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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

TEATRO DE REVISTA NO BRASIL



            Dos vídeos do You tube estão entre os meus favoritos aqueles que trazem filmes com números do chamado Teatro de Revista, com artistas como Zé Trindade, Virgínia Lane, Renata Fronzzi, Emilinha Borba dentre outros. Os filmes são dos anos 1950, e estão enquadrados no gênero das chamadas chanchadas, filmes carnavalescos comuns nesse período produzidos pela Atlântica a mais famosa produtora carioca da época, com enredos simples, populares que em sua maioria parodiavam sucessos do cinema americano com o popular Teatro de Revista.


            O Teatro de Revista buscava a interação com o público era uma revisão de costumes em que se ironizava e se sondava a alma brasileira. No enredo via-se sempre alguém perdido, perseguido. Os personagens parecem caricaturas, alegorias, com atores que tenham um caráter de improvisação, espontânea, como Oscarito e Grande Otelo, Dercy Gonçalves e Zé Trindade. À este ator cabia, dançar, cantar, possuir o tempo da comédia e a agilidade do improviso.



            Mas a grande atração eram as atrizes que cantavam, dançavam e rebolavam dentro de seus maiôs, com uma sensualidade provocativa numa sociedade que ainda se via pudica, mas que a olhos contemporâneos, chega a parecer inocente. Chamadas de vedetes, receberam influencia francesa, o que pode ser visto com as plumas, o sotaque francês e a bossa como um todo, isso deslumbrou o povo, esse teatro foi se transformando até adquirir características nacionais peculiares que culminam no que pode se definir como uma identidade genuinamente brasileira do gênero.

Para ser vedete, era preciso ser bonita e escultural, e representava na Revista, o último número do espetáculo, era a apoteose. Em 1950, Virginia Lane recebeu do Presidente Vargas o título A Vedete do Brasil, era tão fantástica que nem ele resistiu aos seus apelos, mantendo com ele um discreto caso amoroso por 15 anos. Fez 37 filmes durante sua carreira, hoje sua indefectível apresentação de Sassaricando chega a ser cult. Outras famosas da época foram: Renata Fronzzi, Elvira Pagã e nos anos 1940 Luz del Fogo, primeira naturista brasileira.

A vida particular das vedetes era o que causava interesse e aumentava o seu sucesso, Elvira Pagã, no início da década de 1950 na praia de Copacabana foi a criadora do biquíni, exalava sexualidade e enlouquecia a constante plateia feminina. Era manchete permanente de escândalos, a bomba que escandalizava a preconceituosa sociedade da época. Chegou a ser impedida de entrar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, frequentado pela alta sociedade da época.

Gosto de ver os vídeos porque considero que é a melhor forma artística que representou a ideia que o Brasil tinha de si, onde é possível reconhecer a sociedade brasileira nos palcos e traçar uma identidade cultural do país. O interessante é que não se abdicava em suas apresentações do olhar crítico e irônico dos acontecimentos sociais da época. Eram produções recheadas de humor e duplo sentido, apesar de ser um gênero marginalizado, considerado menor, enriqueceram a produção nacional e dialogaram muito bem com o mundo de então. 

domingo, 14 de abril de 2013

IMPRESSÕES DO BRASIL DE JK ATRAVÉS DO CINEMA NACIONAL ANTIGO





Já disse em vários momentos aqui no blog, que sou como dizem hoje, retrô por excelência, foi antigo, de outra geração, já me interessa, imagine se houver a combinação entre cinema e produção nacional antiga, é a maravilha. Vi no You tube o filme Entrei de Gaiato de 1959, uma chanchada (gênero de comédia nacional) passando por musicais com cantores da época como Moacir Franco, Linda Batista e Emilinha Borba.


Os atores principais são os comediantes Zé Trindade e Dercy Gonçalves, que interpretam seus papéis sem grandes esforços. O que me impressiona é o enredo construído com base na esperteza, malandragem e perspicácia do famoso jeitinho brasileiro, onde os vigaristas Dercy e Trindade tentam se hospedando num hotel de luxo, aplicar golpes, para se dá bem e sair da situação de penúria em que vivem. O filme hoje parece mais ingênuo e infantil do que nunca, o pano de fundo é o carnaval do Rio e a mudança da Capital para Brasília, como pode ser visto na música interpretada por Grande Otelo Maria Brasília.


Na verdade, o filme, faz uma sátira a situação da época o governo JK e a corrupção da construção de Brasília quando o Coronel JJ (Zé Trindade) aparece no hotel com uma mala cheia de tijolos, e ainda diz aqui tem mais tijolo que a construção de Brasília. O que fica claro são as mudanças da época num mundo de transição entre a morte de Getúlio, o Governo de JK e a construção do modo de produção capitalista brasileiro.


O humor apresenta-se com uma função social notável como instrumento de crítica política na história, como manifestação da nossa cultura de massa dos anos JK. A comédia musicada carioca, principalmente através das marchinhas carnavalescas e sambas de todos os tipos, mostra que para que todo esse humor e crítica ser possível havia liberdade de expressão no Governo JK, possível para as estripulias de Dercy Gonçalves e Zé Trindade.