domingo, 4 de novembro de 2012

A HORA DE DESACELERAR



            Tenho a impressão que vivemos o tempo todo em ritmo frenético, conheço pessoas que trabalham doze horas por dia e se consideram bem sucedidas, porque acreditam ser necessário viver desse jeito em sua grande maioria para manter o alto custo de consumo que tem as suas vidas, isso é o homem contemporâneo.


            O filósofo Nietsche dizia que aquele que não tem dois terços do dia só para si é escravo, não importando o que seja: estadista, comerciante, funcionário ou erudito. Vivemos um processo de histeria coletiva pelo correr das horas, onde as pessoas dizem que as 24 horas do dia não são suficientes para a resolução dos seus afazeres.


            O trabalho invadiu de uma forma desordenada a vida pessoal, a ânsia das pessoas para viverem de acordo com os padrões da contemporaneidade em especial os padrões de consumo, torna o ter coisas, mais importante do que ser alguém que valoriza momentos simples como o olhar nos olhos de quem fala, valorizar o por do sol, ou está ao lado de alguém que precisa de ajuda.


Comungo do pensamento de Aristóteles que acredita que a meta é a busca do equilíbrio, sem excessos de atividades que levariam a desgastes, nem excessos de descanso que pode chegar a estagnação. Para mim aproveitar bem o tempo é se conhecer cada vez mais, e buscar a paz interior. Por fim tenho um questionamento que ecoa em minha cabeça: para que correr tanto se a vida é um bem tão raro?
            

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SOBRE NATUREZA




            Ontem vi um documentário no canal a cabo Nat Geo Wild sobre vida marinha e isso me gerou várias indagações. O que me chamou atenção eram iguanas marinhas, répteis que tinham origem no início do processo evolutivo do planeta terra. Afora qualquer teoria ou comprovação de natureza científica, uma coisa é certa, existe uma força energética de outra dimensão que coordena a natureza para que tudo seja tão perfeito.


            Não desacredito que assim como nosso corpo, nosso cérebro é resultado de uma longa evolução. Mas a flora, a fauna, as estações do ano, as manifestações físicas como o vento a harmonia que tudo possui é resultado de uma força inteligente. Nesse documentário fica claro que cada ser vivo tem um propósito e se adapta ao local em que vive, produzindo uma grande cadeia.


            Fico pensando que existem coisas que o homem, com toda sua engenhosidade não conseguiu criar como a água, a harmonia do universo, ou os astros. O poder que governa os astros, a força da criação de animais e plantas, dá provas da existência desse princípio inteligente que coordena o universo.


            Nada no planeta terra encontra-se dissociado, tudo está interligado, uma ação em uma parte do planeta repercute nas demais. Noite e dia, tarde e manhã, em todas as estações, mostra o movimento grandioso da vida, e é através da vida que o ser pensante se liga a natureza.


            Para mim o que ficou dessa reflexão foi que todos os seres que habitam o planeta terra, homens, animais, plantas, encontram-se sobre uma única base, sujeitos a um único sistema, dividindo o mesmo ar e o mesmo solo. E essa vida universal nada mais é do que uma permuta constante de matéria e energia coordenadas por uma força inteligente que a humanidade chama de Deus. 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

VIVEMOS PARA CONSUMIR




 Pelo que vejo o que as pessoas conversam, discutem e desejam penso que a sociedade contemporânea satisfaz os desejos da abundância e do supérfluo como nenhuma outra sociedade antes pode fazer. É a sedução das promessas de satisfação. Mas essa satisfação só se completa construída numa base de insatisfação, ou seja, é preciso o permanente aliciamento de possuir coisas novas para que a roda do consumo continue a girar. O que começa como necessidade, termina como compulsão ou vício. 


Hoje se buscam nas lojas as soluções para aliviar as dores e a ansiedade dos problemas sociais e interpessoais. A promessa de satisfação que o bem de consumo oferece deve ser enganosa, ou no mínimo exagerada para que a busca continue e a demanda do consumo e da economia não possa ser esvaziada.


