sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA ADOLESCÊNCIA





            O magistério é um exercício de aprendizado mútuo, aprendi mais dando aulas do que estudando sozinha, disso tenho certeza. Durante uma boa época ministrei a disciplina de adolescência, e daí surgiram várias pesquisas e indagações sobre o assunto. A primeira e primordial é a de que adolescência e puberdade são coisas diferentes. Puberdade é a transformação biológica sofrida pelo corpo entre os 12 e 13 anos e adolescência é um processo de construção social que varia de acordo com a cultura.


            Margareth Mead, antropóloga americana, em pesquisa realizada na ilha de Samoa na primeira metade do século XX, descobriu que a adolescência era uma período comum da vida, que se passava de forma suave, não existia marcas de angustias emocionais ou psicológicas, como nos Estados Unidos.


            Até o século XX no Ocidente, as crianças eram vestidas de forma lúdica como marinheiros, escoteiros ou adultos em miniaturas, por volta dos13 a 14 anos, eles abandonavam as calças curtas e esperava-se que se comportassem como adultos. O termo adolescente só surgiu em 1898 com o psiquiatra americano Stanley Hall, mas só se tornou popular após a Segunda Guerra Mundial, na mesma época em que surgiu o rock e a revolução cultural.


            O que moldou o que hoje conhecemos como adolescência foi a vida urbana do pós guerra, a revolução cultural e sexual, a mudança dos padrões de comportamentos influenciados pelo Cinema e mais tarde pela televisão e a criação definitiva de uma fase da vida em que o indivíduo se reconhecesse como jovem e deve-se seguir um padrão identificado, como por exemplo, pelo jeans e a camiseta. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A MODERNIDADE DE CARTIER BRESSON



            A fotografia em seus primórdios era um acontecimento social, pessoas ilustres como o Imperador D. Pedro II, se fascinavam com a nova invenção moderna, mas era um momento em que se vestiam as melhores roupas e se pousava solene para o registro daquele momento específico, geralmente em ambientes fechados.



            Conheci o trabalho de Henri Cartier Bresson, fotógrafo francês nascido em 1908 e morto aos 95 anos, através de um informativo e fiquei intrigada com o seu estilo que me transportava com precisão para o momento do acontecimento da cena, procurando conhecer mais sobre o assunto, descobri que trata-se de um modernista na melhor acepção da palavra, alguém que não segue um método rígido de condutas.



            O seu trabalho era feito com uma câmara fotográfica Leica na mão sem tripé, era uma forma de não ser percebido. Acreditava que fotografia não é algo capaz de ser aprendido, mas é preciso sentir a cena e ver o momento certo de apertar o disparador do equipamento. O seu mundo era a rua, o tempo, as pessoas comuns longe de formalismos ou institucionalizações.



            Era um artista e acreditava que o visor da máquina fotográfica era capaz de desnudar a pessoa, vê a sua essência. Sua influência na fotografia mundial é imensurável, com a ideia de que a foto é aquilo que você ver num exato momento em que nosso instinto está preparado para captar. Mas para isso é preciso está na rua, onde as coisas acontecem.


            Suas fotos retratavam a vida em sua acepção mais realista, com tipos comuns e muitas vezes com um cunho social que chegava a chocar setores do meio na Europa. Para mim fica a lição que é preciso entender a técnica, mas a criatividade, a sensibilização do olhar, o aprender ver a cena é o que torna fascinante o mundo da fotografia.
            

terça-feira, 16 de outubro de 2012

CASAMENTO: UM CONTRATO SOCIAL



O homem para viver em sociedade necessita, seguir um código de conduta pré estabelecido pela coletividade que determina o seu comportamento perante si e perante os outros. Contudo, esse código não é fixo, ele é mutável e obedece períodos históricos, classes sociais, interesses das mais diversas naturezas.


            Pensando nesse panorama sociocultural, fico indagando sobre o casamento. Nas sociedades primitivas, como por exemplo, entre os nativos brasileiros de algumas tribos, o amor não é o elemento central na escolha do marido, as mulheres preferem um grande caçador, um guerreiro e até um curandeiro. O afeto não é demonstrado por mãos dadas ou beijos. A mulher pinta o corpo do marido de urucum e carvão, conversam e fazem tarefas juntos.


            Na sociedade que vivemos, antes de representar afeto o casamento sempre foi um contrato de interesses, sejam eles, familiares ou de casta, políticos, econômicos ou culturais. Acredito que essa obrigação de uma paixão avassaladora é antes de qualquer coisa, uma construção social resultado da modernidade, com claras influências do movimento Romântico, do cinema e das telenovelas.


            Uma coisa não pode ser prescindida no relacionamento conjugal é o respeito, o cuidado, o afeto e muitas vezes até o amor, mas um amor maduro daqueles sem grandes afetações, onde o cuidado com o outro seja o objetivo central do relacionamento. Mas faço aqui uma ressalva, um abraço de vez em quando é algo imprescindível, para uma longa vida juntos. 

domingo, 14 de outubro de 2012

ESTUDANDO FOTOGRAFIA





            Fico imaginando como gosto de várias coisas, e o tanto de tempo que necessitária para fazer tudo, mas, mesmo gostando dessa multiplicidade de coisas que compõe à vida vou fazendo o que posso de acordo com as oportunidades. Esses dias resolvi estudar fotografia, gosto de cinema e sempre quis entender mais das técnicas fotográficas que ampliassem o meu olhar de espectadora, de pessoa curiosa.


            Vejo a fotografia como, um momento único entre o fotógrafo e a cena que ele encontra a frente, e trata-se de pura arte, mesmo em tempos de fotografia digital em que as pessoas vivem com máquinas fotográficas portáteis e com um simples clique registram o que veem, o que desejam. Mas é uma arte mais meticulosa do que o meu entendimento poderia conceber. Registrar uma cena exige um processo de produção raciocínio e montagem. Exigindo técnica e controle do resultado final de uma única imagem. É preciso entender ou saber do que se trata de coisas como: abertura focal, diafragma, profundidade de campo e sobretudo de luz, que é a matéria prima da fotografia.


            A fotografia só é arte porque tem a cultura abstrata como alicerce, acho que é também artesanato, porque o cotidiano suplica, por novas ideias, visuais fieis da dinâmica do mundo em que vivemos. O caminho que separa a massa clicadora da fotografia pensada é raciocínio da cena e entendimento das técnicas, o que dará um resultado que vai além do clique sem pensar.