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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

JULIETTE GRÉCO SOB O CÉU DE PARIS


            Ouvir Juliette Gréco (1927) é uma experiência no mínimo diferente, na Paris do pós guerra ela tornou-se um ícone. Viveu todas as agruras dos seu tempo: a ocupação alemã, a privação de alimentos, interrogatórios nazistas, prisão aos 16 anos, mãe e irmã em campos de concentração. Com o fim da guerra era hora de se divertir e o tempo era de pensar sobre o sentido da vida e da existência com o movimento filosófico Existencialista do qual ela foi conduzida a categoria de musa, reunidos em torno dos filósofos Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir.


            Mulher insubmissa conquistou o público com sua maneira peculiar de cantar, quase falando e interpretando as palavras. Reza a lenda que o próprio Sartre a influenciou a cantar, carreira que deu tão certo que suplantou a de atriz. Ouvi-la é a certeza de se está sendo transportado para uma época em que Boris Vian dava as cartas na literatura. Recentemente aos 87 anos montou um show em homenagem a Jacques Brel o grande compositor das chansons francesas mostrando que o gênero continua vivo.


            Resolvi postar um vídeo belíssimo de uma simples e belíssima canção sobre Paris (parece que as canções belas são sempre as mais simples). Foi escrita em 1951 por Jean Dréjac tendo sido gravada por muitos intérpretes, dentre eles Piaf. Sobre o vídeo eu diria que vivemos num tempo em que a tecnológia se sobressai ao real talento de muitos artistas. Gréco diz com um jeito de lábios, movimentos de mãos, um princípio de sorriso e fugaz brilho no olhar, juntamente com a simplicidade em dizer as palavras e a forma de cantar, que passa toda a mensagem daquilo que a música quer nos dizer.


            Fico com as palavras de uma entrevista que Gréco deu em agosto último para a imprensa brasileira sobre o seu show em homenagem a Jacques Brel. Sobre os tempos atuais: “o ideal de progresso, o ideal de amor ao outro, o ideal de que os humanos um dia possam se olhar e se escutar. Agora nós estamos regredindo. Não há mais confiança e isso me amedronta. É uma época de desconfiança de ficar voltado para dentro de si. Não é uma época de generosidade. Isso não é a vida”.