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segunda-feira, 14 de abril de 2014

FOUCAULT: SUBJETIVIDADE, VERDADE E PODER

            Foucault sempre foi referência em meus estudos acadêmicos gosto de sua filosofia porque apresenta originalidade à medida que resolveu fazer antes a história do sujeito. Como Nietzsche um dos seus pontos de partida iniciais é a figura de Sócrates. Na filosofia ateniense estariam os fundamentos para o pesquisador encontrar as razões pelas quais se configurou a modernidade.



            A leitura de Foucault em torno de Sócrates se desenvolveu principalmente em lições próximo ao fim de sua vida. No curso no College de France ele diz que o conhece-te a ti mesmo de Sócrates estava em sua época relacionado à um trabalho exclusivamente ético e moral, ao cuidado de si, dentro dos preceitos da construção do eu. Nas regras para a vida correta, na preocupação com a alma, nos modos de prestar atenção a si mesmo e exercer com sabedoria o auto governo.



            Ele acredita que a modernidade desviou essa máxima socrática, desviando o cuidado de si, da filosofia como uma construção de vida voltada para a felicidade e a perfeição. Para os modernos o importante sobre o si mesmo é conhece-lo e o importante da filosofia é conhecer. Para Foucault a Modernidade seria marcada por uma nova forma dos indivíduos com o corpo e com os impulsos. Seu pensamento é tão grande e importante para a nossa contemporaneidade que traça a ideia que vivemos sob um poder que se exerce negativamente, para abafar potencialidades, dando a ideia de que o futuro parece não existir, sendo apenas resto daquilo que ainda não foi esmagado pela repressão dos tempos modernos.   

segunda-feira, 17 de março de 2014

REFLEXÕES DA RELAÇÃO ENTRE HOMEM E MULHER


Lendo uns textos de filosofia sobre universo interpessoal pensei em escrever sobre a relação homem/mulher  do ponto de vista filosófico. A principio acho que a relação homem e mulher tem algo de cultural e biológico. Uma das coisas que provavelmente trouxe a tona a ideia de que a mulher é um bicho esquisito, estranho, talvez se deva ao fato de que as mulheres passaram a maior parte da historia vivendo em um espaço reduzido com pouca circulação pública, sendo possível que elas percebessem detalhes que se tornavam imperceptíveis ao homem.



Na nossa cultura depois da ideia do feminismo não é possível conviver de forma tranquila com uma noção do que seja homem e mulher nem tampouco com a noção de gênero que seria a construção social do homem e da mulher. Uma ideia que torna a relação difícil é a nossa mitologia de relacionamento que o outro vem nos completar, a questão é pensar se existe relação existe o outro que é reconhecido e um outro que é representado e por isso a tolerância mútua é necessária. 



Existe feminismo para todos os gostos, mas existe uma coisa que acho bacana que é a defesa da construção da identidade das mulheres e de uma auto reflexão que incluísse sempre o homem com o qual elas não poderiam ficar em guerra. Se os homens hoje estão em crise com a sua masculinidade, com a sua identidade, porque são assim como as mulheres obrigados a se pensar. O feminismo sério que tem mais de cem anos já conseguiu romper com a noção de gênero, ou seja, com a ideia do natural e do cultural, agora é a vez dos homens, embora definir um gênero, ou como cada um deve ser acaba sempre caindo na vala comum do moralismo.



Não podemos esquecer que todas as definições que conhecemos do que é a mulher na religião, literatura, artes, cultura como um todo é uma construção dos homens, como já dizia a famosa Simone de Beauvoir, ela é a outra, o segundo sexo. O homem hoje vem marcado pela falta e pela impotência ele não precisa mais ser provedor, forte, nem herói e quando ele sente isso se vê meio perdido em sua identidade, isso gera um mal estar entre homens e mulheres que é fruto do cotidiano.




Mas o que pode melhorar a relação é conversar,  dizer o que se sente com o aprendizado da convivência que demanda esforços. Embora o dia a dia seja muito maior do que os esquemas que conseguimos montar sobre eles e no cotidiano real não sabemos o tempo todo para onde estamos indo, no mundo real é preciso fugir de arquétipos e aceitar o outro da forma que ele é sem grandes expectativas, sem muito esperar.  