O mundo do consumo degradou a duração e promoveu a transitoriedade. O valor da novidade é colocado acima do valor da permanência. Hoje o lapso temporal entre o querer e o obter foi extremamente encurtado. A sociedade do consumo não é nada além de excesso e fartura. A vida dos consumidores é uma infinita sucessão de tentativas e erros. O que ontem era lixo, ou não estava em alta amanhã será a nova sensação, tudo convive num ciclo de repetições infinitas.


Vive-se cada vez mais para ter e não para ser. As relações são virtuais, os bens são passageiros, os aparelhos eletrônicos são cultuados como semideuses. É a padronização da vida, onde o ideal é fazer aquilo que está na moda. O que fica de tudo isso é que nunca tanta coisa foi descartada com tanta facilidade como se faz nos tempos contemporâneos. Tenho a impressão que o que persiste intimamente é um vazio que a roda do consumo não consegue preencher. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA ADOLESCÊNCIA





            O magistério é um exercício de aprendizado mútuo, aprendi mais dando aulas do que estudando sozinha, disso tenho certeza. Durante uma boa época ministrei a disciplina de adolescência, e daí surgiram várias pesquisas e indagações sobre o assunto. A primeira e primordial é a de que adolescência e puberdade são coisas diferentes. Puberdade é a transformação biológica sofrida pelo corpo entre os 12 e 13 anos e adolescência é um processo de construção social que varia de acordo com a cultura.


            Margareth Mead, antropóloga americana, em pesquisa realizada na ilha de Samoa na primeira metade do século XX, descobriu que a adolescência era uma período comum da vida, que se passava de forma suave, não existia marcas de angustias emocionais ou psicológicas, como nos Estados Unidos.


            Até o século XX no Ocidente, as crianças eram vestidas de forma lúdica como marinheiros, escoteiros ou adultos em miniaturas, por volta dos13 a 14 anos, eles abandonavam as calças curtas e esperava-se que se comportassem como adultos. O termo adolescente só surgiu em 1898 com o psiquiatra americano Stanley Hall, mas só se tornou popular após a Segunda Guerra Mundial, na mesma época em que surgiu o rock e a revolução cultural.


            O que moldou o que hoje conhecemos como adolescência foi a vida urbana do pós guerra, a revolução cultural e sexual, a mudança dos padrões de comportamentos influenciados pelo Cinema e mais tarde pela televisão e a criação definitiva de uma fase da vida em que o indivíduo se reconhecesse como jovem e deve-se seguir um padrão identificado, como por exemplo, pelo jeans e a camiseta. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A MODERNIDADE DE CARTIER BRESSON



            A fotografia em seus primórdios era um acontecimento social, pessoas ilustres como o Imperador D. Pedro II, se fascinavam com a nova invenção moderna, mas era um momento em que se vestiam as melhores roupas e se pousava solene para o registro daquele momento específico, geralmente em ambientes fechados.



            Conheci o trabalho de Henri Cartier Bresson, fotógrafo francês nascido em 1908 e morto aos 95 anos, através de um informativo e fiquei intrigada com o seu estilo que me transportava com precisão para o momento do acontecimento da cena, procurando conhecer mais sobre o assunto, descobri que trata-se de um modernista na melhor acepção da palavra, alguém que não segue um método rígido de condutas.



            O seu trabalho era feito com uma câmara fotográfica Leica na mão sem tripé, era uma forma de não ser percebido. Acreditava que fotografia não é algo capaz de ser aprendido, mas é preciso sentir a cena e ver o momento certo de apertar o disparador do equipamento. O seu mundo era a rua, o tempo, as pessoas comuns longe de formalismos ou institucionalizações.



            Era um artista e acreditava que o visor da máquina fotográfica era capaz de desnudar a pessoa, vê a sua essência. Sua influência na fotografia mundial é imensurável, com a ideia de que a foto é aquilo que você ver num exato momento em que nosso instinto está preparado para captar. Mas para isso é preciso está na rua, onde as coisas acontecem.


            Suas fotos retratavam a vida em sua acepção mais realista, com tipos comuns e muitas vezes com um cunho social que chegava a chocar setores do meio na Europa. Para mim fica a lição que é preciso entender a técnica, mas a criatividade, a sensibilização do olhar, o aprender ver a cena é o que torna fascinante o mundo da fotografia.