sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O COTIDIANO DE MICHEL MASSEFOLI (SEGUNDA PARTE).




            O rompimento com o paradigma da horizontalidade tradicional modernista, mostra a contestação em diversos pontos: a educação em seus fundamentos tradicional, a inutilidade da intelectualidade, o insucesso dos partidos políticos e o surgimento de estruturas espontâneas que contestam o monopólio sindical. Hoje há suspeição, mesmo dentro das estruturas midiáticas, os jornalistas podem ser vistos como os dinossauros da modernidade.


            Massefoli assinala que a morte do poder é um claro indício do reviver as potencialidades vitais que vêm de baixo. Vivemos num curso de superação da racionalidade cotidiana e isso pode ser visto, na volta das mais diversas formas de misticismo. O paganismo da deep ecology, o sucesso do candomblé brasileiro, os cultos de possessão de diversos tipos, mostram a importância inegável desses fenômenos.



            O cotidiano pós moderno é formado pela volta ao paganismo, que aproveita a realidade momentânea para o que ela tem de bom ou de mal. Isso é notável nas práticas das jovens gerações com fortes conotações pagãs como: grupos musicais, afinidades sexuais e exacerbação tribais como: piercing e tatuagens.


            A religiosidade da pós modernidade é o espírito do tempo, com a volta ao ideal comunitário. É o fim de um ciclo de solidariedade mecânica (racional e abstrata) para uma solidariedade orgânica, vinda de baixo que retoma formas arcaicas e tribais, onde se privilegiam sentimentos de pertencimento e emoções vividas em comum. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O COTIDIANO PÓS MODERNO DE MICHEL MAFFESOLI.




Esses dias assisti uma conferência com o professor Michel Massefoli da Sorbonne, Universidade de Paris, França. O professor é titular da cadeira de Sociologia que pertenceu a Émile Durkheim. Interessei-me sobremodo, pelo seu estudo sobre a pós-modernidade. Na leitura que estou fazendo sobre a obra O Tempo Retorna, retirei algumas impressões, que imagino serem importantes de compartilhamento.


Massefoli propõe uma volta as formas elementares de Durkheim que considerava serem as marcas indeléveis de uma determinada época. Com a retomada dessas formas, poderemos entender o nosso cotidiano pós moderno que se coloca para além do exacerbamento racionalista que marcou a modernidade iluminista. É preciso analisar o cotidiano a partir do ponto de vista da vida a fonte diária de transformações e renovações do dinamismo existencial.


O ressurgimento da vida cotidiana é a primeira característica da pós modernidade. Embora continuemos influenciados pela exploração econômica, moral, simbólica e ideológica. O conhecimento íntimo do mundo vivido não é uma propriedade de alguns, ou de qualquer ideia institucionalizada, mas um feito de todos os membros da comunidade.


A revolução que vivemos da vida cotidiana, nos leva a pensar numa cultura feita de elementos simples que prescindem do providencialismo agostiniano, iluminista, hegeliano ou marxista. Essa superação do providencialismo marca a substituição do paradigma vertical para o horizontal que é a base comum de todo os fenômenos contemporâneos.


Os fatos relevantes do mundo cotidiano possuem base no copertencimento como assinala as redes sociais e as buscas a uma religiosidade pagã, rompendo as tradicionais hierarquias verticais e com as religiões monoteístas. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O HOMEM E A CULTURA.





Esses dias ensaiei uma volta as ciências Sociais e isso me trouxe uma imensa satisfação, primeiro porque foi isso que eu sempre quis fazer da vida, estudar e discutir elementos que explicassem a sociedade. Nessas indagações pensei nas tentativas de localizar o homem no conjunto dos seus costumes, penso que o homem é formado por um conjunto de níveis cada um deles entrecortado com os inferiores e reforçando os que estão acima dele. Essa formação é composta por fatores biológicos, anatômicos, fisiológicos, neurológicos que forma todo o edifício da vida humana.


A noção do que seja a essência humana é revelada mais claramente nos aspectos da cultura que são universais como: religião, casamento, propriedade ou noção da vida eterna. O que seja humano não é tão claro naquilo que é típico de um povo em particular, pois cada um considera como sendo o ideal seus usos e costumes culturais.



A cultura é o conjunto de mecanismos de controle- planos, receitas, regras, instruções que governam o comportamento humano. Isso se expressa através do pensamento humano que é tanto social como público. A cultura não é somente aquilo que nos diferencia enquanto seres pertencentes a grupos sociais específicos, mas aquilo que nos controla, que dita as normas da vida humana, isso indica que não existe natureza humana independente de cultura. 



domingo, 23 de setembro de 2012

SOBRE MÚSICA E COMPOSIÇÕES FEMININAS.





            Há tempos que não saia de casa, ontem resolvi ir ao teatro para ver o show da Leila Pinheiro, fiquei imaginado que ela iria cantar aquelas músicas que adoro da Bossa Nova, mas não foi isso que aconteceu. O show era uma homenagem às mulheres, com músicas de compositoras femininas, intercalada com trechos da poesia de Adélia Prado, num lapso cronológico em sua grande maioria bem contemporâneo. Mas uma vez não me enganei com a postura da artista, simpática, educada, respeitosa e elegante como todas as pessoas devem ser.


            Fico imaginando esse meu jeito de não ter muita fascinação pelo novo e por esse motivo, não consegui me sintonizar bem com o espetáculo. Penso que sou daquelas pessoas que acha que tudo que está relacionado ao passado tem um gosto melhor. O ponto alto da noite foi a abertura com a interpretação da música Lua Branca da maestrina Chiquinha Gonzaga, precursora de todas as cantoras brasileiras e uma valsa de composição da própria Leila Pinheiro, segundo ela imaginada a partir da obra do mestre Nelson Rodrigues.


            Ver o espetáculo, senti-lo, não tem preço e por isso, a noite já valeu a pena.