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quarta-feira, 12 de junho de 2013

E O HOMEM INVENTOU À RAZÃO





Desde o século XVIII e em forma acentuada no século XIX, os espaços da ciência pareciam reproduzir os espaços da tradição, superstição e religião. Um dos segredos da modernidade foi o abandono dos mitos, Deus e o Diabo, tradição e religião, o mundo se intelectualiza de tal maneira  que não existe mais espaços para visões e fantasmas.


Nesse mundo em que vivemos o homem passa a ser senhor do seu próprio destino, e a razão aquela medida que seria produto de um cálculo, tem a pretensão de captar, compreender, explicar e ordenar o mundo, essa razão descobre, nomeia, explica e exorciza visões e fantasmas. Descobre que eles não estão no além, mas aqui junto ao homem modificando o seu cotidiano, à luz do dia, transparentes, razoáveis.


Essa modernidade que desconstrói a tradição cria a falsa ilusão de que ele é capaz de desconstruir seus fetiches, criados por ele próprio. O fetichismo é uma fabulação do dia a dia criado por todos nós, são nossas atividades humanas que assustam e nos fascinam. As coisas criadas pelo homem projetam-se diante dele como seres dotados de vida própria, e dai resulta o sentido trágico da modernidade e da razão o homem agora sabe de tudo, e esse tudo é responsável pelos maiores vazios e desvios de nossa época em que o homem é um ser que busca um sentido para tanta explicação de seu próprio mundo. Tem tanta razão que desvenda os fetiches que ele próprio cria, e  esse desvendamento provado o vazio e o isolamento da individualidade moderna.


Nisso lembro de Baudelaire quando descobre que o individuo da cidade está perdido no meio da multidão no grande deserto de homens que existe no mundo moderno, é daí que se revela o que existe de breve, fugaz , aleatório na vida presente, a modernidade para lembrar Bauman é realmente o líquido tornando as relações humanas fluídas e breves.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O LUXO AGORA É PARA TODOS



            Ontem fui almoçar no restaurante chinês da minha Cidade, dizem que se mede o tamanho da cidade quando os chineses chegam para montar seus empreendimentos. Por ser domingo tinha várias famílias que pareciam ter vindo de bairros nas proximidades do Centro da Cidade local, onde fica o restaurante. Percebi um fato curioso muitas mulheres usavam bolsas com monogramas da marca Louis Vuitton. Finalmente o poder e ascensão social vendido pelo mercado de luxo é uma necessidade de todos.



            A marca Louis Vuitton surgiu na França no fim do século XIX, uma época de prosperidades, hotéis e lojas de luxo atendiam às necessidades ampliadas dos moradores que tinham dinheiro. Eugéne a imperatriz, foi uma das primeiras clientes do maleiro, e lhe deu o status de fornecedor preferido de Sua Majestade Imperial. Quando a Imperatriz chegou à Inglaterra causou novidade e cobiça com a suas malas feitas sob medida para suas necessidades.



            As malas de viagem usadas até então, eram feitas de madeira e geralmente cobertas com pele de leitoa, e empilhadas de qualquer forma chegavam ao destino sujas e desgastadas. Um embrião da classe média surgiu e essa nova classe viajava cada vez menos de carro ou a cavalo. Embarcavam de trens barcos a vapor e transatlânticos, rumo a destinos como Estados Unidos, África e Ásia. As malas Louis Vuitton eram o protótipo da modernidade que combinava com esse momento.


            Um fato curioso é que o aumento do sucesso da marca foi proporcional ao número de imitações. O desejo de possuir produtos que eram feitos para a nobreza e classes abastadas se disseminou rapidamente. A marca chegou aos Estados Unidos e ao resto do mundo. E com as divulgações maciças da mídia, o uso pelas celebridades, a nova nobreza no inconsciente coletivo e o desejo de todos chegarem a esse estilo de vida, de luxo e riqueza, é cada um pode ter sua Louis Vuitton, não importa a procedência, mas o prazer inconsciente que a marca vende.

terça-feira, 10 de julho de 2012

QUANDO VI TEMPOS MODERNOS DO CHAPLIN





            Tinha 18 anos quando vi o filme Tempos Modernos de Charles Chaplin, estava cursando a disciplina de Sociologia I com a Doutora Conceição Maciel na Faculdade de Serviço Social, de imediato o filme não me causou tanto impacto, mas, como tive que revê-lo causou em mim impressões que carregarei por muito tempo, na condução de minha vida profissional. A imagem do vagabundo mostra a substituição do artesão pelo operário. O trabalho que o operário realiza o leva a um processo de alienação e de adoecimento com um colapso nervoso, no repetitivo processo de produção da linha de montagem. O vagabundo entra numa série de acontecimentos, sendo confundido com grevistas, comunista e louco, até encontrar uma órfã que passa a ser sua amiga e lutar com ele para sobreviver dentro do sistema capitalista.


O filme é mais do que arte puríssima é antes uma avaliação apurada da sociedade da época.  Após a crise de 1929, a produção industrial norte-americana reduziu-se pela metade, em 1933 o país contava com 17 milhões de desempregados, o Presidente Rossevelt, anunciou o New Deal que visava recuperar a economia. De 1934 a 1940 foi o período de crescimento do movimento operário, pressionado pelos movimentos grevistas o Congresso aprovou o direito de associação dos trabalhadores e Acordos Coletivos com os empresários.


Chaplin mostra toda a tipicidade da sociedade industrial do início do século XX nos EUA, uma sociedade mecanizada e voltada exclusivamente para o lucro. Com a adoção das práticas fordistas e tayloristas o trabalhador passa a deixar de ter qualquer influência na produção e o seu trabalho a ser mecanizado, para ser operário não precisava de especialização somente repetir o movimento das máquinas.



            Para mim a maior mensagem do filme é a relação homem-máquina, é a apropriação do tempo pelo sistema capitalista de produção. Máquinas são tão indispensáveis à produção que o homem passa a se confundir com elas. A cena que melhor retrata isso é quando Carlitos fica preso entre as imensas engrenagens de uma máquina, se confundindo e não podendo mais ser separados. A inadequação de Carlitos ao trabalho alienado perpassa todo o filme.


No fim do filme quando sua companheira, indignada com a situação de perseguição, miséria e desemprego pergunta: para que tudo isso? Ele responde: levante a cabeça nunca abandone a luta. Mas a reação deles não é o enfrentamento do capital mais se direcionar em relação ao campo. Em 1936 ano do filme, e do advento do cinema falado o personagem Carlitos se despede, são os chamados Tempos Modernos.