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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O NOME DA ROSA DE UMBERTO ECO



            O Nome da Rosa de Umberto Eco foi o romance em que ele ficou conhecido do grande público, é uma obra de grandes dimensões com a pluralização de discursos das áreas de história, sociologia, teologia, ciência política, filosofia, semiótica e crítica literária. É um livro longo com mais de 600 páginas e tem um caráter meio detetivesco, contextualizado em um mosteiro beneditino da Itália, em 1327, durante a leitura fiz um mergulho temporal entre os anos 1316 a 1327, quando o Papa era João XXII.


            A história é montada de forma magistral, sete mortes misteriosas ocorrem ocorrerem e todas elas ligadas a existência ou não de um livro de Aristóteles sobre a Comédia. Eco critica impiedosamente questões que os teólogos medievais trocavam entre si, se Jesus Cristo sorriu em alguma vez da sua vida. Para os teólogos tal comportamento era inconcebível com a gravidade da missão do filho de Deus. Para investigar as mortes um investigador religioso com grande poder de indução é chamado Frei Guilherme que relaciona as mortes ao dito livro que estaria oculto em uma das partes de uma complexa biblioteca.


            A obra suscita uma reflexão já proposta pela Idade Média, sobre a consciência semiótica de que todos os signos mudam ao longo do tempo. Assim, a codificação e a decodificação dos signos aparecem por meio de debates entre os personagens. E nos permite refletir sobre o conceito de língua enquanto contrato social, além de permitir longas digressões com as ampliações dos conceitos de imaginário e fantástico de realismo e história.


            Há obra explora arquétipos que subvertem nossos aspectos habituais como: a biblioteca como labirinto que encaminha o homem para dentro de si mesmo, para o seu inconsciente. Outro arquétipo explorado na obra é o da rosa, que na iconografia cristã representa a taça a qual recolhe o sangue de Cristo. A obra é atraente não só pelos arquétipos, mas pela aventura detetivesca como a morte, o risco e elementos do bestiário medieval.


            É uma obra densa, porém imensamente agradável, capaz de suscitar discussões consistentes pela mistura auto-reflexiva e ideológica, permitindo justamente aquilo que costumamos separar no pensamento humanista. Ao ler O Nome da Rosa, aprendi que a linguagem pode ter muitos usos e abusos. As coisas importantes estão além da palavra, mais ainda são intensamente reais, e até mais reais por não serem articuladas e nomeadas. O mais significativo para mim que sou fascinada por história, é que o historiador pode escrever em conjunto com outro e entre si.


            O romance me permitiu rever meus conceitos prévios e por consequência ampliar minha visão de mundo. Leitura que além de entreter enriqueceu as bases da formação dos meus conceitos de mundo. Livro essencial em minha estante e em minha vida. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

PENSANDO A HISTÓRIA DA BELEZA DE UMBERTO ECO



História da beleza de Umberto Eco, é daqueles livros que quando lançado se torna automaticamente objeto de desejo para leitores vorazes e amantes de livros como eu. Seja bela sua bela edição, com imagens memoráveis, seja pelo feito de levar erudição a leitores comuns. São 400 páginas de ideias, textos históricos e ilustrações. O que realmente me cativou por desejar tanto e comprar a obra, é a erudição de Eco conhecido por livros como O Nome da Rosa, consegue aqui, ser erudito sem ser pedante.


O autor percorre a linha da história para falar sobre beleza, indo por Grécia e Roma Antiga, Idade Média e Renascimento, passando pela estética vitoriana do século XIX. O livro se apoia em textos de notáveis como Eric Hobsbawm, Dante, Kant, Hegel e Kafka. Lendo o texto me senti fazendo uma viagem pela história do homem, da arte e sobretudo do olhar que se tem da estética, que é a apuração da ideia de beleza.


A obra anima um espírito que me agrada de sobremaneira, é entender que a beleza não é um dado absoluto, mas uma variante histórica, geográfica e cultural. Daí ser traçada essa linha que explica a beleza que vai da antiguidade, a sociedade de consumo do século XX.


Mas, observando História da Beleza, apesar de Eco, não o considerar assim, tenho a impressão que estou diante de um livro de arte, ou um livro de que tem como interlocutores os estudiosos da arte. E acho que peca, por não situar as citações que apresenta em seus contextos culturais e historiográficos.


O argumento que ele apresenta é de fácil compreensão, não será o mundo que a beleza tomará como modelo, nem tampouco o homem tal como se situa nesse mundo, mas sim, o homem cria o belo a imagem e semelhança a forma como vê e se representa. É nesse sentido que a beleza é um elemento da história, pois é um entendimento do homem consigo mesmo.


Em sua análise da contemporaneidade, podemos dizer que este carrega nas tintas do romantismo, ao ver nosso tempo, como simples regeneração e corrupção de um passado que antes era maravilhoso, pois a beleza hoje, é degenerada e prostituída, sendo considerada pelas campanhas publicitárias, tanto a beleza nórdica de Claudia Schiffer, quanto a beleza de origem afro de Naomi Campbell. Numa única campanha publicitária é possível se reunir o universo oitocentista e elementos de ficção científica.


Não obstante as limitações metodológicas, História da beleza reúne em si, pelas gravuras, imagens e textos que apresenta, a materialização do belo e como diz o próprio Eco o belo é aquilo que agrada de maneira desinteressada, aquilo que provoca prazer aos nossos sentidos, deve ser por isso, que é tão prazerosa a experiência com este livro, que chega a ser uma aventura intelectual, apaixonante e emotiva.