter um exemplo do auge do burlesco, temos o facebook e o instagram, como supremos espaços onde se pode falar tudo ou simplesmente como autômatos, reproduzir o que dizem, através de um simples clique. A ideia é ver e ser visto nesse grande passeio público da virtualidade.


            Fiquei pensando em algumas passagens dos perfis brasileiros de moças ricas com maior número de seguidores no instagram e vi o que fazem: fotografam tudo, do que vão comer a roupa que vão vestir, passando pela compras, encontro com pessoas reais, arrumação da casa, em síntese qualquer coisa que possam encontrar, não existe sentido é o apogeu do burlesco, para ficarmos só num exemplo, e assim caminha a nossa sociedade, com velhos novos tempos.