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quarta-feira, 5 de março de 2014

A MODERNIDADE DA REVISTA O CRUZEIRO.


            Quando começou a circular em 1928 a revista O Cruzeiro já se auto qualificava como um veículo moderno, que trazia com o seu nascimento o anúncio de um novo mundo de arranha céus. O interessante é que no dia do seu lançamento a publicação atingiu simultaneamente todas as capitais do Brasil, o que lhe garantiu o pioneirismo em termos de abrangência nacional. A ideia inicial foi do jornalista português Carlos Malheiro que por dificuldades financeiras, vendeu o título a Assis Chateaubriand (1892-1968) empresário e jornalista. A época ele já possuía alguns jornais e a nova revista contribuiu para o seu conjunto de veículos.


            Em pouco tempo se transformou em um título de grande destaque no mercado editorial brasileiro, encontrando um sucesso de público que se estenderia por décadas até sua última edição em 1974. A revista possuía independência para definir a pauta e os procedimentos internos. Porém como os outros veículos do Diários Associados, estava sujeita a acatar as vontades e os interesses de seu proprietário. Sendo usada como ferramenta de pressão política e ideológica. Era vitrine e meio privilegiado para divulgação de notícias, assuntos variados e campanhas de interesse nacional.


            O Cruzeiro marcou época na história do jornalismo brasileiro ao incorporar a reportagem investigativa e o modelo de fotojornalismo. A fotografia substituiu a ilustração trazendo para as matérias mais impacto visual. A revista era a aproximação da jovem República com o  que se convencionou chamar de civilização ocidental, positivista e tecnocrática, um flerte com as ideias de Modernidade, modernismo e vanguarda. A revista buscou por enaltecer traços que ajudassem na representação do país como nação moderna e democrática.




            O Cruzeiro apresentava matérias jornalísticas sobre temas nacionais e estrangeiros, textos primorosos bem diagramados, apresentando boas fotos e ilustrações. Sua receita pode ser decifrada como uma resenha do noticiário semanal nacional e internacional com muito material fotográfico, literatura, reportagens sobre locais exóticos e quase desconhecidos da flora e fauna nacionais, colunas que abordavam um grande espectro de assuntos.


            Tais características fizeram O Cruzeiro se firmar como a grande revista de penetração nacional em poucos meses após seu lançamento. Muitos leitores se dirigiam à redação da revista na tentativa de encontrar o exemplar que não haviam conseguido comprar nas bancas. O Cruzeiro circulava em todas as classes sociais; tinha como público fiel mulheres e homens, idosos e adolescentes, moradores de grandes e de pequenas cidades, circulavam do Sul ao Norte do país, como desejou “Chatô”, ao projetar a revista.


            Eram destaques na revista as colunas O Amigo da Onça e a seção Garotas coluna de ilustração impressa em cores sobre as jovens modernas e breves textos de ironia e humor. Carmen Miranda era campeã de capas nos anos1940 e Getúlio Vargas figura frequente.  Tinha em seu quadro nomes como: Millôr Fernandes, Ziraldo, Raquel de Queiroz, Anita Mafalti entre outros. E foram eles que construíram um outro patamar sobre a imprensa nacional. Desconsiderando as questões ideológicas, O Cruzeiro inaugurou um outro estilo mais maduro e profissional, com grandes reportagens que fizeram história com iniciação no candomblé, índios, misseis, personagens políticos, extra terrestres, sobre tudo que pudesse ver e ser visto.


            O Cruzeiro trouxe incontestável contribuição para os estereótipos, arquétipos e modelos que temos do Brasil em seus aspectos visuais, culturais, sociais, econômicos e políticos do que seja a nação brasileira e sua chamada modernidade.