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terça-feira, 16 de setembro de 2014

PARIS-MANHATTAN: CATIVANTE FILME DO CINEMA FRANCÊS



 Vi Paris Manhattan (França-2013) de forma totalmente despretensiosa e reafirmo minha impressão de que a França se impõe com sua política cultural de ideias indo além de um pretenso valor comercial. A diferença com os EUA é que arte não é comércio no cinema francês, mesmo que seja muito difícil de se seguir essa matriz de produção. Paris Manhattan é um filme incompreendido por parte da crítica que não legitima seu verdadeiro valor.


O filme é uma obra cativante porque homenageia o cinema francês, Wood Allen, o grande cineasta estadunidense e exalta o papel do romance na vida das pessoas. Alice (Alice Taglioni) é uma farmacêutica que não tem sorte no amor e para curar suas carências é viciada nos filmes de Wood Allen, na verdade ela se sente como se recebesse conselhos do cineasta e esses conselhos são baseados em diálogos de filmes seus. Adorei a ideia de colocar a personagem como uma farmacêutica-filósofa que receita filmes de Allen para curar solidão, traumas e outros problemas de alguns clientes.



É um filme simples mais valoroso, que trata da solidão do amor. Os pais de Alice sofrem juntos e silenciosos a doença da mãe. A irmã mais nova vive um estranho casamento. O romance de Alice e Vítor (Patrick Bruel) começa de forma tumultuada e evolui de admiração para amizade e finalmente paixão que se consolida com a presença inesperada do próprio Wood Allen. A cineasta estreante Sophie Lellouche produziu um filme simples mais cativante e o segredo pode ser a sinceridade com que trata seus personagens. Belo filme que transcede a produção meramente mercadológica.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A ESPUMA DOS DIAS COM AUDREY TATOU


A Espuma dos Dias (França 2013) é daquelas surpresas boas provando que é possível a produção de bons filmes num mundo em grande parte mercadológico. O filme baseia-se em importante obra homônima da literatura francesa de Boris Vian escrita no final da década de 1940. Estrelado por Audrey Tatou que dispensa apresentação. Colin (Romain Duris) é um homem rico que não trabalha, passa o tempo envolvido em invenções futurísticas como um piano que produz bebida de acordo com notas musicais, mesas girantes, sapatos que possuem vontade própria e um rato que se comporta como ser humano.


Colin recebe a visita de um amigo (Chick), que costuma gastar todo o seu dinheiro em livros mas, se relaciona com uma mulher. Assim, ele decide fazer o mesmo e conhece Chloe (Audrey Tatou) uma bela e encantadora moça eles se apaixonam e se casam. A felicidade do casal é interrompida quando Chloe se descobre doente de uma doença rara nos pulmões, Colin abandona a seu estilo de vida e passa a trabalhar em atividades difíceis para custear o tratamento de Chloe que não obtém nenhuma melhora.


Desde a primeira cena percebi que estava diante de algo inovador, diferente de tudo que eu tinha costumado ver desde O Cão Andaluz de Buñuel. O filme nos apresenta um mundo ilógico. Pessoas que voam, casam que diminuem, comidas com vontade própria, carros transparentes e em formato de nuvens. Procurei metáforas e sentidos para o que o filme apresenta e senti que assim como a lógica da vida talvez a graça esteja em não ter muito sentido. Mergulhei numa fuga de conceitos e paradigmas pré determinados, nesse sentido o filme já vale muito a pena de ser visto.


Gosto da terminação de Colin em acreditar de forma obstinada que as coisas podem melhorar, se negando as suas incapacidades e acreditando que a mulher amada poderá ficar boa. A fotografia do filme é impecável, no início os cenários são coloridos e fantasiosos, a medida que a história evolui vão se tornando esmaecidos até o ponto do filme ser terminado em preto e branco.



A Espuma dos Dias é daqueles filmes que ou se ama ou se odeia, isso pode ser justificado pelo nível de exageros a que propõem. Para mim faltou alma e uma certa dose de doçura. Em alguns momentos me senti em uma fantástica fábrica de brinquedos. Mas o filme é bom, encantador, inovador. Procura romper nossas visões pré-concebidas. Acho que o casal romântico deveria ter sido mais explorado, mas, mesmo assim gostei, não superou minhas expectativas, mas recomendo.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O ROMANTISMO DO FILME O ATALANTE


            Para viver para sempre feliz com quem você ama, é preciso ter a capacidade de conviver com o outro e suportar tudo. Pequenos problemas devem ser ultrapassados. Ela não gosta de gatos sobre a mesa quando está comendo. Ele guarda roupa suja no armário a mais de um ano. Ela guarda para si os momentos que passam juntos. Ele curte o seu melhor amigo, barbudo e tagarela. Ela quer ver Paris. Ele se preocupa com o seu trabalho.



            O Atalante, de 1934, do francês Jean Vigo, nos conta uma história de amor desse tipo e consta nas listas entre os grandes filmes da história do cinema. Em linhas gerais, parece uma história comum. Começa com o casamento de Jean, um jovem capitão de uma barcaça, com Juliete uma jovem de um vilarejo. Não há festa no casamento, ela vai morar diretamente na barcaça com o marido, Jules um marinheiro que andou no mundo, um taifeiro e pelo menos meia dúzia de gatos.



            Certa noite ela escuta no rádio as mágicas palavras isto é Paris. O marido preocupado com o trabalho não a leva para ver a cidade, ela decide sair sem que ele perceba e quando volta a barcaça não está mais lá. O bonito do filme é que a história não é banal, mas apresentado de uma forma poética. Mais do que ligar o jovem casal a qualquer enredo eles são os momentos que a memória irá iluminar daqui a cinquenta anos, basta ver a primeira manhã deles, quando acorda ouvem uma serenata de acordeão e uma canção de marinheiro.




            O filme apresenta um ar suavemente poético. Na fotografia a maioria dos planos captura o frio das paisagens dos canais, os esfumaçados bistrôs, os apertados quarteirões e magnificência da velha barcaça. É o tipo de filme que você irá voltar a apreciar como sua canção preferida. Lembrando-se de onde estava quando a ouviu pela primeira vez e como fez você se sentir. Dentre as alternâncias entre tristeza e felicidade, esse casal nos ensina que o amor sobrevive, se realmente for amor.