domingo, 11 de novembro de 2012

SABER PERDOAR




            O que é a ofensa, se não o ato de agressão do outro em relação a nós, agressões das mais diversas naturezas, capazes de gravar no nosso psiquismo lembranças que dificilmente podem ser esquecidas. Perdoar independe de esquecer, até porque somos seres dotados de inteligência, e dentro dos parâmetros de normalidade mantemos em nossa memória os fatos da nossa vida.


            A diferença fundamental é que aquele que perdoa consegue se livrar dos ressentimentos, que seria a forma de você sentir novamente a dor da ofensa. Quem perdoa se torna livre, sem a necessidade de ficar preso a nenhum sentimento de natureza negativa.


            Acredito também que perdoar independe do consentimento ou da aceitação do outro, é um ato de adesão voluntária, é um ato de amor que simplesmente se sente. Mas, existe um tipo de perdão que eu considero extremamente importante, aquele que você concede a si próprio, se perdoando pelos erros cometidos, e procurando seguir o caminho da vida da forma mais justa possível, pautada em valores universais como: o amor, a solidariedade, a tolerância, a compreensão, a caridade.


Uma vez ouvi uma historia de que uma mãe que procurou Gandhi para pedir a ele que dissesse ao seu filho que parasse de comer açúcar e ele falou que ela poderia voltar com um mês, após esse período a mãe voltou e ele disse para a criança que parasse de comer açúcar e explicou que não tinha  feito antes porque ele mesmo ainda comia, ou seja, não devemos cobrar do outro aquilo que não fazemos nem possuímos. A mudança que queremos para o nosso mundo necessariamente começa por nós.

            Acredito que quando o ser humano entender que  perdoar é conquistar o enobrecimento, o homem será forte pelo amor e compreensão que seja capaz de distribuir, na vida é preciso se livrar de magoas e ressentimentos para poder seguir o caminho da auto evolução.



domingo, 4 de novembro de 2012

A HORA DE DESACELERAR



            Tenho a impressão que vivemos o tempo todo em ritmo frenético, conheço pessoas que trabalham doze horas por dia e se consideram bem sucedidas, porque acreditam ser necessário viver desse jeito em sua grande maioria para manter o alto custo de consumo que tem as suas vidas, isso é o homem contemporâneo.


            O filósofo Nietsche dizia que aquele que não tem dois terços do dia só para si é escravo, não importando o que seja: estadista, comerciante, funcionário ou erudito. Vivemos um processo de histeria coletiva pelo correr das horas, onde as pessoas dizem que as 24 horas do dia não são suficientes para a resolução dos seus afazeres.


            O trabalho invadiu de uma forma desordenada a vida pessoal, a ânsia das pessoas para viverem de acordo com os padrões da contemporaneidade em especial os padrões de consumo, torna o ter coisas, mais importante do que ser alguém que valoriza momentos simples como o olhar nos olhos de quem fala, valorizar o por do sol, ou está ao lado de alguém que precisa de ajuda.


Comungo do pensamento de Aristóteles que acredita que a meta é a busca do equilíbrio, sem excessos de atividades que levariam a desgastes, nem excessos de descanso que pode chegar a estagnação. Para mim aproveitar bem o tempo é se conhecer cada vez mais, e buscar a paz interior. Por fim tenho um questionamento que ecoa em minha cabeça: para que correr tanto se a vida é um bem tão raro?
            

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SOBRE NATUREZA




            Ontem vi um documentário no canal a cabo Nat Geo Wild sobre vida marinha e isso me gerou várias indagações. O que me chamou atenção eram iguanas marinhas, répteis que tinham origem no início do processo evolutivo do planeta terra. Afora qualquer teoria ou comprovação de natureza científica, uma coisa é certa, existe uma força energética de outra dimensão que coordena a natureza para que tudo seja tão perfeito.


            Não desacredito que assim como nosso corpo, nosso cérebro é resultado de uma longa evolução. Mas a flora, a fauna, as estações do ano, as manifestações físicas como o vento a harmonia que tudo possui é resultado de uma força inteligente. Nesse documentário fica claro que cada ser vivo tem um propósito e se adapta ao local em que vive, produzindo uma grande cadeia.


            Fico pensando que existem coisas que o homem, com toda sua engenhosidade não conseguiu criar como a água, a harmonia do universo, ou os astros. O poder que governa os astros, a força da criação de animais e plantas, dá provas da existência desse princípio inteligente que coordena o universo.


            Nada no planeta terra encontra-se dissociado, tudo está interligado, uma ação em uma parte do planeta repercute nas demais. Noite e dia, tarde e manhã, em todas as estações, mostra o movimento grandioso da vida, e é através da vida que o ser pensante se liga a natureza.


            Para mim o que ficou dessa reflexão foi que todos os seres que habitam o planeta terra, homens, animais, plantas, encontram-se sobre uma única base, sujeitos a um único sistema, dividindo o mesmo ar e o mesmo solo. E essa vida universal nada mais é do que uma permuta constante de matéria e energia coordenadas por uma força inteligente que a humanidade chama de Deus. 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

VIVEMOS PARA CONSUMIR




 Pelo que vejo o que as pessoas conversam, discutem e desejam penso que a sociedade contemporânea satisfaz os desejos da abundância e do supérfluo como nenhuma outra sociedade antes pode fazer. É a sedução das promessas de satisfação. Mas essa satisfação só se completa construída numa base de insatisfação, ou seja, é preciso o permanente aliciamento de possuir coisas novas para que a roda do consumo continue a girar. O que começa como necessidade, termina como compulsão ou vício. 


Hoje se buscam nas lojas as soluções para aliviar as dores e a ansiedade dos problemas sociais e interpessoais. A promessa de satisfação que o bem de consumo oferece deve ser enganosa, ou no mínimo exagerada para que a busca continue e a demanda do consumo e da economia não possa ser esvaziada.


O mundo do consumo degradou a duração e promoveu a transitoriedade. O valor da novidade é colocado acima do valor da permanência. Hoje o lapso temporal entre o querer e o obter foi extremamente encurtado. A sociedade do consumo não é nada além de excesso e fartura. A vida dos consumidores é uma infinita sucessão de tentativas e erros. O que ontem era lixo, ou não estava em alta amanhã será a nova sensação, tudo convive num ciclo de repetições infinitas.


Vive-se cada vez mais para ter e não para ser. As relações são virtuais, os bens são passageiros, os aparelhos eletrônicos são cultuados como semideuses. É a padronização da vida, onde o ideal é fazer aquilo que está na moda. O que fica de tudo isso é que nunca tanta coisa foi descartada com tanta facilidade como se faz nos tempos contemporâneos. Tenho a impressão que o que persiste intimamente é um vazio que a roda do consumo não consegue preencher.