segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A ARTE DOS PADRÕES SIMÉTRICOS E ASSIMÉTRICOS




            Naturalmente temos uma tendência para a simetria, consideramos que tudo deve está ordenado, harmônico, alinhado. Nas artes essa tendência foi por muito tempo majoritária e acredito que ainda o é entre a média das pessoas. Na Grécia Antiga, o artista se preocupava com a reprodução da realidade voltada para a perfeição das formas.



            Nas obras de arte daquele período não há corpo humano que seja tão simétrico. A cópia meticulosa da aparência passava por um processo de embelezamento e era comum se omitir qualquer imperfeição. Essa simetria influenciou os conceitos de beleza da sociedade ocidental que associa o belo as noções de gosto, equilíbrio, harmonia e perfeição.


            No século XX essa noção de simetria foi contestada por muitos artistas e o assim assimétrico se destacou, a própria noção do que seja arte foi contestada e foram incluídos materiais e técnicas antes jamais pensadas. Marcel Duchamp (1887-1968), artista francês criou o termo ready made para classificar a utilização de um ou mais artigos de uso cotidiano, selecionados sem ritérios estéticos e expostos como arte em lugares especializados como museus e galerias.


            Outro exemplo de rompimento foi a pop art surgido na Inglaterra nos anos 1950 e muito usando nos Estados Unidos na década de 1960 também usava objetos comuns como garrafas e tampinhas e tinha o objetivo de criticar o consumismo, Andy Warhol (EUA 1928-1987), apresentava personalidades públicas e produtos relacionados ao consumismo do povo norte americano como refrigerantes e latas de sopa.


            A arte simétrica passa a conviver com o assimétrico. Para mim, arte é a transformação simbólica do mundo  que nasce da cabeça do artista, onde é influenciado pela sua cultura que transforma sua visão de mundo, daí a modernidade foi capaz de criar beleza para o assimétrico. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A VOLTA DO NONSENSE





            Essa semana após ler a declaração do Ministro da Justiça, dizendo preferir a morte a passar uma temporada nas cadeias brasileiras, lembrei-me do nonsense (absurdo) que é uma expressão inglesa para mostrar aquilo que é desbaratado, sem nexo, sem lógica, temos como exemplo na literatura o conhecido livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll. É a negação, o oposto daquilo que alguém vê como sendo a verdade. A cultura em épocas massificadas e principalmente mundializadas ressalta atos, falas e ações com caráter muitas vezes bizarro, que no Brasil é tão ao gosto dos nossos homens públicos. 


            Na segunda metade do século XX, o nonsense ganhou as artes, com o teatro do Absurdo que levava aos palcos a discussão sobre a crise social e moral que passava a sociedade naquele período, através de dramas insólitos, tentando desnudar a burguesia. Hoje percebo que esse teatro está mais presente do que nunca, a solidão do homem e sua insignificância permeia a nossa sociedade.


            Os tempos são outros, mas o burlesco, o absurdo e o insólito não precisa mais de autores nem de atores, são as pessoas do mundo real que protagonizam as cenas. Essa produção é feita com abundância em jornais, tevês, revistas e redes sociais. O homem mais do que nunca vive sozinho, convivendo com seu supremo egocentrismo iluminista.


            Só para se ter um exemplo do auge do burlesco, temos o facebook e o instagram, como supremos espaços onde se pode falar tudo ou simplesmente como autômatos, reproduzir o que dizem, através de um simples clique. A ideia é ver e ser visto nesse grande passeio público da virtualidade.


            Fiquei pensando em algumas passagens dos perfis brasileiros de moças ricas com maior número de seguidores no instagram e vi o que fazem: fotografam tudo, do que vão comer a roupa que vão vestir, passando pela compras, encontro com pessoas reais, arrumação da casa, em síntese qualquer coisa que possam encontrar, não existe sentido é o apogeu do burlesco, para ficarmos só num exemplo, e assim caminha a nossa sociedade, com velhos novos tempos. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

DO QUE FALA A HISTÓRIA



            Quando eu era criança nos anos 1990, onde eu nasci no Nordeste do Brasil a cor da  pele,  infelizmente, ainda era um diferencial para qualificar um ser humano. Lembro de um parente que era político e teve dificuldade para se eleger influenciado pela cor negra de sua pele. Mas tarde conheci o Apartheid da África do Sul do Nelson Mandela, e a discriminação racial dos EUA, com personagens como Martin Luther King e Rosa Parker.


