sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

PALAVRAS NO VENTO



Meu pai me deu ao mundo  sem ter mais o que me dá
Me ensinou a jogar palavra no vento para ela voar
Dizia: filha palavra tem que saber como usar
Aquilo é que nem remédio cura, mas pode matar


Cuide de pedir licença antes de palavrear ao dono da fala
Que é quem pode transformar o que você diz em flecha que chispa no ar
Quando o tempo for de guerra e você for guerrear, use pétalas de rosa se o tempo for de amar. 
Palavra é que nem veneno mata ou pode curar. 



Diga sempre o cuidado que se deve dedicar as forças da natureza: o bicho, a planta, o mar;
Palavra foi feita para se gastar, acaba uma, vem outra que voa no seu lugar.
Palavra é que nem veneno mata ou pode curar.



Ainda ontem lá em casa quando cozia o jantar lembrei da voz do meu pai que o vento trouxe a vagar, dos casos de outras eras que desandava a contar.
Gostava de ouvir sua voz, com mundos a inventar, minha cabeça rodava de tudo que ia contar e ainda hoje, quando para me sustentar, palavras no vento eu continuo a jogar.




Nenhum comentário:

Postar um comentário