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quarta-feira, 18 de junho de 2014

AH, OS BONS TEMPOS DE OUTRORA


            Vocês já devem ter ouvido falar em Ulisses, o herói da Odisseia. É aquele sujeito que depois da Guerra de Troia passou dez anos tentando voltar para casa. Não foi fácil. Ele teve de enfrentar um ciclope queijeiro e antropófago, um bando de sereias psicopatas e uma bruxa que, só de implicância, queria transforma-lo num porco. Sem falar, que foi obrigado a ser amante de uma ninfa por sete longos anos.



            Sempre lembro de Ulisses quando tento fazer um programa cultural. No cinema preciso enfrentar o cheiro de pipoca com manteiga. Em concertos as pessoas que falam em voz alta. No teatro a peça, muitas vezes tediosa. E em todos os lugares tenho que enfrentar os flanelinhas. Os flanelinhas são muito piores que os ciclopes queijeiros e antropófagos.



            Em seus poemas Homero repete 873 vezes que Ulisses tinha mil estratagemas para enfrentar seus obstáculos. Eu tenho apenas um penso nos bons tempos de outrora. Me imagino caminhando pelas cidades que admiro, passeando pelos períodos mais gloriosos da humanidade. Como a magistral Roma Antiga. É para lá que eu vou quando o cheiro de pipoca com manteiga tenta dominar minha alma ou quando alguém começa a falar no celular no meio da execução musical.




            Também costumo dá uma passada na Londres do século 18, com os teatros cheios. Com as pessoas que não gostavam das peças e jogavam laranjas nos atores. E quando volto, percebo que o cinema e o teatro hoje são mais toleráveis, chego mesmo a achar que estou num lugar civilizado.