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A HUMANIZAÇÃO


 Fiz uma visita a casa de uma amiga que tem crianças e vi o quanto que ser criança hoje é diferente de ser criança na minha época nos anos 1980. Os interesses as conversas e perspicácia e a abordagem são totalmente diferentes, ao que parece essas crianças de hoje são mais ativas do que os meus contemporâneos e têm uma visão mais detalhada do mundo. Penso que essa nova forma de pensar onde impera os elementos do mundo virtual foi construída para que as crianças também fizessem parte dessa nova lógica do capital.



homem não nasce homem, pois precisa da educação para se humanizar. Muitos são os exemplos dados por an­tropólogos e psicólogos a respeito de crianças que, ao crescerem longe do contato com seus semelhantes, perma­neceram como se fossem animais.



Na Alemanha, no século passado, foi encontrado um rapaz que crescera ab­solutamente isolado de todos. Kaspar Hauser, como ficou conhecido, perma­neceu escondido por razões não escla­recidas. Como ninguém o ensinara a fa­lar, só se tornou propriamente huma­no quando sua educação teve início. Nessa ocasião ficou constatado que pos­suía inteligência excepcional, até então obscurecida pelo abandono a que fora relegado.



Esse caso extremo serve para ilustrar o processo comum pelo qual ca­da criança recebe a tradição cultural, sempre mediada pelos outros homens, com os quais aprende os símbolos e torna-se capaz de agir e compreender a própria experiência. A linguagem simbólica e o trabalho constituem, assim, os parâmetros mais importantes para distinguir o homem dos animais.



Não se pode dizer que o homem tem instintos como os dos animais, pois a consciência que tem de si próprio o orienta, por exemplo, para o controle da sexualidade e da agressividade, sub­metidas de início a normas e sanções da coletividade e posteriormente assu­midas pelo próprio indivíduo. O ho­mem foi "expulso do paraíso" a partir do momento em que deixou de se ins­talar na natureza da mesma forma que os animais ou as coisas.



Assim, o comportamento humano passa a ser avaliado pela ética, pela es­tética, pela religião ou pelo mito. Isso significa que os atos referentes à vida hu­mana são avaliados como bons ou maus, belos ou não, pecaminosos ou abençoa­dos por Deus, e assim por diante.



Uma coisa tenho por certa, o homem é o que a tradição cul­tural quer que ele seja e também a cons­tante tentativa de ruptura da tradição. Assim, a sociedade humana surge por­que o homem é um ser capaz de criar interdições, isto é, proibições, normas que definem o que pode e o que não pode ser feito. No entanto, o homem é também um ser capaz de transgressão. Transgredir é desobedecer. Não me re­firo apenas à desobediência co­mum, mas àquela que rejeita as fórmu­las antigas e ultrapassadas para insta­lar novas normas, mais adequadas às necessidades humanas diante dos pro­blemas colocados pelo existir. A capa­cidade inventiva do homem tende a de­salojá-lo do "já feito", em busca daqui­lo que "ainda não é". Portanto, o ho­mem é um ser da ambiguidade em cons­tante busca de si mesmo. 


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O ÓDIO NO BRASIL


            Na década de 1930 foram produzido três grande livros sobre a história do Brasil: Casa Grande e Senzala, Raízes do Brasil e Formação Econômica Brasileira, em 1936 quando foi lançado pelo Sérgio Buarque, Raízes do Brasil, deu margem a um debate dizendo que nós brasileiros éramos homens cordiais e a característica da cordialidade seria a generosidade e a nossa civilidade destacado por todos os visitantes do século XVIII e XIX. Em essência ele diz que somos O Homem Cordial, o que  pode ser interpretado como uma leitura conservadora que nega a violência, sentimentos de ódio que vão do racismo ao preconceito social.