            Em 2008 me senti extremamente tocada com a campanha de Barack Obama para presidente daquela nação, lembro que torci ativamente por cada voto que ele recebia para ser o candidato do partido Democrata, a sua vitória então, foi carregada de um imensurável simbolismo, como a historia e a sociedade podem evoluir. O dinamismo do mundo social mostra que a vida e as pessoas podem melhorar. Passamos de uma sociedade que separava espaços de convivência pela cor da pele das pessoas para uma sociedade que elege seu presidente negro.



            Agora quatro anos depois, em tempos de rede social, acompanhei com satisfação através da rede de compartilhamento de fotos Instagram a imagem de Obama com sua família na festa da vitória de sua reeleição e tenho esperanças de viver num mundo melhor. Sua vitória é fruto das mesmas alianças de 2008: negros, hispânicos, jovens, gays, mulheres, asiáticos, foram novamente as urnas para confirmar o foto no primeiro presidente de origem africana dos EUA.


            Apesar das dificuldades de se concretizarem, as ações que estão na contramão do sistema capitalista como a defesa ao meio ambiente com o enfrentamento do aquecimento global, os programas sociais para os pobres, o aumento da cobertura de saúde, nem tudo está perdido, o que importa é que existe a discussão e a intenção de que as mudanças sejam operadas, como no discurso do presidente reeleito. Por isso tenho esperanças de viver num mundo melhor, onde as pessoas se reconheçam mais heterógenas e a vida seja mais igualitária. 

domingo, 18 de novembro de 2012

JAMES BOND: O PASSADO QUE SE RENOVA



            Cinema é uma das minhas grandes paixões, mas nunca curti muito filmes de ação, uma exceção são os filmes da série 007, inventados por Ian Fleming, acho que pelo tom geopolítico e a mensagem de política internacional me conquistaram. Uma época comprei todos os filmes, resolvi assistir e é para mim até hoje uma diversão incrível.



            O personagem 007, James Bond foi criado por Ian Fleming (1908-1964) em 1953, a sua inspiração veio de vários agentes de inteligência que trabalhavam para a marinha britânica, que o autor conheceu na época da Segunda Guerra Mundial. Acredito que quando resolveram levar para o cinema não se imaginava que estivesse surgindo uma franquia tão rentável.


J




            O agente foi vivido oficialmente por seis atores (Sean Connery, de longe o meu preferido e imbatível, pelo charme, elegância e coragem que deixa transparecer, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig), foi protagonizado 23 longas metragens e 15 diretores. Sobre o Daniel Craig, só acredito que foi capaz de incorporar o personagem agora no último filme de 2012 Skyfall.





            Para mim, o insuperável é o primeiro filme da série com o magnifico San Connery 007 Contra o Satânico Dr. No (1962), é nesse momento que é estabelecido as características que vão marcar o herói: um elegante e perspicaz bom vivant, que gosta de belas mulheres, sabe curtir os prazeres da vida e se empenha como ninguém em salvar o mundo. Úrsula Andrés é o arquétipo da Bond girl, bonita, dúbia e muito perigosa.


            Existem algumas marcas que são registradas na série que para minha alegria, voltam com entusiasmo nesse último filme, as canções, o uso de contorno e sombras na abertura, o carro do 007, o Aston Martin prateado de Goldfinger e 007 Contra Chantagem Atômica e os equipamentos tecnológicos, que magistralmente é somente o uso do rádio, as críticas consideram como uma homenagem do filme aos 50 anos da série.




            Surgido no auge da Guerra Fria, Bond encarna o medo que vivia a sociedade ocidental, exteriorizada pelos vilões bizarros. O que me entristece é que a partir dos anos 1990, o herói cedeu ao cinema de pancadarias, sangue e cenas de efeito que casam com o cinema mais moderno, mais apesar disso ainda é um prazer ver Bond, James Bond.