segunda-feira, 1 de outubro de 2012

PARA ERIK HOBSBAWM.





            Gosto de tudo um pouco, por isso não consigo me definir exatamente como sendo de uma área específica. Como já disse em outros momentos nesse espaço tenho especial interesse pelas coisas do passado, sendo assim, tenho uma predileção por história. Daí vem o meu interesse pela obra de Hobsbawm. Seu estilo com forte caráter marxista me prendem a leitura agradável do início ao fim.



            Eric J. Hobsbawm nasceu em Alexandria no Egito, em 1917. Estudou em Viena, Londres e Cambridge. Fez parte do corpo docente do King’s College de Cambridge, entre 1940 e 1955, foi catedrático de História da faculdade de Birbeck da Universidade de Londres de 1959. Morreu hoje em Londres aos 95 anos, deixando um legado intelectual de grande relevo para explicar a nossa modernidade.


            Comecei a ler sua obra por Era dos Extremos: o breve século XX, que traz um aspecto politico da história mostrando que o século XX iniciou-se com a Primeira Guerra Mundial em 1914 e terminou com o fim do regime Socialista da antiga URSS em 1991. Depois voltei no tempo e comecei no estudo das eras com: A era das Revoluções (1789-1848); A era do Capital (1848-1875); A Era dos Impérios (1875-1914). O interessante dessas três Eras é a monumental força que possuem para analisar a história mundial.


            É traçado com extraordinária clareza o processo de transformação pelas quais passaram todas as camadas sociais da Europa, indo da Revolução Francesa ao período das Revoluções passando pela formação dos Impérios Coloniais que marcaram o século XIX e deram ensejo à Primeira Guerra Mundial.


            O que me fascina é a forma como ele integra a cultura, a política e a vida social, com precisão teórica e capacidade de síntese. Sua visão é abrangente, original, seu estilo é conciso e elegante. Analisando as transformações sociais sob um ótica que transcende a visão oficial daqueles que ganharam às batalhas da sociedade que ele analisa.



            Por tudo isso, hoje mais do que nunca reafirmo a imortalidade do seu legado. E do prazer que causa a leitura de suas obras. 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O COTIDIANO DE MICHEL MASSEFOLI (SEGUNDA PARTE).




            O rompimento com o paradigma da horizontalidade tradicional modernista, mostra a contestação em diversos pontos: a educação em seus fundamentos tradicional, a inutilidade da intelectualidade, o insucesso dos partidos políticos e o surgimento de estruturas espontâneas que contestam o monopólio sindical. Hoje há suspeição, mesmo dentro das estruturas midiáticas, os jornalistas podem ser vistos como os dinossauros da modernidade.


            Massefoli assinala que a morte do poder é um claro indício do reviver as potencialidades vitais que vêm de baixo. Vivemos num curso de superação da racionalidade cotidiana e isso pode ser visto, na volta das mais diversas formas de misticismo. O paganismo da deep ecology, o sucesso do candomblé brasileiro, os cultos de possessão de diversos tipos, mostram a importância inegável desses fenômenos.



            O cotidiano pós moderno é formado pela volta ao paganismo, que aproveita a realidade momentânea para o que ela tem de bom ou de mal. Isso é notável nas práticas das jovens gerações com fortes conotações pagãs como: grupos musicais, afinidades sexuais e exacerbação tribais como: piercing e tatuagens.


            A religiosidade da pós modernidade é o espírito do tempo, com a volta ao ideal comunitário. É o fim de um ciclo de solidariedade mecânica (racional e abstrata) para uma solidariedade orgânica, vinda de baixo que retoma formas arcaicas e tribais, onde se privilegiam sentimentos de pertencimento e emoções vividas em comum. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O COTIDIANO PÓS MODERNO DE MICHEL MAFFESOLI.




Esses dias assisti uma conferência com o professor Michel Massefoli da Sorbonne, Universidade de Paris, França. O professor é titular da cadeira de Sociologia que pertenceu a Émile Durkheim. Interessei-me sobremodo, pelo seu estudo sobre a pós-modernidade. Na leitura que estou fazendo sobre a obra O Tempo Retorna, retirei algumas impressões, que imagino serem importantes de compartilhamento.


Massefoli propõe uma volta as formas elementares de Durkheim que considerava serem as marcas indeléveis de uma determinada época. Com a retomada dessas formas, poderemos entender o nosso cotidiano pós moderno que se coloca para além do exacerbamento racionalista que marcou a modernidade iluminista. É preciso analisar o cotidiano a partir do ponto de vista da vida a fonte diária de transformações e renovações do dinamismo existencial.


O ressurgimento da vida cotidiana é a primeira característica da pós modernidade. Embora continuemos influenciados pela exploração econômica, moral, simbólica e ideológica. O conhecimento íntimo do mundo vivido não é uma propriedade de alguns, ou de qualquer ideia institucionalizada, mas um feito de todos os membros da comunidade.


A revolução que vivemos da vida cotidiana, nos leva a pensar numa cultura feita de elementos simples que prescindem do providencialismo agostiniano, iluminista, hegeliano ou marxista. Essa superação do providencialismo marca a substituição do paradigma vertical para o horizontal que é a base comum de todo os fenômenos contemporâneos.


Os fatos relevantes do mundo cotidiano possuem base no copertencimento como assinala as redes sociais e as buscas a uma religiosidade pagã, rompendo as tradicionais hierarquias verticais e com as religiões monoteístas. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O HOMEM E A CULTURA.





Esses dias ensaiei uma volta as ciências Sociais e isso me trouxe uma imensa satisfação, primeiro porque foi isso que eu sempre quis fazer da vida, estudar e discutir elementos que explicassem a sociedade. Nessas indagações pensei nas tentativas de localizar o homem no conjunto dos seus costumes, penso que o homem é formado por um conjunto de níveis cada um deles entrecortado com os inferiores e reforçando os que estão acima dele. Essa formação é composta por fatores biológicos, anatômicos, fisiológicos, neurológicos que forma todo o edifício da vida humana.


A noção do que seja a essência humana é revelada mais claramente nos aspectos da cultura que são universais como: religião, casamento, propriedade ou noção da vida eterna. O que seja humano não é tão claro naquilo que é típico de um povo em particular, pois cada um considera como sendo o ideal seus usos e costumes culturais.



A cultura é o conjunto de mecanismos de controle- planos, receitas, regras, instruções que governam o comportamento humano. Isso se expressa através do pensamento humano que é tanto social como público. A cultura não é somente aquilo que nos diferencia enquanto seres pertencentes a grupos sociais específicos, mas aquilo que nos controla, que dita as normas da vida humana, isso indica que não existe natureza humana independente de cultura.