domingo, 2 de março de 2014

PARA OSWALD DE ANDRADE


José Oswald de Sousa Andrade ou simplesmente Oswald de Andrade nasceu em São Paulo no dia 11 de janeiro de 1890. Na época do seu nascimento São Paulo tinha apenas 65 mil habitantes, ele era um visionário que adorava sua cidade. Em 1920 ele dizia que São Paulo era o futuro e que não poderia parar. Ele vai pagar caro por sua verve, inteligência e ousadia e começa a ser esquecido ainda vivo.



Oswald de Andrade foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo em 1922 com reunião de artistas e intelectuais em apresentações, conferências, leitura de poemas, dança e música. Oswald falava basicamente de São Paulo o que pode ser visto em suas obras como João Miramar, Serafim Ponte Preta ou Paulicéia Desvairada, essas obras retratam o progresso, a atualização e a vida urbana na Cidade é o início do ufanismo paulista.



Acho interessante o personagem Oswald de Andrade, porque foi uma pessoa extremamente revolucionária que teve uma vida sentimental bastante movimentada  com grandes histórias tendo sido casado com a pintora Tarsila do Amaral e a ativista política Patricia Galvão. Ele era um homem rico que vivia uma vida de glamour não somente no Brasil, mas também em Paris. Era um grande provocador uma pessoa que não tinha medo de escandalizar.




Só a antropofagia nos une, somos todos antropófagos. Considero o Manifesto Antropófago a sua melhor produção nessa tendência mais ousada do movimento modernista do final da década de 1920. Ao todo ele escreveu onze livros, seis peças de teatro e sete manifestos. Teve quatro filhos com três mulheres diferentes. O Movimento Modernista, esquecido durante os anos 1940 e 5o só foi revitalizado com a tropicália dos anos 1960 que resgatava a proposta antropofágica de digerir a cultura estrangeira dominante e regurgitá-la após ser mesclada com a cultura popular e a identidade nacional. Vivas a cultura nacional e a grandeza de Oswald de Andrade. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

ROBERTA SÁ canta Falsa Baiana


Esses dias tenho visto vídeos da cantora Roberta Sá em especial sambas da década de 1940 gravados por ela num disco de 2004 chamado Sambas e Bossa gosto notadamente da música Falsa Baiana de Ciro Monteiro. Sua interpretação é primorosa porque evidencia um ressurgimento do samba entre os jovens. Sua sensibilidade Pop que é difícil de definir mas se faz sentir em todos da sua geração chegam ao samba pela via da MPB e da Bossa Nova refletindo no momento atual do samba.



O que se percebe na gravação de Roberta Sá é que sua Falsa Baiana é atravessada principalmente por elementos de três tradições: o samba, a MPB/Bossa Nova e, não sei bem em que medida consciente ou inconscientemente, a Música Pop foi introduzida, mas isso fica claro pela maneira com que ela arredonda os saltos da melodia, mudando a entonação, e como ressalta os fins da frase colocando um vibrato leve, usando esse recurso, de uma forma totalmente diferente dos cantores de samba tradicionais.



O que mais gosto de suas apresentações é a tentativa de cantar como os cantores da velha guarda variando a divisão melódica e tentando sugerir leveza, despojamento e até uma certa irreverência. Sua maneira de cantar usando a voz limpa, aproveitando o ar sem forçar demais e no entanto, mantendo homogeneidade e regularidade na intensidade das notas em cada frase, revela com relativa clareza que estão em jogo ali referenciais do que é cantar de forma afastada dos intérpretes tradicionais como: Zeca Pagodinho, Clara Nunes ou Beth Carvalho.




            Tenho especial predileção pela interpretação da Falsa Baiana de Roberta Sá, pelo frescor e novidade que trouxe para a velha composição dos anos 1940. Com ela a composição se mostrou um samba mais corporificado, por outras tradições além de trazer o lastro histórico que dá uma carga simbólica específica a cada uma delas, entrando portanto na própria constituição da canção. Música das boas para ser ouvida sem moderação. 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O TRIUNFO DO GERÚNDIO


Esses dias que me ausentei do blog estive pensando que escrever é como fazer a mala. Na falta da palavra exata precisamos empregar muitas; sem saber qual vai ser a roupa certa carregamos uma mala enorme. A roupa certa e a palavra exata proporcionam muita satisfação. É animador poder escrever iniciante em vez de “gente que está começando a aprender”, é reconfortante que num lugar estranho, bem longe das nossas gavetas, nos viramos com um punhado de peças. Mas trabalhar com pouco é arte de craques. Não é casual que sejam os poetas e não os tabeliões, que extraem das palavras o máximo rendimento.



