quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AS 10 CENAS INESQUECÍVEIS DO CINEMA





            Nunca fui muito adepta a listas, primeiro porque não as considero fechadas, nem como realmente sendo as melhores, depois porque sempre considerei, que o que a lista trazia era apenas a opinião pessoal de quem escreve. Sou daquelas que dá tudo por um filme antigo, para mim filme antigo, mas do que recriar um momento histórico é uma viagem ao passado onde me conecto com a época, seus hábitos e costumes, os filmes que eu apresento aqui não tem menos de quarenta anos, e muito já foi dito sobre eles. A ordem que construo nesse post é do impacto que esses filmes provocaram em minhas observações visuais e estilísticas. Reitero  que essa lista não está fechada nem tem a pretensão de ser a expressão da verdade, é somente minhas impressões pessoais. 


1-Breakfast and Tiffany (1961)- a cena que considero memorável é a de entrada quando Audrey Hepburn desce do taxi numa Nova York que ainda acorda, ao som da memorável moon river. Audrey (Holly) apresenta uma composição entre inocência e futilidade, quando toma seus cafés da manhã em frente à joalheria Tiffany para esquecer dos problemas e de buscar um mundo que não é seu mas que gostaria que fosse.



         2- Cinderela em Paris (1957)-  esse filme tem uma aura tão mágica que passei dias com as cenas na cabeça, Paris, a Cidade luz, brilha ainda mais nesse show, protagonizado por Audrey Hepburn e Fred Astaire, eles brilham e encantam, cantando e dançando em locações externas em plena Paris. Trata da transformação da personagem de Hepburn de uma balconista de loja em uma top model, fotografada e apaixonada por Astaire, que aceita o trabalho pelo prazer de conhecer Paris. Fanny face, é daqueles filmes que o tempo passa, mas o encanto permanece.


            3- Dow Argentine Way (1940)- primeiro o que me seduziu no filme foi a película em Tecnicolor, e o clima da política de “boa vizinhança, dos americanos com a América do Sul em plena Segunda Guerra Mundial, o roteiro é bem típico da época, uma americana que passa férias na Argentina e se apaixona por um rico proprietário de cavalos de corridas. Mas quem realmente rouba a cena é a Carmen Miranda, que sem falas nem maiores atuações, deixa a Fox impressionada com sua nova aquisição, sua estreia no cinema americano, não poderia ser mais autentica, quando se apresenta no Clube Noturno como ela mesma, cantando e dançando a memorável canção Mamãe eu quero de Jararaca.


            4- Casa Blanca (1942)- os americanos conheciam muito pouco o Marrocos, quando filmaram Casa Blanca, o que marca é o clima de Guerra que o mundo vivia, e fora o triângulo amoroso, a cena mais memorável que considero é a Marselha, cantada no clube noturno, como símbolo da resistência a invasão alemã. Merece destaque a performance carismática de Bogart e Bergman, o dilema de Bogart é ficar entre o amor e fazer a coisa certa, deixar Ilsa escapar com o marido. O filme retrata como ninguém, o clima de medo, suspensão de direitos e insegurança que se vivia durante a Segunda Guerra Mundial.


            5- Crepúsculo dos Deuses (1950)- o filme já começa incomum, com um escritor narrando os acontecimentos que o levaram a morte.  Fugindo de cobradores Joe se vê em uma antiga mansão de Hollywood, onde ele começa uma relação com a sua proprietária a antiga atriz de cinema mudo Norma Desmond (Glória Swanson). O interessante é como Hollywood se debruça sobre si própria, avaliando seus próprios fantasmas. Norma rouba a cena o filme inteiro com sua grandeza de atuação e expressões faciais típicas do Cinema Mudo. A atriz esquecida, pelo cinema com som se torna imortal na cena em que diz a icônica frase: eu sou grande, os filmes é que ficaram pequenos.


            6- Luzes da Cidade (1931)- a beleza desse filme é tão grande que é quase impossível vê-lo e não se deixar encantar, pela maestria de Chaplin, a mensagem do filme e a época em que ele se passa. O filme mostra que se vê mais com o coração do que com os olhos. A florista cega, ajudada pelo vagabundo, ao reconquistar a visão consegue reconhece-lo pelo toque da mão. A mensagem que se passa é que o amor começa na essência, indo além da aparência. 


            7- La dolce Vita (1960)- o que dizer de Felini, com a memorável cena de Anita Ekberg tomando banho na Fonte de Trevi em plena Roma e Marcelo Mastroianni, tentando achar leite para um gatinho que ele tinha encontrado na rua. A cena mais interessante é o fascínio de Mastroianni diante do banho de Ekberg. No desenrolar do filme percebe-se claramente a representação da decadência moral, a falsa moral e a preocupação com o rumo que a sociedade irá tomar dentro de um vazio existencial, político e ideológico que chega aos dias de hoje. 


            8- Cantando na Chuva (1952)- É daqueles filmes tão agradáveis que basta vê-lo para se esquecer os problemas e imaginar a vida colorida e musical. Gene Kelly cantando e dançando na chuva é a cena clássica e por excelência tem a cara do filme. Trata-se de uma sátira ao período de transição entre o cinema mudo e o falado, o que me fascina é uma alegria, infantil e até mesmo boba, mas deveras autêntica. E a famosa cena de Kelly, dançando e cantando na chuva ficará para sempre na cabeça de qualquer cinéfilo faça sol ou chuva.


            9- Laranja Mecânica (1971)- trata-se daqueles filmes que provocam profundas reflexões. Numa Londres do futuro, jovens violentos matam, estupram e roubam. Alex, o protagonista, vira cobaia de experimentos capazes de frear os impulsos violentos do ser humano, na volta do tratamento este não consegue conviver com a violência nem para se defender. A cena emblemática é a da manipulação do globo ocular no tratamento de Alex. Kubrick desnuda as falidas instituições da família, da política, da ciência, e do próprio homem, mostrando prazeres passageiros que levam a desconstrução do próprio eu.


10- E o Vento Levou (1939)- lembro que quando vi o filme pela primeira vez era criança e fiquei cansada, mas impressionada pela magistral reconstrução de uma época. Vivien Leigh e Clark Gable protagonizam uma grande história de amor e luta. Leight é o que o filme tem de melhor com sua atuação que se mantém atual e apaixonante, considero que o filme foi ousado para época em apostar numa mocinha corajosa e obstinada. Vejo o filme muito mais que um épico, mas um filme sobre determinação e sobrevivência, encarnado na figura da terra. A minha cena memorável é a de Scarlet sendo cuidada pela escrava.  Trata-se de um filme suntuoso, fascinante, inesquecível.


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