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terça-feira, 31 de julho de 2012

REFLEXÕES EM ALMODÓVAR



Como já disse em outros momentos aqui, Cinema é uma arte que me causa profundas reflexões e deve ser por isso que não consigo ver a maioria dos filmes dos circuitos comerciais e de propaganda, sinto uma inquietude que não consigo ficar nem na sala de cinema, sou daquele tipo que vê filme para discutir depois, analisar a fotografia, o estilo do diretor. Cinema não é somente passa tempo. 


Por fugir a estética tradicional, típica de Hollywood, é que sempre fui ligada a Almodóvar, e considero o filme Fale com Ela uma redenção aos excessos anteriores do Diretor. Passados 10 anos do seu lançamento comprei uma cópia em DVD e vi coisas que não tinha percebido anteriormente. O filme foge dos personagens drogados, selvagens e estranhos.


Almodóvar se dedicou a sutileza do mistério, da leitura da mente humana, do amor e de como o homem está dentro das prisões espirituais, físicas e como no filme reais. A trama está centrada em duas mulheres em coma: Alicia, uma bailarina, e Lydia, uma toureira. A cuidar da primeira está o patético Benigno que no início se mostra um zeloso namorado, mas depois se revela um obsessivo macabro que na verdade só conheceu Alycia ao vê-la em coma.


A história de amor vira quase terror, mas também é uma história de lealdade, como do amante de Lydia Marco, e de empatia como nos pede Almodóvar, pela loucura amorosa de Benigno. Uma coisa que eu não tinha conseguido perceber quando vi o filme há dez anos é a centralidade em que o corpo humano é colocado, como um espaço de beleza privilegiado.




Além de provocar reflexões, o filme me colocou em convivência com a cultura espanhola. Por isso é que valeu muito ter revisto Fale com Ela dez anos após o seu lançamento. 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

MARC FERREZ E A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE BRASILIDADE



            Tenho um interesse especial pelo Brasil do século 19, período que considero responsável pela consolidação da nossa cultura e pela nossa formação enquanto nação. É um Brasil que poderia se tornar menos distante através da circulação e da visualização de suas imagens. Apresentadas em exposições as fotografias representavam um elo entre as províncias que iam se ligando no imaginário social como nação.




            Marc Ferrez trabalhou a serviço de diversas instituições do Império. Percorreu o Brasil acompanhando o cotidiano de fazendas de cana de açúcar e café, minas de ouro, construção das primeiras estradas de ferro e transformações urbanas. Esse Brasil formado através das suas lentes mostra um país rico em sua natureza e próspero em sua indústria. Nas fotografias a imagem agrega em vez de separar, e expõem o Rio de Janeiro como principal cartão postal do país, mostram também tipos humanos como escravos e uma série feita com os índios botocudos.





O que se ver em suas fotografias é a imagem de um Brasil ao mesmo tempo exuberante e engajado com o projeto de civilização. É aí que se lançam as bases para que as diversas províncias pudessem criar uma identificação comum e um sentimento nacional. O certo é que as fotografias de Marc Ferrez são partes das estratégias discursivas para formar a noção de uma brasilidade partir das imagens construídas sobre a nação. Por isso vale muito rever e analisar essas imagens.