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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

OS ANOS 1800 NO BRASIL E A INVENÇÃO DA FOTOGRAFIA



            Quando chegou a terras brasileiras, o engenhoso instrumento de Daguerre, causava admiração a facilidade com que se obtinha, se conservava e se mantinha a imagem. A necessidade por uma experiência visual era uma constante, numa sociedade em que a maioria era analfabeta tal artifício possibilitaria um conhecimento mais rápido, mais generalizado, possibilitando também que os grupos pudessem se auto representar.


            A fotografia que se ambicionava era a de paisagem, e está se aproximava aos cânones da pintura romântica. A partir de 1862, os fotógrafos do Império participaram de exposições universais e receberam prêmios. Foi o período da pose por excelência, os preços da fotografia eram módicos e um trabalhador poderia tirar uma foto no centro do Rio de Janeiro.


            No Brasil ganhou grande público a foto pintura que fornecia um ar aristocrático a fotografia e a aproximava da pintura a óleo. Fazia sucesso também os retratos em porcelana, que era dado a parentes e amigos como lembranças da pessoa retratada. As idas ao fotógrafo não era frequente iam-se geralmente de uma a duas vezes por ano.


            Nenhuma família se interessou tanto por fotografia quanto a imperial, D. Pedro II é citado como grande incentivador da fotografia. As fotografias pertencentes a família imperial, incluem uma gama variada de temas: desde os retratados posados mais formais, passando pelas imagens do cotidiano e indo até a acontecimentos formais do Império.


            Além da família imperial, a clientela dos estúdios era formada pela classe senhorial agrária e pela população urbana, enriquecida pelo comércio e serviços prestados a burocracia imperial. Uma das imagens mais comuns retratadas nessa época que chegaram até nós é a de escravos que era produzida dentro e fora dos seus ateliês. Os escravos apareciam em atividades cotidianas, encenadas no estúdio do fotógrafo, em outras, pousavam em trajes bem cuidados as mulheres com turbantes e os homens de terno, sempre descalços, marca indelével da escravidão.


            Encontramos registros fotográficos que recriam com precisão o cotidiano da sociedade da época como vendedores ambulantes em sua maioria negras, de frutas, doces e fazendas. A reprodução do trabalho das fazendas ficou conhecido internacionalmente, com reprodução do trabalho em fazendas de café, amas de leite, vestidas com elegância com a criança nos braços e negros idosos com o aspecto cansado por não terem sido donos da própria vida. O interessante é como a retratação em preto e branco expressa a melancolia e a riqueza desse período, mostrando como a fotografia é importante para notificar a cara de uma sociedade. 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O MAR ME LEMBRA CAYMMI



            Sou do sertão, e só vim conhecer o mar, quando já entendia de mim, e das minhas principais predileções, deve ser por isso, que quando lá estou e sinto sua grandeza física, energética e mística tenho uma trilha sonora que emoldura esse pensamento, as músicas do baiano Dorival Caymmi, notadamente, aquelas que falam do mar. Caymmi é um dos mais célebres músicos brasileiros, suas músicas são construídas, para exaltar sua querida Bahia, o mar e a mulher brasileira. Seu jeito meio ocioso lembra o cansaço que a maresia traz e as inevitáveis viagens que fazemos para dentro de nós mesmos.


            Caymmi é o artista figurativo, aquele que cria de forma harmônica crônicas e versos de inspiração folclóricas. Suas canções trazem: equilíbrio, ordem, beleza clássica, regularidade, harmonia liberta de amarras formais, e um tanto de sabor evocativo do samba urbano.


            Suas canções têm tamanha poeticidade, soam tão naturais que parecem acontecimentos vindos da natureza, com um que de brasilidade e baianidade. A sua voz é grave, porém mansa, chega a lembrar um canto erudito. Os seus ritmos e gêneros eram comuns aos pescadores da Bahia. Suas canções retratavam a crônica de uma época a linguagem de uma gente. Como na música Vida de negro é difícil, é difícil como o que (Retirantes), composta por ele e Jorge Amado. Trilha sonora da novela Escrava Isaura da TV Globo.


            O interessante de sua obra é a permanência e a vitalidade que ela desempenha no presente, têm relevância estética além do período em que foi produzida. O seu espaço canônico reservado na música brasileira ao lado de outros como Ari Barroso ou Noel Rosa é incontestável. Por fim fico com o conselho de João Ubaldo Ribeiro escutai Caymmi ele não quer que decifres nada a não ser vós mesmos, como é a empresa sagrada dos grandes poetas. E por tudo isso, fico com seu verso mais bonito é doce morrer no mar.
           
           
            

terça-feira, 11 de junho de 2013

O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN





Quem disse que o cinema europeu não pode ser leve, divertido, bonito, instigante se engana ao ver O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, é o tipo de filme que você tem vontade de chamar todos para verem como você de sua mãe ou tia a seu companheiro amoroso. O roteiro é relativamente simples Amélie é uma menina do subúrbio que cresce isolada porque seu pai acredita que ela tem um problema no coração, não frequentando a escola nem convivendo com outras pessoas, a mãe morre durante a sua infância e ela passa a viver sozinha com o pai.


Na maioridade Amélie se muda para Montmarte e vira garçonete do bar Dois Moinhos, um dia no seu apartamento encontra uma caixa de brinquedos de um antigo morador, perdida a 40 anos e decide procura-lo para entregar o que acredita ser um tesouro da vida daquela pessoa, ao entregar os pertences ao dono e perceber o quanto ele se emociona Amélie muda sua visão de mundo, e decide praticar o bem de forma indistinta através de pequenas ações e tornar as pessoas com quem convive mais felizes, até ela própria se descobrir apaixonada e ver que para ter chance de ser feliz também precisa se permitir correr riscos.


O filme é expressivo através dos olhos do personagem somos levados a uma Paris peculiar onde cada recanto tem sua importância, seu valor, os personagens são deliciosamente caricatos, como a hipocondríaca, o vendedor de frutas, a zeladora do prédio e o pintor com os ossos de vidro. As figuras de linguagem como metáforas e metonímias são dignas de aplausos e dão ritmo e charme ao compasso dessa irresistível  comédia romântica.


O olhar expressivo de Audrey Tatou nos hipnotiza e dá a ideia de que o mundo pode ser um lugar melhor para se viver, lembro que vi o filme pela primeira vez a uns quatro anos e tive a sensação de está dentro de um mundo diferente, os elementos colocados no filme são estetizados e harmonizados de modo a passar quase que despercebidos pelo olhar do espectador, a fotografia causa estranhamento e aproximou minha visão de um conto de fadas moderno.


Acredito que o filme é um sucesso pelo seu olhar transcendental do mundo, o olhar de que é sempre possível melhorar, de que ajudar ao outro pode ser uma alternativa, e que a partir dessa ajuda você possa modificar sua própria vida. E no fim o espectador tem uma alternativa sorrir se encantar e mergulhar no conto de fadas moderno da Amélie Poulain que encontra um amor por quem se apaixona a primeira vista e mostra que viver de forma simples e despretensiosa vale muito a pena.