Mostrando postagens com marcador Eric Hobsbawm. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eric Hobsbawm. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

VIVENDO NO LIMITE: A ERA DOS EXTREMOS DE ERIC HOBSBAWM


            
A Era dos Extremos é um livro seminal para compreensão do século XX e da nossa contemporaneidade, escrito pelo historiador Eric Hobsbawm. Segundo ele, o século XX começa em 1914 a exatos 100 anos, com a primeira Guerra Mundial e termina em 1991, com o fim da União da Soviética. O interessante é que esse breve século foi caracterizado por extremos. De um lado o povo alcançou um padrão de vida até então inimaginável. Paradoxalmente foi o período que aconteceram as maiores catástrofes da história.


            Na primeira etapa do livro Hobsbawm relata a “Catástrofe”, ocasionada por duas guerras mundiais, que ele classifica como um embate só a “Guerra dos 31 anos” (1914-1945). Nessa etapa os projetos nacionais de potenciais capitalistas europeias entraram em choque. A segunda parte começa com os vitoriosos da Segunda Guerra dividindo as áreas de influência do mundo. De um lado o bloco socialista, de outro uma nova versão do capitalismo inaugurando sua “Era de Ouro”, com rápida industrialização e grande melhora na qualidade de vida da população.



            A partir de 1973, muitas mudanças ocorreram: a revolução dos costumes iniciada em 1968; a derrota dos Estados Unidos no Vietnã; a revolução da tecnologia da informação; a queda da União Soviética e a ascensão da China socialista na economia de mercado. Tudo isso revela um novo momento, em que a velha ordem estava sendo questionada. A Era dos Extremos termina e dá lugar a uma nova Era, feita de incertezas, em que novos desafios estão postos, novas questões são debatidas, mas velhos conceitos ainda predominam.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O ESVAZIAMENTO DA POLÍTICA


            Para o grande historiador Erick Hobsbawm o século XIX terminou somente em 1914 com a Primeira Guerra Mundial e o século XX bem antes do seu fim cronológico em 1989 com a queda do Muro de Berlim. Dos escombros do Socialismo surgiu um novo mundo, a nossa contemporaneidade que muitos chamam de pós modernidade. Que seria uma nova forma de manifestação da velha modernidade racionalista, centrado sobretudo, na dispersão e na multiplicidade de interesses os mais variados possíveis.


            Uma das mais fortes manifestações da nossa era contemporânea é o esvaziamento da política. Não se pode pensar mais em classes, agora o que existe são categorias. Aquele sujeito revolucionário da segunda metade do século XIX e XX não comparece mais a história. O sujeito contemporâneo não faz política revolucionária, seu maior objetivo são seus interesses pessoais, defende apenas a sua causa seja ela, racial, sexual, religiosa entre outras.


            Nas eleições presidenciais desse ano isso se torna cada vez mais claro, é o esvaziamento do debate, das questões concretas, do interesse coletivo, cada um defende o seu quinhão a sua gleba na Terra de Santa Cruz. São sintomas de uma era em que a aparência se sobrepõem a essência, de relativismos exacerbados, onde as lutas de classes foram suprimidas, pela dispersão relativa do “olhar” pessoal de cada um sobre os assuntos da sociedade.



            A cultura pós moderna contemporânea tem a tendência a transformar o mundo num sistema de símbolos, promovendo um caldo ideológico capaz de falsear a realidade. Pelo andar da carruagem vemos que a pós modernidade é uma época neo conservadora, pelo menos no campo político. As transformações de tempo e espaço conduzidas pela revolução do mundo virtual não conseguiram avançar no mundo político.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

OS MELHORES DO JAZZ



            Jazz é um ritmo encantador, daqueles que é impossível ficar triste, ouvindo. Eu acredito que é o melhor da música americana e tem origem nos escravos africanos, começou a ser chamada assim nos anos 1910 e 1920. A distinção e beleza de sua música está relacionada a miscigenação, a suas notas dissonantes são oriundas de notas ornamentais ou armazenamentos. Sua essência é a música vocal e mesmo a execução instrumental quase sempre imitam a voz humana.


            Estudiosos do assunto como Erick Hobsbawm, afirmam que o contexto social do afro norte americano foram fundamentais para a sua produção musical refletindo aspectos culturais de busca em preservar sua música e suas características ancestrais oriundas do contexto africano. Seu surgimento se deu para o entretenimento dos trabalhadores pobres e o crescimento das grandes cidades. É uma música democrática por excelência e apreciada inicialmente pelos menos intelectuais e especialistas.


            Dentre os considerados notáveis escuto dois, Louis Armstrong (1901-1971) e Ella Fitzgerald (1917-1996), que apresentam um mundo maravilhoso de notas, melodias e vozes que são universais.  O que mais gosto em Armstrong, é a capacidade que ele tinha em adiantar ou atrasar notas, mudar a melodia, colocar a voz, fazer efeitos vocais, improvisar ou adiantar uma improvisação. Sua técnica no trompete é notável e ouvi-lo é diversão garantida. Ella é a diva negra de voz doce e incrível, com entonação de menina, técnica vocal apurada com capacidade de percorrer escalas além de cantar com incrível alegria.


            Ouvi-los é para mim uma experiência única, é como se eu fizesse um passeio a esquina acompanhada por eles, ou uma viagem internacional na primeira classe de uma big-band. Quem me leva pela mão nesse passeio, são os instrumentos melódicos (piano, trompete do Armstrong, bateria e baixo) e suas vozes harmoniosas. Como todo bom passeio, vou bem longe e volto segura, um pouco mais feliz, mais viva e sempre querendo mais. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

PARA ERIK HOBSBAWM.





            Gosto de tudo um pouco, por isso não consigo me definir exatamente como sendo de uma área específica. Como já disse em outros momentos nesse espaço tenho especial interesse pelas coisas do passado, sendo assim, tenho uma predileção por história. Daí vem o meu interesse pela obra de Hobsbawm. Seu estilo com forte caráter marxista me prendem a leitura agradável do início ao fim.



            Eric J. Hobsbawm nasceu em Alexandria no Egito, em 1917. Estudou em Viena, Londres e Cambridge. Fez parte do corpo docente do King’s College de Cambridge, entre 1940 e 1955, foi catedrático de História da faculdade de Birbeck da Universidade de Londres de 1959. Morreu hoje em Londres aos 95 anos, deixando um legado intelectual de grande relevo para explicar a nossa modernidade.


            Comecei a ler sua obra por Era dos Extremos: o breve século XX, que traz um aspecto politico da história mostrando que o século XX iniciou-se com a Primeira Guerra Mundial em 1914 e terminou com o fim do regime Socialista da antiga URSS em 1991. Depois voltei no tempo e comecei no estudo das eras com: A era das Revoluções (1789-1848); A era do Capital (1848-1875); A Era dos Impérios (1875-1914). O interessante dessas três Eras é a monumental força que possuem para analisar a história mundial.


            É traçado com extraordinária clareza o processo de transformação pelas quais passaram todas as camadas sociais da Europa, indo da Revolução Francesa ao período das Revoluções passando pela formação dos Impérios Coloniais que marcaram o século XIX e deram ensejo à Primeira Guerra Mundial.


            O que me fascina é a forma como ele integra a cultura, a política e a vida social, com precisão teórica e capacidade de síntese. Sua visão é abrangente, original, seu estilo é conciso e elegante. Analisando as transformações sociais sob um ótica que transcende a visão oficial daqueles que ganharam às batalhas da sociedade que ele analisa.



            Por tudo isso, hoje mais do que nunca reafirmo a imortalidade do seu legado. E do prazer que causa a leitura de suas obras.