             O pensamento de Sergio Buarque parecia ocultar o fato que nos desenhos de Debret no século XIX, na repressão ao Quilombo dos Palmares no século XVII, na forma em que se mata Zumbi, na própria instituição da escravidão havia uma característica de ódio. Quando houve a repressão a Canudos, a maneira com que se executou todo o Arraial, chegando a se sepultar a memória da cidade com uma represa que vai cobri-la, havia um ódio profundo. Na Guerra do Contestado se usa inclusive avião para reprimir gente brasileira, quando se reprime o cangaço com violência e especialmente ao bando de Lampião com a decapitação, mostra que não são cenas de um país pacífico.



            Na verdade essa discussão de nossa pacificação é fruto de um preconceito construído. Na Cabanagem, Balaiada, revolução de 32 de São Paulo, não é utilizada em nenhum momento a expressão Guerra Civil. Sempre visto como movimentos isolados, mas não Guerra, nos viveríamos apenas agitações. Mas vivemos na verdade, uma situação de violência, matamos o equivalente a um Vietnã só no trânsito, mas temos como característica central que a violência é sempre do outro. No Brasil temos ódios econômicos, sociais e políticos, mas temos um generalizada incapacidade de perceber o ódio em nós, mas uma capacidade profunda de nota-lo no outro.



            Hoje somos capazes de assistir cenas de luta em que homens se esbofeteiam até ficar ensanguentados e ao invés de sermos internados com transtorno violento nos pagamos ingressos para isso no pay per view. É a violência, especialmente a masculina que nos seduz e que nos deleita. Mas entendemos que a violência é sempre no outro, no vizinho, no síndico, na esposa ou no namorado, nos filhos que nos respondem com agressividade, dentro de nós intuímos que somos sempre um poço de equilíbrio e cordialidade. O que mostra que nossas narrativas sobre nós são sempre pacíficas. Dai penso em Hannah Arendt quando dizia que o mal não está inteiramente fora das pessoas, não seria um monstro de olhos verdes como Shakespeare definiu o ciúme, o mal é banal, comum, está disseminado.




            Penso que o que existe no Brasil é uma dualidade cínica entre cordialidade e violência, entendo que um caminho para minimizar esse fosso seria parar de fingir que as pessoas não têm preconceito, que não existe violência, diferença de renda, se vivemos em um sistema classificatório e diferenciador o preconceito nos atinge, reconhece-lo é o primeiro passo para a superação. 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

TEMPOS POLITICAMENTE CORRETOS



            Estive pensando e vi que vivemos tempos politicamente corretos, se você se comportar de acordo com os seus valores e convicções sem ligar para regras e modismos da sociedade, você pode ser rotulado como uma pessoa politicamente incorreta, essa balança de atributos morais que muda de tempos em tempos entre as sociedades e culturas patrulha todos os tipos de comunicação, nem o literário Monteiro Lobato escapou de ser chamado de racista com a obra, Caçadas de Pedrinho publicada no século XX. Na música talvez a clássica Cabeleira do Zezé seria hoje considerada um hino homofóbico.



            O politicamente correto tem origem nos Estados Unidos num momento em que as pessoas tinham que ampliar a Educação doméstica. É a convivência com grupos que não se conviviam antes e tinham que aprender a evitar piadas de mau gosto como determinadas coisas que os homens só falam entre si quando não têm mulher por perto. Acho que até certo ponto faz sentido, a minha crítica é que ele se transformou tanto na mídia, como na imprensa ou no mundo acadêmico como um jogo de poder de certos grupos para na verdade, atrapalhar as outras pessoas e lançar a pecha de reacionário, o que acaba barateando o debate. Hoje todo mundo se ofende com tudo e o empobrecimento me parece, é sempre indicativo de censura.



            O politicamente correto se alimenta do medo de ser processado, hoje todas as palavras devem ser medidas e pensadas, antes de ser dito. O excesso também é prejudicial como as pessoas que se comportam de forma politicamente incorreta todo o tempo, porque rotulam os grupos e as pessoas como se isso fosse possível. Uma coisa tenho por certo, esse debate têm que ser feito de forma cuidadosa, para não ser usado por oportunismos ou mesmo ideologias de direita ou esquerda, mas com cuidado e ponderação.