quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O COTIDIANO PÓS MODERNO DE MICHEL MAFFESOLI.




Esses dias assisti uma conferência com o professor Michel Massefoli da Sorbonne, Universidade de Paris, França. O professor é titular da cadeira de Sociologia que pertenceu a Émile Durkheim. Interessei-me sobremodo, pelo seu estudo sobre a pós-modernidade. Na leitura que estou fazendo sobre a obra O Tempo Retorna, retirei algumas impressões, que imagino serem importantes de compartilhamento.


Massefoli propõe uma volta as formas elementares de Durkheim que considerava serem as marcas indeléveis de uma determinada época. Com a retomada dessas formas, poderemos entender o nosso cotidiano pós moderno que se coloca para além do exacerbamento racionalista que marcou a modernidade iluminista. É preciso analisar o cotidiano a partir do ponto de vista da vida a fonte diária de transformações e renovações do dinamismo existencial.


O ressurgimento da vida cotidiana é a primeira característica da pós modernidade. Embora continuemos influenciados pela exploração econômica, moral, simbólica e ideológica. O conhecimento íntimo do mundo vivido não é uma propriedade de alguns, ou de qualquer ideia institucionalizada, mas um feito de todos os membros da comunidade.


A revolução que vivemos da vida cotidiana, nos leva a pensar numa cultura feita de elementos simples que prescindem do providencialismo agostiniano, iluminista, hegeliano ou marxista. Essa superação do providencialismo marca a substituição do paradigma vertical para o horizontal que é a base comum de todo os fenômenos contemporâneos.


Os fatos relevantes do mundo cotidiano possuem base no copertencimento como assinala as redes sociais e as buscas a uma religiosidade pagã, rompendo as tradicionais hierarquias verticais e com as religiões monoteístas. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O HOMEM E A CULTURA.





Esses dias ensaiei uma volta as ciências Sociais e isso me trouxe uma imensa satisfação, primeiro porque foi isso que eu sempre quis fazer da vida, estudar e discutir elementos que explicassem a sociedade. Nessas indagações pensei nas tentativas de localizar o homem no conjunto dos seus costumes, penso que o homem é formado por um conjunto de níveis cada um deles entrecortado com os inferiores e reforçando os que estão acima dele. Essa formação é composta por fatores biológicos, anatômicos, fisiológicos, neurológicos que forma todo o edifício da vida humana.


A noção do que seja a essência humana é revelada mais claramente nos aspectos da cultura que são universais como: religião, casamento, propriedade ou noção da vida eterna. O que seja humano não é tão claro naquilo que é típico de um povo em particular, pois cada um considera como sendo o ideal seus usos e costumes culturais.



A cultura é o conjunto de mecanismos de controle- planos, receitas, regras, instruções que governam o comportamento humano. Isso se expressa através do pensamento humano que é tanto social como público. A cultura não é somente aquilo que nos diferencia enquanto seres pertencentes a grupos sociais específicos, mas aquilo que nos controla, que dita as normas da vida humana, isso indica que não existe natureza humana independente de cultura. 



domingo, 23 de setembro de 2012

SOBRE MÚSICA E COMPOSIÇÕES FEMININAS.





            Há tempos que não saia de casa, ontem resolvi ir ao teatro para ver o show da Leila Pinheiro, fiquei imaginado que ela iria cantar aquelas músicas que adoro da Bossa Nova, mas não foi isso que aconteceu. O show era uma homenagem às mulheres, com músicas de compositoras femininas, intercalada com trechos da poesia de Adélia Prado, num lapso cronológico em sua grande maioria bem contemporâneo. Mas uma vez não me enganei com a postura da artista, simpática, educada, respeitosa e elegante como todas as pessoas devem ser.


            Fico imaginando esse meu jeito de não ter muita fascinação pelo novo e por esse motivo, não consegui me sintonizar bem com o espetáculo. Penso que sou daquelas pessoas que acha que tudo que está relacionado ao passado tem um gosto melhor. O ponto alto da noite foi a abertura com a interpretação da música Lua Branca da maestrina Chiquinha Gonzaga, precursora de todas as cantoras brasileiras e uma valsa de composição da própria Leila Pinheiro, segundo ela imaginada a partir da obra do mestre Nelson Rodrigues.


            Ver o espetáculo, senti-lo, não tem preço e por isso, a noite já valeu a pena. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O AMOR E A IDADE





            Os especialistas no assunto afirmam que a mulher moderna prolongou em mais de vinte anos seu período de sedução. E tudo isso tem afirmações objetivas de natureza biológica e não subjetivas. Segundo as estatísticas, o aumento da longevidade humana foi consideravelmente aumentada: no século XVII, a maioria das pessoas morria por volta dos 35 anos, enquanto que atualmente a expectativa de vida no Brasil está em torno dos 70 anos. Hoje a mulher de 50 anos é tão atraente quanto à de 30.


            Acredito que um dos fatores de mudança desse cenário é o interesse pelo que a rodeia. Uma vida que se cultiva bons pensamentos, atrai bons pensamentos. O importante é viver de modo útil e feliz. Só se deve deixar alguma coisa, na busca ou no começo de outra para substituir.



            Assim como as mulheres mudam, os homens também seguem esses passos, eles evoluem com a idade, nos desejos e nas exigências. Hoje o mais importante para o casal é o amor que se alimenta de compreensão, tolerância e presença. E assim, não podemos esquecer a frase de Saint-Exupéry: Amar não é um olhar para o outro, mas os dois olharem na mesma direção. 

domingo, 16 de setembro de 2012

POESIA DE FERNANDO PESSOA






Hoje é domingo e nesse momento ouvindo músicas de meditação que ganhei de uma amiga tive uma vontade imensa de postar uma poesia do mestre Fernando Pessoa que tanto gosto.



NÃO SEI QUANTAS ALMAS EU TENHO

Não sei quantas almas eu tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho eu desejo.
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “fui eu?”
Deus sabe porque escreveu.