Li e reli
Ana Karenina de Liev Tostói a algum tempo. Tenho uma edição da editora Cosac e
Naif com tradução direto do Russo. Quando gosto de um livro, sempre faço isso,
recorro a ele como a um bom amigo para ler de novo e ser feliz mais uma vez.
Trata-se de uma grande obra, com temas caros a natureza humana como: ciúme, fé,
fidelidade, família, casamento, sociedade, progresso, desejo carnal. Há uma
retratação íntima dos personagens, indo do equilíbrio, até o descontrole
emocional.
Liev Tostói
é um dos principais escritores russos, e autor de uma das principais obras
literárias de todos os tempos: Guerra e Paz, que fala das Guerras Napoleônicas
e traça um perfil da sociedade russa no século 19. De família abastada recebeu
educação formal, ligado a centros de ensino para a classe superior. Ao procurar
a vida no campo, se casa tem nove filhos e acredita que o objetivo da
existência é viver na família e buscar a Deus, seu ideal de felicidade.
Ana
Karenina se passa na Rússia Czarista e tem uma trama centrada na família e nas
suas mais entremeadas relações, o romance começa com uma crise quando Dolly descobre a infidelidade de Oblisky irmão de Ana e esta
é chamada para interceder a seu favor. Ana que mora em São Petersburgo e é
casada com um oficial do governo Karenin, viaja, até Moscou para interceder a
favor do irmao. Dolly e Oblisky se reconciliam não por amor, mas por
comodidade, centrado em leis que regem a sociedade russa.
Quando
chega a Moscou para resolver a crise conjugal do irmão, Anna, conhece um certo
tenente Vronsky que se torna fascinado pelo seu espírito e vitalidade. Oblisky,
encontra seu amigo Levin, dono de terras que destina seu pensamento a
agricultura, este se interessa pela cunhada de Oblisky, Kitty, mas a jovem de
dezoito anos espera um pedido formal de Vronsky, rejeitando as declarações de Oblisky.
Numa noite de um baile Kitty percebe que Vronsky ao dançar com Ana, está
completamente apaixonado por ela, sua desilusão amorosa, se manifesta em
sintomas físicos, vindo esta a se internada pela família numa estação de águas
na Alemanha. Levin a visita, Kitty sugere que ele a proponha casamento
novamente, ele o faz, e os dois começam a planejar o casamento.
De volta a
São Petersburgo, Anna começa a circular em ambientes que favoreçam seu encontro
com Vronsky. O comportamento de ambos atinge o domínio do socialmente
inaceitável e o caso passa a ser rapidamente conhecido de toda a Cidade.
Karenin, marido de Anna, sofre a humilhação pública e a estagnação de uma
carreira. Anna e Vronsky são postos a margem da sociedade, especialmente Anna.
Aqui Tostói aborda a hipocrisia da sociedade russa em que homens e mulheres
viviam casos extra conjugais, em que o homem continuava sendo recebido nos
centros aristocráticos e a mulher é excluída do seu centro de convívio. Anna
representa a crítica mais feroz aos subterfúgios usados pela considerada boa
sociedade russa, por isso, eles a escondem, porque é uma forma de esconder a si
mesmos.
Anna
Karenina é constantemente incluído pelos críticos como um romance psicológico, com
uso constante do monologo interior pelos personagens. Um outro ponto
interessante é a descrição de casamentos sem amor e sem esperança, centrados
apenas, para manter as aparências. O livro como um todo, aponta as forças que o
indivíduo se sustenta para enfrentar os desafios.
É um
romance extremamente crítico aos padrões sociais da época, em que personagens
estão dispostos a viver, amar e buscar o amor centrados apenas em suas verdades
pessoais. Essa obra é um dos grandes clássicos da literatura que são
atemporais, e que nos leva para a inevitável que o que existe de mais
envolvente no mundo, são as relações interpessoais, dentro do mundo que
criamos, escolhemos, ou somos obrigados a viver.
Romance de
lugar destacado em minha estante, merece ser lido, e tido como um dos melhores
livros já produzidos pelo gênio da humanidade.