Estive pensando e vi que a formação da minha iconografia visual foi como a maioria dos
brasileiros, influenciada pelas imagens de Jean Baptiste Debret (1768-1848) ele é
conhecido como um dos mais importantes artistas europeus que estiveram aqui no
século XIX, na chamada Missão Francesa.
Sua produção é composta de farto material visual e textual que realizou sobre o
Brasil da época. O interessante é que como ele é conhecido do público não sendo
sua produção é utilizada como fonte visual para carros alegóricos de
carnaval, capas de discos, aberturas de novelas, estampas variadas de objetos
do cotidiano entre outras.
Viveu quinze anos no Brasil ao
chegar em 1816 ele esperava realizar muitas pinturas históricas para d. João do
mesmo modo que tinha feito na França para Napoleão, mas o único quadro
histórico que a família real encomendou foi o quadro de D. Pedro I. Gosto de
sua obra porque no tempo em que esteve aqui se interessou em retratar imagens
do cotidiano do Rio de Janeiro o que significava, em grande parte, retratar os
escravos que representavam a grande maioria da população da cidade.
Seus registros mostram as escravas
vendedoras, os cariocas no carnaval, os castigos impostos aos escravos,
senhores da elite, índios mestiços, tudo que estava ao seu alcance na nascente
sociedade brasileira. Embora sua visão seja de estranhamento eurocêntrico com a
cultura brasileira sua importância para as artes e a historiografia nacional é
notável, seu trabalho retratou o Brasil por meio de sua beleza exótica, sua
história natural, e por representações minuciosas da cultura, e dos costumes do
povo brasileiro.
Não posso no entanto, deixar de
dizer que sua iconografia foi manipulada para estabelecer relações
preconceituosas com os núcleos indígenas e afro brasileiros contribuindo para o
fortalecimento do mito das três raças que vê a sociedade brasileira como um
todo homogêneo mestiço e coeso.