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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A BOA LEITURA DE 1889 DE LAURENTINO GOMES




Gosto de tudo que está relacionado ao Brasil, quando estava na academia procurava entender o país sob o ponto de vista de estudiosos que usavam como ponto de partida o método científico, comecei apresentando trabalhos com base no clássico Casa Grande e Senzala e daí entender o Brasil foi um tema que nunca mais saiu de mim. Além disso sou fascinada por história, em especial a chamada micro história, aquela que é mais próxima do mundo da história que não é contada pelos vencedores. Deve ser por isso que gosto tanto do trabalho do jornalista Laurentino Gomes, que com esse livro 1889 encerra uma bem sucedida trilogia sobre a história do país, os outros textos são 1808 e 1822.


Quando estava no mestrado me questionava quem vai ler minha dissertação? Terá eficácia prática ou ficará apenas arquivada e empoeirada em alguma estante de uma biblioteca de uma Universidade? Acredito ser esse o fim da maioria das teses, principalmente no Brasil, não atingem o grande público, e Laurentino Gomes com o seu trabalho, vai na contramão desse ostracismo, possibilita o alcance dos acontecimentos sobre o viés da micro história, ao grande público, os fatos que ele narra na trilogia foram essenciais para a formação e consolidação do país que temos.


Acredito que por sua linguagem objetiva, mais próxima da realidade é que seus livros são sucesso de crítica e de público, o que mostra que existe um grande contingente de pessoas interessadas em nossa história, talvez não o fizessem porque as opções que tínhamos no mercado eram emolduradas pelo rigor e pedantismo academicista.


Sua linguagem flui, ler o seu texto é como ler uma revista, com o mérito de está discutindo a formação do país, elemento primordial para compreendermos a nossa contemporaneidade. 1889, não traz novidades, nem está dividido através do rigor cronológico, os capítulos, mostram os dois lados da revolução e são divididos, entre outros, da seguinte forma: O Marechal, O Professor, D. Pedro II, A Redentora. Para mim o mais interessante é o capítulo que traça o perfil do Imperador D. Pedro II, ele humaniza a figura do homem que viveu pelo Brasil e para o Brasil, o seu relato é tão fiel, que nada fica a dever a nenhum acadêmico.


Sua imparcialidade no texto é notável, mas, sabe analisar com precisão os acontecimentos que narra, quando diz que a República se impôs, mas pela fragilidade da Monarquia do que propriamente pelo vigor do movimento republicano ou pela agilidade do Marechal Deodoro. Acredito que o grande mérito do livro está em mostrar um fato que os acadêmicos já trouxeram e agora com o livro chega a conhecimento de um número muito maior de pessoas, a falta do elemento povo, na participação da proclamação da República e da queda do antigo regime, o povo de forma apática via os novos donos do poder dominar o país e a família real ser expulsa de sua pátria e ninguém se pronunciar. Uma mostra da nossa inoperância e desorganização enquanto movimento social político, na defesa dos nossos direitos.


Outro fato que eu gostava de dizer em conversas e discussões sobre o assunto, parafraseando Machado de Assis era que uma grande maioria, aqueles que estão sempre perto do poder, independente de quem esteja no mando, o que importa é sombra que o manto público proporciona, foram dormir ideologicamente monarquistas e acordaram ideologicamente republicanos desde sempre e para concluir fico com a frase do Capitão Feliciano do Espírito Santo (bisavô do ex presidente Fernando Henrique Cardoso) Vocês fizeram a República que não serviu para nada. Aqui agora, como antes continuam mandando os Caiado”.


Está de parabéns Laurentino, por descrever de forma tão bem elaborada esses acontecimentos que foram as raízes da formação e do caráter do povo brasileiro, leitura que transcende o prazeroso, já que tem o condão de aguçar a nossa percepção dos sistemas políticos do país. 

domingo, 8 de julho de 2012

AS ELEIÇÕES DE OUTUBRO PRÓXIMO E O RITUAL DO BEIJA MÃO



O nosso país adquiriu hábitos e costumes da arcaica corte portuguesa que se encontram arraigados ao imaginário coletivo do nosso povo. Nas monarquias europeias era comum o costume do Beija Mão, onde as pessoas procuravam o Monarca em fila para beijar sua mão, agradar, pedir favores ou simplesmente ficar perto do poder. No Brasil o ritual do Beija mão foi introduzido por Dom João VI e permaneceu até o ultimo Imperador D. Pedro II que o aboliu em 1870, após uma de suas viagens a Europa. Era a oportunidade que os brasileiros tinham de vestir sua melhor roupa, de se sentir mais perto da Monarquia e íntimos de quem mandava.


             Machado de Assis no capítulo “O Imperador” do romance “Dom Casmurro” faz alusão ao ritual, mostrando o grau de intimidade que o brasileiro sempre teve com o poder (...) o imperador entrou em casa de Dona Glória! A nossa família saía a recebê-lo, minha mãe era a primeira que lhe beijava a mão.  Com a introdução da República, o simbolismo da prática permaneceu quem dormiu monarquia acordou republicano desde a infância, o que importava acima de tudo era permanecer nas cercanias do poder e agradando quem lá está.


            Com as eleições de outubro próximo, o ritual do Beija Mão, permanece de forma subjetiva, mais arraigada do que nunca na construção coletiva de quem é partícipe do poder. A imprensa propaga as alianças político partidárias que para o bom senso pareceriam estapafúrdias. Não existem ideologias de nenhuma natureza, o que há são os projetos banais do poder pelo poder. E o povo continua a Beijar a Mão da “Monarquia”, como forma de defender tão somente, os seus interesses pessoais. O público é tão somente uma extensão do privado.