terça-feira, 22 de janeiro de 2013

AS PESSOAS E AS CIRCUNSTÂNCIAS



            Esses dias me peguei pensando no que me dizia uma antiga amiga: não existe o amor mas as circunstâncias. Essa teoria desconstrói aqueles nossos pensamentos mais arraigados de que subitamente, a partir de um único olhar se é capaz de amar alguém, ou de um modo geral, desconstrói conceitos do que cada indivíduo não se imagina capaz de fazer.


            Conheci uma mulher bonita, mas sem sucesso financeiro, na casa dos trinta e cinco anos que se casou com um homem que aos vinte ela jamais imaginaria em ficar, mas ele vinha acompanhado de todos os charmes facilitadores da vida contemporânea: viagens internacionais; bons carros e casas; empregados e alto poder de consumo. E aí foi amor, ou foram as circunstâncias?


            Já conheci gente de todos os tipos e digo sem medo de errar, dependendo das circunstâncias as pessoas são capazes de romper os mais sólidos códigos éticos e praticar atos que condenam durante toda uma vida.


            Tenho alguns parâmetros e acho que ninguém está imune: a traição, amorosa/sexual, ou de amizade/lealdade; agradar a poderosos; ou praticar algum ato vergonhoso por fraqueza ou covardia. É tudo vai depender das circunstâncias e ninguém sabe do que é capaz. É fácil ser honesto quando se tem a vida financeira resolvida e não se corre o menor risco de ficar com aquele dinheiro que se achou, já que não se precisava.


            Imagino que ninguém é capaz de dizer que não será capaz de fazer isso ou aquilo, qualquer um pode ser desonesto, traidor, herói e até santo vai depender apenas do momento e das circunstâncias. 

sábado, 19 de janeiro de 2013

O QUE O TEMPO NOS DÁ





            Quando fiz vinte anos achava que sabia da vida, me imaginava capaz de casar, definir minha vida profissional e dá conselhos com base na minha experiência. Ter trinta anos era algo distante e nos meus planos de então quando essa data chegasse eu já seria estável e teria algum sucesso seja, no que fosse.


            Hoje aos trinta existe algumas vantagens de não ter vinte, a principal delas é perder cada vez menos tempo com bobagens. Só vou ao cinema para ver filmes, aos quais tenha lido as críticas de pessoas que tenham mais ou menos a mesma linha de pensamento que a minha. No quesito restaurantes vou sempre aos mesmos, dois ou três, e peço os mesmos pratos, pois sei do que gosto e do que não gosto e ainda rezo, para vim sempre com o mesmo sabor. Ir a lugares novos, só se meu estado de espírito estiver disposto, pois geralmente dá preguiça.


            As vezes sinto saudades daquela época em que eu arriscava, e era inteiramente sentimental, mas hoje vejo que sempre que me aventuro, me arrependo, seja até mesmo para fazer um compra sem planejamento.


            Nas preferências de viagens, tenho uma cinco no máximo e sei exatamente o que procuro e o que quero fazer. E quando isso acontece tenho a ilusão de que a vida tem alguma estabilidade, embora não seja aquela que eu sonhava aos vinte anos.


            No capitulo relacionamento amoroso é melhor nem arriscar e se entregar como se fazia aos vinte. As mulheres costumam fazer qualquer coisa para não ficar sozinhas. Foi construído que não se pode ir sozinha ao cinema, nem passar o fim de semana em casa consigo mesma, além do que seriamos  frágeis por natureza. Acredito que as mulheres são frágeis mas não a ponto de viver na companhia de alguém que não amam, somente para preencher a solidão e parecer estáveis.



            Hoje vejo que o mais importante é não ter grandes planos, nem correr riscos desmedidos, já que passaremos a vida correndo risco, além do que com o tempo entendemos que não dá mais para perder tempo com bobagens e que a vida é mais do que aquilo que nos disseram para fazer.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O MUNDO DAS REDES SOCIAIS


            Lendo a minha revista semanal me deparei com uma matéria falando de um índice que mede a popularidade das pessoas com base nas redes sociais e fiquei pensando que mundo é esse que estamos vivendo?  Conheci o conceito de rede social  com Manuel Castell na Trilogia Sociedade em Rede, no início dos anos 2000, com o querido professor Edmilson Lopes Junior, mas, materialmente rede social se popularizou tanto que digo sem medo de errar, que determina boa parte dos padrões de relacionamentos na contemporaneidade.