Pensava nisso ao contemplar o triunfo irremediável do gerúndio. A primeira vista uma moda tão passageira e circunscrita quanto “broto”, o gerúndio ultrapassou fronteiras e, pelo tempo que já dura, parece ter vindo para ficar. E, no entanto, é o contrário da síntese e da exatidão: propõe dizer com mais palavras o que se resolvia antes com a brevidade do infinitivo. Fazer, mostrar, telefonar em vez de estar fazendo, estar mostrando, estar telefonando. Qual é o misterioso prazer que essa profusão de palavras proporciona? De onde vem a recompensa para esse esforço contínuo?



Dizem que o hábito surgiu das ligações de telemarketing, se tiver nascido nessa área passou rápido para secretárias, porteiros, recepcionistas, assessores de imprensa, pedagogos... e até você ouviu a sua própria voz pronunciar com assustadora naturalidade “vou estar mandando”. Penso que definitivamente se o gerúndio alcançou assustadora popularidade é porque devia haver, ao menos inicialmente, uma espécie de avidez, de demanda reprimida que ele revelou e satisfaz. Não como a palavra exata que, finalmente encontrada, cessa a aflição da procura e nos devolve o poder de acuidade, nem como a peça de vestuário que aplaca sem maiores complicações a angústia do “com que roupa?”. O desejo que o gerúndio satisfaz é justamente de complicação. Ou do reconhecimento que isso garante.



Possuir palavras, como se sabe, é um privilégio- tanto maior quanto menor for o acesso ao conhecimento. Falar com desenvoltura é um desejo mal satisfeito: palavras e fórmulas são escassas no repertório da maioria. Nossa língua, ou a pouco intimidade com ela, é instrumento da exclusão, e seus rebuscamentos servem ao propósito de multiplicar as barreiras (escrevemos em português destinatário e remetente quando em inglês bastam to e from; precisamos de excelentíssimo, ilustríssimo, e de digníssimo senhor quando em inglês dear sir resolve tudo). O poder fala difícil, falar difícil é um poder e todo mundo que se sentir um pouquinho poderoso. Por isso, as palavras simples tornam-se suspeitas. Basta ver o que aconteceu com os verbos pôr e botar. Aos poucos as galinhas passaram a colocar ovos, os carnavalescos a colocar o bloco na rua e o incendiários a colocar fogo.




Mais que ninguém caia na tentação de acreditar que os simples vão enfeitar seu discurso com palavras que façam parecer o que não são. Liquidação de loja cara, no Brasil, é sale, ou até, vendita promozionale. Com, afinal, quem queremos estar parecendo?

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O NASCIMENTO DAS ESTRELAS DE CINEMA

Mary Pinckford.
A estrela foi idealizada pelos estudos hollywoodianos porque seria a constituição de sua base econômica, no início do século XX surgiram revistas especializadas que alimentavam a mistificação. Caçadores de talento iam buscar suas presas em bastidores de teatros, numa dessas buscas encontraram a atriz Sara Bernhardt, mas a primeira grande estrela do cinema, reconhecida pela maioria dos estudiosos e críticos do assunto foi mesmo Mary Pinckford.

Gloria Swanson
Mas Theda Bara, Marin Davis, Gloria Swanson, Louise Brooks, marcaram o período de 1918 a 1928. Elas eram lindas e tinham personalidade forte. A estrela remetia a vários arquétipos: a virgem inocente, a glamorosa, a prostituta, a divina, a mulher fatal. Com Rodolfo Valentino as americanas descobriram o latin lover. No dia de sua morte 12 mulheres se suicidaram.

Rodolfo Valentino.
No início dos anos 1920 os filmes eram construídos em torno das estrelas. Fechadas em uma bolha falsamente paradisíaca levavam um vida de caprichos. No início de 1930, o aspecto psicológico da trama narrativa ganhou terreno. As estrelas se adaptaram alterando entre o excepcional e o ordinário. Ao mesmo tempo, o fenômeno de projeção de identificação ficou mais intenso. Com os anos 1940, nota-se mais elasticidade na idade das estrelas. Não era raro chegar ao estrelato com 40 anos quando se era homem. Prova disso foi Clarck Gable e Humphrey Bogart homens maduros.

Clarck Gable.

Nos anos 1950, os estúdios romperam com o sistema de escuderia de atores. A presença de Ingrid Bergman, Ginger Rogers ou Betty Davis, não era muito garantia de sucesso de um filme. Os atores passaram a ser encarregados do seu próprio destino o que os tornava mais vulneráveis. Os supostos suicídios de Judy Garland e Mary Monroe anunciaram o fim do star system. No entanto as estrelas de cinema continuam fascinando e suscitando mistério e fascínio ao longo do tempo.