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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

HOMENAGEM A D. PEDRO II





            Ler sobre o Brasil sempre foi um dos meus passatempos preferidos, inevitavelmente acabei encontrando no período da Monarquia brasileira e em especial na figura do segundo imperador uma notoriedade, uma humanidade impossível de não amar. Nunca vi a figura pública, aquela fabricada, construída pela história oficial, dos vencedores republicanos, mas a figura humana, muito bem traçada em perfis de novos historiadores como Mary Del Priori ou jornalistas com uma nova visão como Laurentino Gomes.


            Pedro de Alcântara, como gostava de ser chamado, foi um menino triste e criado unicamente para servir ao Brasil. Órfão de mãe e abandonado pelo pai foi criado por amas e tutores, no frio ambiente estatal, no fim, foi visto como um menino triste, mas extremamente estudioso e disciplinado. Assume o trono do Brasil em plena adolescência, e tem um casamento arranjado com uma nobre europeia a quem considerou feia e sem graça, se sentindo enganado pela situação, mas no entanto viveu uma vida conjugal morna, mas com respeito.


            Pedro era um homem das letras, e um homem do seu tempo, viveu em uma época de apogeu das ciência, que até então era a nova verdade absoluta, soberana do conhecimento e da razão. Amava tanto os estudos que impôs uma rígida agenda para suas filhas Isabel e Leopoldina, além de participar pessoalmente das atividades do Colégio Pedro II, assim como fazer viagens internacionais percorrendo o circuito cultural da época e chegar a dizer que se não fosse imperador seria professor.


            Mas o que me causa profunda admiração é o seu amor pelo Brasil, seja em se alistar na famigerada Guerra do Paraguai, como o voluntário número I, numa época em que se recrutava voluntários na pátria, e fora todas as controvérsias, a Guerra serviu para fortalecer o sentimento de pertencimento à nação, e para que está não viesse a se fragmentar como as vizinhas de língua espanhola. Ou pela austeridade com os recursos públicos, quando passou o Segundo Reinado recebendo o mesmo valor de pensão do Estado. Além de permitir uma liberdade de expressão para imprensa impossível de ser pensada na época, pelos caudilhos e ditadores dos países vizinhos.


            Já doente e perto do fim da Monarquia, quando soube da abolição da escravatura no Brasil, considerou que agora sim, o país seria uma grande nação. Era amado e respeitado pelo povo, e gozava de popularidade, no entanto, não se rebelou ao receber o golpe orquestrado pelo novo regime, à República, e com dignidade recusou uma pensão dos novos mandatários, e passou a viver no exílio de empréstimos de pessoas amigas. Quando faleceu o Conde, D`Eu, marido da Princesa Isabel, encontrou entre seus pertences um travesseiro com terra do Brasil em que estava escrito que queria ser enterrado com ela. Afirmava sempre no exílio: nunca me esqueci do Brasil morro pensando nele, que Deus o proteja.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AS MUDANÇAS QUE O SÉCULO XIX TROUXE





            Sinceramente eu tenho uma predileção pelo passado e em especial pelo século XIX, período que já falei em outros momentos desse blog. O prenuncio transformador desse período aconteceu um século antes com a Revolução Industrial na Inglaterra e as Revoluções americanas e francesas. O direito das monarquias que se arvorava divino, passou a ser contestado e substituído pelas retribuições de riquezas e de privilégios na sociedade.


            O mundo se transformava em proporções nunca antes vistas, navios a vapor, locomotivas, o telégrafo e o telefone encurtavam o mundo. Até então os seres humanos se moviam como a10 mil anos a pé ou a cavalo. Em 1800 uma viagem oceânica entre a Inglaterra e a Índia, contornava o cabo da boa esperança e demorava sete meses, no final do século graças ao navio a vapor esse tempo foi reduzido para duas semanas.


            Nas comunicações as transformações ainda foram mais surpreendentes, cartas viajavam a pé no mesmo ritmo das pessoas. Uma correspondência despachada de Lisboa em Portugal levava dois meses para chegar ao Rio de Janeiro. Impressoras mecânicas, o telégrafo e o telefone mudaram tudo, a informação que antes viajava, agora era transmitida de maneira instantânea através de cabos em torno do planeta.


            As pessoas passaram a ler jornais dominicais, e a opinião como disse Balzac passou a ser em papel e tinta. Foi o século das ideologias como o comunismo, nacionalismo, socialismo e imperialismo, que propunham novos modelos de sociedade e caminhos diferentes para alcança-los. O que essas ideologias tinham em comum era a noção de que era preciso reformar a sociedade e o Estado para acelerar o progresso humano, em busca de uma era de prosperidade e felicidade.


                  O que considero mais interessante desse período é a crença na ciência e na tecnologia como capazes de conduzir o homem a um novo patamar de conhecimento, essa crença só veio a ser abalada com a Primeira Guerra Mundial, na primeira metade do século XX, que mostrou que o homem não era capaz de tudo que se imaginou no século XIX. Acreditava-se que era o momento do triunfo da razão, como instrumento inabalável para explicar não só o funcionamento da natureza, como da sociedade. Deus está morto, concluía Nietsche em seu clássico Assim falou Zaratustra.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

DEGAS E A VIDA MODERNA



            O século XIX é uma época importante porque considero a base da vida moderna tal qual  a conhecemos. Antecipando a fotografia, vejo a inegável importância de Degas com a pintura da vida moderna. Na década de 1860, novos temas passaram a integrar o inventário quase secular da iconografia acadêmica. A mitologia burguesa se sobrepõe aos heróis do Olimpo e do Sinai. A modernidade dos temas disseminou abordagens e modalidades inéditas de olhares.


            Degas foi sem dúvida um dos artistas mais inovadores e originais do século XIX. O seu olhar extraordinariamente agudo permitiu-lhe entrar no coração da vida parisiense moderna- o café concerto, as corridas de cavalo, a vida nos bastidores do teatro Ópera- com uma rapidez e uma liberdade de aproximação sem precedentes.


            A dança tema característico de toda a sua produção apresenta jovens dançarinas que modelam um corpo ainda juvenil, exibido bem além dos limites fixados pela rigorosa moral burguesa da época. Ele via na dança- nos movimentos, na leveza e na graça das dançarinas, uma sobrevivência do espírito da Grécia Antiga.



            Para mim a obra Em um Café (O Absinto) é o grande ícone da vida moderna. É uma cena diante de um copo de absinto, é como se as duas figuras vivessem alheias ao que o mundo estava vivendo com o frenesi da modernidade. A cena é ambientada no Café de la Nouvelle-Athènes, da praça Pigalle, antigo ponto de encontro dos grupos hostis ao imperador Napoleão III. Degas registra fielmente o lugar, das mesinhas de mármore ao biombo que separava o terraço. Nesse registro fiel vejo a antecipação da fotografia.


            Degas também foi escultor. O que chama atenção é uma bailarina esculpida com cera, com peruca, gaze, sapatilha e bandana de seda entre os cabelos. A figura de 14 anos exibe a fisionomia animalesca, que, aos espectadores da época, sugeria uma clara procedência social e promessas morais. Mostra inquietude com a civilização moderna, reedição contemporânea das esculturas antigas, a pequena bailarina representa representação única na escultura oitocentista.


            Um fato interessante é que Degas não teve alunos; talvez a sua originalidade fosse tanta que outros artistas só conseguiram colher a sua herança aos poucos, mas foi, porém o inspirador de vários deles e em geral sua inspiração sempre foi benéfica.