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sábado, 5 de abril de 2014

A MERCADORIA ESCANCARADA


            Sempre me pareceu sem sentido a frase “coca cola é isso aí”. Mas me dou conta que minha instrução não abarca a sabedoria do lucro. Aliás é interessante como a sequência de palavras de ordem dessa mercadoria símbolo acompanha os tempos. Começa com um simples “Beba Coca Cola”, que vai de 1886 a 1892, e continua com uma série de orientações a cerca do valor do produto. Em 1900 é o “tônico cerebral ideal”. Ano após anos segue os apelos baseados nos alegados encantos, refrescante, delicioso, revigorante, até que em 1982 vem a revelação “coca cola é isso aí”.



            Acompanhando a maré vitoriosa da economia de mercado e as previsões do fim da história, o produto se torna bíblico e sua apresentação revela uma pujante pretensão ufanista. É o absoluto a mercadoria não se envergonha mais do seu caráter. Seu fetiche se tornou desnecessário. A etiqueta não habita somente o interior da bolsa o verso da camiseta. Sua natureza se espalhou por toda a superfície visível, a mercadoria é um valor em si.




            De todos os apelos de produtos essa é a frase que fica em minha memória. Sua devastadora força marca a rendição das utopias. Talvez não tenha do que me queixar afinal, a coca cola vai orientando meu caminho, já que a inefável entidade divina e o misterioso cotidiano necessitam de uma figuração. Sabemos escrever nossa história a somente 4 mil anos, então como viver sem bezerros de ouro?