            Esse índice a que me refiro é chamado de Klout e é calculado a partir de uma base de variáveis incluindo o número de seguidores no Twitter, a frequência de atualizações, o número de recomendações e amigos. Esse índice teria influências na “reputação” do usuário nas redes sociais e estaria sendo usado até pelo mercado corporativo.


            Isso me deixa pensando o que é preciso para se ter alta popularidade nas redes sociais? Fazendo um passeio pelo perfis mais populares, ou seja, aqueles que possuem maior número de amigos ou seguidores, cheguei a algumas conclusões: é necessário frequentar com assiduidade as redes sociais, tempo e energia são fundamentais; deve-se indicar moda, restaurantes e aforismos filosóficos, mesmo que sejam vazios de significado; é preciso também que os registros fotográficos do cotidiano sejam reproduzidos e curtidos pelo maior número de pessoas.


             E o que é preciso para manter essa influência? É preciso acima de tudo que o usuário, nunca se ausente do mundo das redes sociais por mais de uma semana, porque com o decurso do tempo, já vai está desatualizado e aquela legião de amigos/seguidores migrarão automaticamente para outro perfil.


            Fico pensando nessa contemporaneidade, cada vez mais obcecada pela aparência, e o que apresentam nas redes sociais pode significar um componente para alimentar a estratificação social, e o comportamento exacerbadamente ansioso que tristemente marca o nosso tempo, onde todos seguem mansamente a marcha da manada. 

domingo, 13 de janeiro de 2013

O MUNDO DA ALIMENTAÇÃO



A comida é uma forma de comunicação é através dela que o ser humano vai explicitar sua visão de mundo. O individuo tem a possibilidade de modificar seu ambiente e o que é comestível é determinado pela cultura, o estranhamento de determinados hábitos depende do grupo social que o representa.


Na Idade Média era comum vim a mesa a carne em peças inteiras, e usava-se as mãos para se alimentar. Vejo a cozinha de uma sociedade como a forma estrutural de representação de seus hábitos para isso basta compararmos que existem sociedade que a vaca é comestível como a nossa e outras que se alimentam de cães que para nós, são quase pessoas da família.


O padrão alimentar ocidental, mudou muito nos últimos anos, a partir do pós guerra nos EUA o ideal era parecer jovem e moderno e na alimentação, isso era materializado com a coca cola e o hambúrguer e o adolescente era o público por excelência desse padrão. Vejo que alguns alimentos vivem momentos de prestígio e outros de baixa, a carne por exemplo, teve o seu consumo aumentado dos anos 1950 a 1990.


Um fato curioso que acho é em relação a festas e reuniões de pessoas, na década de 1950 e 1960 grandes festas tinham que ter coquetel de camarão e comida boa era aquela cozida com gordura, usava-se até banha de porco. Hoje numa rápida visita pelas internet vejo que existe até bolo pop feito de chocolate kit kat e envolvido com uma fita. Não faz muito tempo a cozinha molecular representada por Ferran Andria era o que tinha de mais moderno, hoje o ideal é o retorno a práticas naturais como os alimentos orgânicos.


Entendo que as práticas alimentares na atualidade estão cada vez mais influenciadas pela publicidade e a indústria tem sido eficaz nesse sentido ao outorgar símbolos a tudo que produz e a comida é associada ao status social. Mas na contemporaneidade uma coisa é certa a culinária se mundializou e em qualquer praça de alimentação de shopping center se encontra representações de boa parte do mundo.


Uma coisa é certa hoje vivemos no mundo alimentar a cultura da quantidade e não do sabor com a ausência de uma cultura ligada a gastronomia que é vista mais como um luxo do que uma arte.