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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

TEMPOS POLITICAMENTE CORRETOS



            Estive pensando e vi que vivemos tempos politicamente corretos, se você se comportar de acordo com os seus valores e convicções sem ligar para regras e modismos da sociedade, você pode ser rotulado como uma pessoa politicamente incorreta, essa balança de atributos morais que muda de tempos em tempos entre as sociedades e culturas patrulha todos os tipos de comunicação, nem o literário Monteiro Lobato escapou de ser chamado de racista com a obra, Caçadas de Pedrinho publicada no século XX. Na música talvez a clássica Cabeleira do Zezé seria hoje considerada um hino homofóbico.



            O politicamente correto tem origem nos Estados Unidos num momento em que as pessoas tinham que ampliar a Educação doméstica. É a convivência com grupos que não se conviviam antes e tinham que aprender a evitar piadas de mau gosto como determinadas coisas que os homens só falam entre si quando não têm mulher por perto. Acho que até certo ponto faz sentido, a minha crítica é que ele se transformou tanto na mídia, como na imprensa ou no mundo acadêmico como um jogo de poder de certos grupos para na verdade, atrapalhar as outras pessoas e lançar a pecha de reacionário, o que acaba barateando o debate. Hoje todo mundo se ofende com tudo e o empobrecimento me parece, é sempre indicativo de censura.



            O politicamente correto se alimenta do medo de ser processado, hoje todas as palavras devem ser medidas e pensadas, antes de ser dito. O excesso também é prejudicial como as pessoas que se comportam de forma politicamente incorreta todo o tempo, porque rotulam os grupos e as pessoas como se isso fosse possível. Uma coisa tenho por certo, esse debate têm que ser feito de forma cuidadosa, para não ser usado por oportunismos ou mesmo ideologias de direita ou esquerda, mas com cuidado e ponderação. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

ESTOU CANSADA DE NOTÍCIAS



            Paul Valery, o filósofo francês confessou que as notícias o entediavam, dita no contexto entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, parecia que os acontecimentos causariam qualquer coisa, menos tédio. Já é estranho que as coisas aconteçam ler sobre elas é mais maçante ainda. Esses dias em que estou sem atividade profissional, tenho sido bombardeada por uma avalanche de notícias, mas afinal de contas se a vida é o que acontece quando não se está prestando atenção, o ideal seria que ninguém nos chamasse atenção para que está acontecendo afinal se poderia viver melhor.



            Já vivi uma época de minha vida que radicalizei, não queria mais ouvir, ler ou ver notícias, me informaria o mínimo possível sobre o mundo. Mais que uma benção a ignorância pode ser uma forma de saúde, e a omissão um tipo de ecologia. No mundo em que vivemos, com a velocidade das informações, já sabemos seja como for muito.



            2014 promete ser um ano que já nasce a expectativa de uma copa do mundo, prossegue a tediosa sombra da explicação sobre as eleições e desfia sua sucessão maçante de eventos, vernissages, violências, novas novelas e escândalos políticos. Penso que a informação se encontra as voltas com uma aura de fetichismo desmensurado em informar ilimitadamente.



            Fico pensando que em 2014, vai ser difícil não acordar e ser noticiado pela preparação dos jogadores, treinos secretos e expectativas de substituições. Vamos está atualizados minuto a minuto com o resultado dos jogos. E as eleições? Ah essas vêm revestidas de um sabor singular, por serem nacionais virão com elementos de tragédia ou farsa onde recorrem a reações delicadas como: a vingança, o insulto, o despautério, a desforra. Reações comuns a esses dois grandes acontecimentos.



            A imprensa parece não está interessada em frear a suas obsessão pelos detalhes, o único problema é que num romance são saborosos, na vida pública cansativos. A quantidade de informações é tanta que sufoca, é bom indo nos preparando porque 2014 é um ano que promete. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

SOBRE CULTURA E FUTEBOL



            Das muitas ideias sobre o que seja cultura, quero me restringir a duas. A ideia de que seria uma espécie de passaporte aristocrático: tanto a cultura como os pequenos gestos de solidariedade de ampla divulgação podem servir para levar o nome, e os próprios produtos culturais a se tornam mercadorias. Outro sentido é o de elemento que permeia as relações humanas: na produção, no consumo e na distribuição dos meios de viver, nas relações de poder e dominação, usufruto e prazer. São os modos e ritos de nascer e reproduzir, do amor e da morte.


            Se cultura é o que dá significado as relações sociais, depois das polêmicas políticas em torno do acontecimento da Copa do Mundo no Brasil, fiquei pensando, por que não celebramos o futebol, injustiçado fenômeno cultural desdenhado pela chamada alta cultura? Afinal é um espetáculo que paralisa cidades e até países inteiros. O teatro grego, que hoje assistimos que respeitoso silêncio em sua formação era exibido entre vaias e aplausos. Vejo algo em comum entre os dois, afinal ambos despertam paixões e intermediam o prosaico humano e divino.


            Não entendo bem as regras de futebol, não assisto a jogos nem sei quem está ganhando os campeonatos, mas uma coisa tenho por certa, trata-se de uma arte imperfeita, afinal é executada com os pés. É inexorável o erro humano e o que considero curioso no futebol, é que ninguém estranha o 0 x 0 e uma única partida é capaz de formar contradições como as grandes questões ontológicas. As contendas entre os autores gregos também eram permeadas de paixões.


            Passeando pelas redes sociais da internet em dia das grandes partidas, vendo comentários dos torcedores fico pensando, como a vida o futebol não é justo e ao que parece os bons nem sempre vencem. A sorte compete e colabora com o mérito, qualquer gol é válido, do mais magistral ao mais canhestro. A mimese futebolística alcança a pós modernidade, qualquer vídeo da Copa do Mundo de 1986, dá para ver o Deus Maradona vingando sua nação da humilhação das Maldivas marcando gol contra a Inglaterra, os argentinos enlouquecidos o veneram até hoje.


            O mundo em que vivemos somos acossados por todos os meios de apelo para que sejamos ricos, belos, magros, com função sexual permanente, antideprimidos. Mas o inevitável é que a melancolia se apresenta e a arte do futebol se impõem como crítica, como política enfim. Um novo ano começa então vou vestir minha camisa, inflar minhas paixões e acompanhar o mundial, afinal, futebol também é cultura.